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Cartão toma lugar de cheque especial como modalidade de crédito mais cara

Taxa do cheque especial encerrou dezembro em 302,5%. Já a do cartão de crédito subiu para 318,9%

Dinheiro: os juros do cartão de crédito na modalidade rotativa cresceram (Erlon Silva - TRI Digital/Getty Images)

Dinheiro: os juros do cartão de crédito na modalidade rotativa cresceram (Erlon Silva - TRI Digital/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 11h01.

Última atualização em 29 de janeiro de 2020 às 13h32.

Brasília  — Os juros cobrados no rotativo do cartão de crédito para as pessoas físicas tiveram um salto de 33,5 pontos percentuais em 2019, a uma taxa média de 318,9% ao ano, tomando assim o lugar do cheque especial como modalidade de crédito mais cara do Brasil.

O rotativo inclui saques na função crédito e operações de financiamento no cartão, com ou sem o pagamento mínimo.

Isso ocorreu apesar de a inadimplência no rotativo do cartão ter subido pouco --e menos do que no cheque especial. Segundo dados publicados nesta quarta-feira pelo Banco Central, essa taxa de não pagamento teve alta de 1,4 ponto em 2019 para o rotativo do cartão de crédito e 2,1 pontos no cheque especial.

O movimento também se deu a despeito da diminuição do custo de captação para os bancos, em meio à queda de 2 pontos na Selic no ano passado, que levou a taxa básica de juros à mínima histórica de 4,5%.

Enquanto isso, os juros médios no cheque especial  — que em 2018 foi a modalidade de crédito com maior custo no país — caíram 10,1 pontos em 2019, a 302,5% ao ano.

Questionado sobre a razão para o aumento no rotativo do cartão de crédito, considerando medidas tomadas pelo BC desde 2017 para justamente barateá-lo, o chefe adjunto do departamento de Estatísticas do BC, Renato Baldini, ponderou que o produto "é algo complexo, envolve muitas coisas, várias transações em diversos formatos".

"Ao que parece, as instituições financeiras a partir da regulação (do BC) adotaram políticas variadas ali de definição de taxas de juros", afirmou ele.

"(O aumento dos juros no rotativo) não tem relação com a política monetária, podemos dizer isso", completou ele, após ser perguntado se esta era então uma decisão das instituições financeiras.

Em abril de 2018, o BC anunciou uma mudança de regras para disciplinar a cobrança de encargos, buscando com isso aproximar as taxas do rotativo regular (quando é pago o valor mínimo da fatura) e do não regular (para quem não arca com este valor), mirando um barateamento nos juros médios cobrados na modalidade. A mudança começou a valer em 1º de junho daquele ano.

A expectativa, com isso, era que a taxa cobrada no rotativo não regular, sobre a qual incidem multa e juros de mora, fosse se aproximar do custo do rotativo regular.

Mas, em vez de a taxa mais cara simplesmente se aproximar da mais barata, em 2019 ambas subiram: 19,1 pontos para o rotativo regular e 41,9 pontos para o rotativo não regular.

Em 2017, a autoridade monetária também havia estabelecido que a cobrança do mínimo do cartão de crédito só poderia ocorrer por um mês, com os bancos necessariamente oferecendo um parcelamento da dívida restante em seguida, submetendo os clientes a taxas mais baratas nesse segundo momento.

Mais cedo neste mês, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que não há estudos para intervir no mercado de cartão de crédito.

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