Enquanto Beyoncé ganha mais com algumas noites no palco do que em um ano de vendas de álbuns, Ed Sheeran prefere ser democrático (Kevin Mazur/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 11 de setembro de 2019 às 05h00.
Última atualização em 11 de setembro de 2019 às 05h00.
Não é sua imaginação: os preços dos ingressos de shows estão nas alturas.
E não apenas para os super-ricos que pagam milhares de dólares para ficar na primeira fila. Fãs com diferentes níveis de poder aquisitivo estão pagando mais para ver seus artistas favoritos.
O preço médio de um ingresso para as 100 turnês mais populares da América do Norte quase quadruplicou nas últimas duas décadas, de US$ 25,81 em 1996 para US$ 91,86 no primeiro semestre deste ano, segundo a consultoria Pollstar. Juntamente com esportes profissionais e shows da Broadway, os preços dos shows ultrapassaram em muito a inflação.
Parte desse aumento foi por necessidade. À medida que a pirataria corroía as vendas de discos, artistas começaram a depender muito dos shows. Estrelas como Beyoncé e Taylor Swift podem ganhar mais com algumas noites no palco do que em um ano de vendas de álbuns. Mas há outro fator. Empresas de ingressos como Ticketmaster e AXS, da AEG, começaram a adotar uma tecnologia que mostrava que os fãs pagavam quase qualquer preço por seus artistas favoritos, especialmente estrelas que só fazem shows esporadicamente.
"Todos subestimamos os ingressos por muitos e muitos anos", disse Joe Killian, que comanda uma empresa de consultoria de mídia e fundou uma série de concertos no Central Park de Nova York.
Basta perguntar a Bex Paul, que viu Pink se apresentar ao vivo 11 vezes este ano, viajando pela Europa para várias cidades da turnê da estrela pop. Nascida em Londres, Paul começou a economizar há cinco anos.
Com 32 anos, Paul se apaixonou por Pink quando adolescente e viu pela primeira vez a cantora, cujo nome verdadeiro é Alecia Beth Moore, em 2002. Quando a turnê "Truth About Love" terminou em 2014, Paul e sua namorada abriram uma conta e começaram a economizar - 100 libras (US$ 122) aqui, 200 libras acolá.
"Não tínhamos ideia de quais seriam os preços dos ingressos", disse.
Resposta: Muito mais altos. Para os fãs de Pink no Reino Unido, os preços subiram mais de 10 vezes desde 2002.
A indústria de música ao vivo teve receita superior a US$ 8 bilhões em 2017 e pode atingir outro recorde em 2019. A Live Nation Entertainment, proprietária da Ticketmaster, elogia sua capacidade de cobrar preços mais altos. A turnê de Pink foi a segunda mais vendida no mundo no primeiro semestre de 2019 e a número 1 na América do Norte, o principal mercado.
Também não são apenas ingressos. Os fãs de música também pagam preços altíssimos por alimentos, bebidas e produtos. O gasto médio individual foi de US$ 20 em 2016 em eventos organizados pela Live Nation, a maior promotora de shows do mundo. Este ano, o valor pode chegar a US$ 29, um aumento de quase 50%.
Na turnê "Beautiful Trauma" de Pink este ano, Paul e a namorada gastaram, em média, US$ 170 em cada por show e um total de US$ 7.300 em viagens, ingressos e comida, esgotando o dinheiro que economizaram.
Nem todo artista adotou a nova filosofia. Ed Sheeran obteve a maior bilheteria de todos os tempos cobrando menos de US$ 100 por ingresso, o que o torna um dos artistas mais baratos das principais turnês. O cantor quer assegurar que seu show seja acessível a todos os fãs.