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Letra de Câmbio brilha entre investimentos de renda fixa

Letras de Câmbio são boa alternativa para quem busca retornos mais agressivos na renda fixa; conheça os riscos e outros detalhes sobre o investimento


	Destaque: Letras de Câmbio oferecem remunerações superiores à média da renda fixa
 (Thinkstock/Mike_Kiev)

Destaque: Letras de Câmbio oferecem remunerações superiores à média da renda fixa (Thinkstock/Mike_Kiev)

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Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2016 às 09h11.

São Paulo – As Letras de Câmbio (LCs) são um dos investimentos de renda fixa mais rentáveis do mercado hoje, superando os resultados de aplicações como o Tesouro Direto, fundos de investimentos e títulos bancários, como CDBs, LCIs e LCAs. Com remunerações que passam de 120% do CDI, o investimento tem atraído investidores que aceitam correr um pouco mais de risco em busca de maior rentabilidade.

As Letras de Câmbio são muito similares aos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), sendo que a principal diferença entre os dois títulos é que as LCs são emitidas por financeiras e os CDBs por bancos. Justamente por isso, as LCs são conhecidas como os CDBs das financeiras.

Assim como o CDB, a LC é emitida pela instituição para que ela capte recursos em uma ponta e realize empréstimos em outra. Enquanto os CDBs podem ser emitidos sem que os bancos precisem realizar operações que sirvam como garantia do título (lastro), no caso das LCs as financeiras só podem emitir os títulos caso possuam empréstimos em volumes correspondentes que sirvam como lastro.

Mas, por que exatamente elas são chamadas de Letras de Câmbio? "Não existe nenhuma relação entre as Letras de Câmbio e as operações de câmbio. Elas foram nomeadas dessa forma há muito tempo, mas no sentido de troca e não de câmbio de moedas", explica Amerson Magalhães, diretor da Easynvest.

Veja as diferenças entre as LCs, LCIs, LCAs e os CDBs.

Riscos 

Ainda que as remunerações das LCs sejam atrativas (veja ao final da matéria as taxas que elas pagam hoje), como diz o ditado: não existe almoço grátis. Por trás dos maiores rendimentos, está o maior risco de crédito que esses títulos apresentam, já que as financeiras têm mais chances de desonrar o pagamento do que um banco grande, por exemplo.

“As financeiras costumam ter um foco de atuação principal, como o financiamento de casas, de ônibus, caminhões, etc. Então, como a carteira de crédito delas é concentrada em apenas um tipo de operação, seu risco costuma ser maior do que o dos bancos, que têm atividades mais diversificadas”, afirma Bruno Saads, analista de Renda Fixa da XP Investimentos.

Esse risco, no entanto, praticamente se anula para quem não aplica volumes de recursos elevados. As LCs contam com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que em caso de quebra da instituição reembolsa ao investidor o seu prejuízo até o limite de 250 mil reais (limite válido por CPF e por instituição).

O único porém da garantia do FGC é que, em uma eventual falência do banco, o reembolso pode sair apenas depois de alguns meses. Assim, o investidor pode ficar com seus recursos imobilizados e ter um alto custo de oportunidade, que seria o custo de deixar de ganhar dinheiro em outros investimentos.

Outro risco associado às Letras de Câmbio é o risco de liquidez, que é o risco que o investidor corre de não poder resgatar o dinheiro aplicado antes do vencimento. “Se a LC tiver um prazo de quatro anos e acontecer alguma tragédia na família, o investidor pode ter prejuízo ao tentar vender esse ativo no mercado secundário antes do prazo”, afirma Saad.

Como os CDBs são emitidos em maior quantidade e têm menos risco, eles costumam ser negociados com maior facilidade do que as LCs no mercado secundário, diz o analista da XP. 

Vale lembrar que, enquanto o mercado primário compreende o lançamento de novos títulos no mercado por um banco, por exemplo, no mercado secundário ocorre a troca de propriedade de títulos entre investidores. Portanto, a venda da LC dependerá do interesse de investidores no mercado secundário.

Retornos

Como contrapartida dos maiores riscos, as LCs pagam remunerações mais atrativas. “O fato de ser emitida por uma financeira já explica por que a LC acaba pagando mais. Além de ter maior dificuldade de captação, quando comparada a um banco, normalmente a financeira tem maior risco, por isso ela acaba oferecendo taxas mais altas para atrair mais investidores”, afirma Amerson Magalhães, da Easynvest.

Bruno Saads, da XP, afirma que, enquanto as LCs chegam a oferecer taxas de 125% a 130% do CDI para prazos superiores a quatro anos, os CDBs vendidos hoje no mercado pagam taxas de cerca de 120% a 123% do CDI para esse mesmo prazo. Já se o prazo for de um ano, é possível encontrar LCs com taxas de 115% a 117% do CDI e CDBs com taxas de 111% a 113% do CDI.

Por oferecer taxas maiores e também contar com a garantia do FGC,  o diretor da Easynvest não vê motivos para investidores optarem por CDBs, LCIs e LCAs em detrimento das LCs. “Se o investidor tem 50 mil reais e existem tanto CDBs, LCIs e LCAs quanto LCs com o mesmo prazo não faz sentido distribuir os recursos entre diferentes títulos se a LC paga uma taxa maior”, afirma Magalhães.

Ele argumenta que, por mais que CDBs, LCIs e LCAs sejam emitidos por bancos e as LCs por financeiras, como todos os títulos contam com a garantia do FGC, é como se o risco deles se igualasse.

Assim sendo, para escolher o melhor título, Magalhães recomenda que o investidor observe quais deles oferecem um prazo adequado para o seu objetivo e possuem aportes mínimos que ele consegue arcar. Colocados esses filtros, então a escolha se baseará na taxa: o título que naquele momento oferecer a maior remuneração é o título que deve ser escolhido.

Ao comparar as taxas, é importante lembrar que, enquanto as LCs e os CDBs sofrem desconto de imposto de renda (IR), as LCIs e LCAs são isentas. Portanto, as taxas brutas de CDBs e LCs, via de regra, serão maiores, mas para comparar qual dos quatro títulos é o melhor o investidor deve considerar a rentabilidade líquida de cada um deles, isto é, descontado o imposto.

As LCs, assim como os CDBs e a maior parte dos investimentos de renda fixa, são tributados pela tabela regressiva do IR, segundo a qual aplicações feitas em até 180 dias são tributadas à alíquota de 22,5%; de 181 dias a 360 dias o imposto cai para 20%; de 361 a 720 dias vai para 17,5%; e acima de 721 dias é aplicada a menor alíquota, de 15%.

Portanto, quanto maior o prazo do investimento, menor será o desconto do IR e maior será a rentabilidade líquida.

E em comparação ao Tesouro Direto?

O Tesouro Direto também é uma opção de investimento muito recomendada na renda fixa para quem busca segurança e rentabilidade superior à poupança. No entanto, as taxas pagas no Tesouro ainda ficam abaixo das obtidas em alguns títulos emitidos por bancos e financeiras.

O Tesouro Selic, por exemplo, que é o título mais conservador do Tesouro Direto, paga ao investidor sempre a variação da taxa Selic. Já as LCs, assim como CDBs, LCIs e LCAs pagam normalmente um percentual da taxa DI, também chamada de CDI, que é a taxa média praticada nos Certificados de Depósito Interbancário (CDIs), títulos semelhantes ao CDBs, mas negociados apenas entre instituições financeiras.

Como a taxa Selic fica muito próxima ao CDI, se os títulos bancários e as LCs têm oferecido taxas superiores a 100% do CDI, é possível dizer que o Tesouro Selic, que paga sempre 100% da taxa básica de juros tem oferecido uma remuneração menos vantajosa.

Além desse tipo de remuneração pós-fixada - atrelada ao CDI ou à taxa Selic -, tanto o Tesouro Direto, quanto os outros títulos privados, podem ter remuneração prefixada, na qual a taxa de juro paga pela aplicação é conhecida no momento da compra.

A remuneração prefixada, contudo, pode ser mais arriscada, já que a taxa paga é a mesma até o vencimento do título. Assim, se a taxa Selic subir, enquanto os investimentos pós-fixados acompanham essas flutuações, os títulos prefixados ficam travados na taxa definida inicialmente. 

Aportes mínimos

Os investimentos mínimos exigidos pelas Letras de Câmbio costumam ser superiores aos de CDBs e outros investimentos do mercado, como o Tesouro Direto, que permite investir com apenas 30 reais.

Bruno Saads, da XP, afirma que os aportes mínimos das LCs costumam variar entre 10 mil e 30 mil reais, enquanto os CDBs normalmente exigem investimentos de 5 mil reais, ou até menos.

Ainda que o valor seja alto para alguém que está acostumado a investir na poupança, que permite investir com menos de 1 real, o aporte inicial ainda é menor do que o exigido, por exemplo, por CDBs de bancos grandes, que chegam a ter aportes mínimos de 50 mil reais e até 100 mil reais.

Onde investir?

As LCs são emitidas por financeiras, mas o jeito mais fácil e menos arriscado de comprar os títulos não é diretamente com as próprias instituições emissoras. Corretoras independentes, como é o caso da XP e da Easynvest, possuem uma prateleira de títulos que facilitam a comparação entre as LCs emitidas por diferentes financeiras e também permitem comparar os prazos e taxas das LCs e de outros investimentos.

Além de oferecer diferentes títulos em um só lugar, as corretoras fazem uma pré-seleção das LCs negociadas. Assim, elas avaliam os riscos das financeiras antes de disponibilizar seus títulos aos clientes.

Para saber se o investimento por meio de uma determinada corretora é seguro, o investidor pode checar se ela conta com o selo Cetip Certifica. Ele indica que a corretora em questão registra e identifica em nome do investidor todas as operações de compra de títulos de renda fixa. O selo também as obriga a enviar aos clientes um extrato que comprova suas posições.

Além de garantir que o investimento está registrado em seu nome, o selo também agiliza eventuais reembolsos pagos pelo FGC em caso de quebra do banco emissor do título, já que ele facilita a identificação do investidor pelo fundo garantidor (conheça melhor o selo Cetip Certifica).

Rentabilidades

As taxas pagas pelas LCs vão depender do emissor, dos prazos e do aporte mínimo exigido. Quanto maior o prazo, maior o retorno e, via de regra, quanto maior o investimento exigido maior a remuneração.

A taxa também varia de acordo com o risco do emissor, sendo que quanto mais arriscado ele for, maior será a remuneração paga. No entanto, as taxas são definidas conforme a necessidade da financeira naquele momento. Portanto, mesmo com menor risco, uma financeira pode oferecer taxas mais atrativas para captar um volume de recursos maior que suas concorrentes.

Veja, nas tabelas a seguir, as taxas pagas por algumas das LCs vendidas na XP Investimentos e na Easynvest.

XP Investimentos

Produto Investimento mínimo Prazo Retorno da aplicação Retorno líquido ao final do prazo considerando CDI de 14,25% ao ano
Letras de Câmbio Brickell R$ 30 mil 180 dias 108% do CDI 5,96%
Letras de Câmbio da Agiplan R$ 50 mil 1 ano 114% do CDI 13,52%
Letra de câmbio da Caruana R$ 30 mil 2 anos 119% do CDI 31,67%
Letra de câmbio da Caruana R$ 30 mil 4 anos 129% do CDI 83,84%

Fonte: XP Investimentos

Easynvest

Produto Investimento mínimo Prazo Retorno da aplicação Retorno líquido ao final do prazo considerando CDI de 14,25% ao ano
LC da Brickell R$ 50 mil 180 dias 110,0% do CDI 6,08%
Agiplan Financeira CFI R$ 15 mil 1 ano 112,00 % do CDI 13,27%
LC da Socinal Financeira R$ 10 mil 2 anos 115,0% do CDI 30,45%
LC da Socinal Financeira R$ 10 mil 3 anos 118,0% do CDI 51,15%

Fonte: Easynvest

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