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Investir no exterior ajuda a diversificar, mas exige cuidados

Cresce a oferta de produtos vendidos no Brasil que incluem ativos estrangeiros na composição, mas demandam nível de conhecimento maior dos investidores

Wall Street (Reuters/Reuters)

Wall Street (Reuters/Reuters)

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Juliana Elias

Publicado em 6 de setembro de 2019 às 05h00.

Última atualização em 2 de março de 2021 às 15h08.

Diversificar é a palavra da vez para quem pensa em investimentos, já que uma nova temporada de cortes na taxa básica de juros do país, a Selic, joga os rendimentos das tradicionais aplicações em renda fixa ainda mais para baixo.

Variar nos tipos de investimentos é o caminho mais intuitivo, como alternar a poupança e o CDB com fundos de investimentos e ações, por exemplo. Mas é possível também diversificar na geografia. Quer dizer, investir em ativos de outros países que não só o Brasil.

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Fazer isso de maneira direta, com a abertura de conta no novo destino e a operação em outras moedas, é, de fato, um caminho complexo e pouco viável para a grande maioria. Mas corretoras e gestoras têm ampliado a oferta de produtos vendidos aqui mesmo, no Brasil, que embutem ações e títulos estrangeiros na composição e facilitam o acesso a qualquer investidor daqui.

Fundos de investimentos e produtos relativamente novos como ETFs e COEs, estão entre as principais opções. Ações de grandes multinacionais como Apple, Disney ou Tiffany, além de títulos públicos e de crédito privado de outros países, são alguns dos papéis que podem aparecer em produtos como esses.

“Investir em outros países é uma maneira de diversificar o risco”, diz Gustavo Aranha, sócio da Geo Capital, gestora de São Paulo especializada em fundos de investimentos no exterior. “Uma pessoa que investe em ativos diferentes, mas todos do mesmo país, não está diversificando o risco, está ainda colocando todos os ovos em uma cesta só.”

“Recomendamos aos nossos clientes que tenham de 3% a 5% de sua carteira em ativos no exterior”, diz o diretor de distribuição da corretora Necton, Rafael Giovani. “Mas são produtos mais voltados àqueles com perfil de moderado a agressivo, ou mesmo conservadores, mas que tenham conhecimento dos mercados. É na falta de conhecimento que está o maior risco.”

Estar por dentro das tendências da economia e das empresas dos outros países é uma das principais barreiras para o investimento no exterior, já que esbarra em percalços como acesso às notícias de fora e idioma.

O câmbio também acrescenta um cuidado extra – “não adianta você comprar uma ação dos Estados Unidos que sobe 5% em um dia, ao mesmo tempo em que o dólar cai 5%”, diz Giovani, da Necton. Com isso em vista, diversos desses fundos possuem opções com proteções que anulam as variações cambiais.

ETF e COE

Os ETFs e os COEs são os produtos mais acessíveis para os investidores médios e pequenos.

Os ETFs são fundos que replicam índices das bolsas de valores. Dos 16 ETFs listados atualmente no Brasil, dois estão ligados ao exterior: o Ishare SP500 (IVVB11) e o It Now SPXI (SPXI11). Ambos replicam o S&P 500, um dos principais índices de ações listadas nas bolsas norte-americanas.

Os ETFs são comercializados na B3 como ações, comprados por meio das corretoras, a partir de valores tão baixos quanto R$ 100. Como seguem o mercado acionário, também oscilam como ele, tendo o risco de trazer tanto ganhos quanto perdas para seus investidores.

Já os COEs, ou Certificados de Operações Estruturadas, são pacotes de ativos que podem ser bem variados, indo desde fundos de renda fixa até as ações estrangeiras. Embora possam ter renda variável na composição, possuem em geral um mecanismo de proteção que impede que o investidor receba de volta menos do que o valor aplicado, mesmo que o rendimento do fundo fique negativo. Os COEs são vendidos nos bancos e corretoras e o investimento inicial costuma variar de 1.000 reais a 5.000 reais.

Fundos de investimento

Outra maneira de ter ativos estrangeiros na carteira sem precisar tirar o dinheiro do Brasil são os fundos de investimentos. O problema é que, pela nossa regulamentação, fundos que tenham a maior parte ou a totalidade do capital aplicado no exterior só podem ser vendidos para o chamado investidor qualificado - aqueles com mais de 1 milhão de reais no mercado financeiro.

Para estes fundos, o investimento inicial exigido costuma ser de 25 mil a 50 mil reais, e as fronteiras já estão bastante expandidas. "Começamos, em 2010, investindo apenas em ações americanas, como Amazon ou Google, mas, com o tempo, fomos variando tanto nas classes de ativos quanto nas regiões", diz Tiago César, especialista em investimento internacional da BNP Paribas Asset Management.

"Hoje temos fundos de investimentos no exterior também com renda fixa, títulos soberanos [emitidos pelos governos], commodities e ativos imobiliários em países da Europa e também em emergentes latinos, asiáticos e do leste europeu."

Para os investidores comuns, há a opção dos fundos multimercado, que são livres para misturar ativos de renda fixa e de renda variável em sua cesta e podem ter até 20% de seu patrimônio investido em outros países.

A grande maioria deles ainda é restrita a papéis do Brasil, mas está crescendo o número dos que apostam uma fatia fora do país. "Os fundos multimercado estão mostrando apetite maior por alocações no exterior, em busca de prêmios maiores que já não são mais tão fáceis de alcançar só no Brasil", disse César, do BNP.

Os fundos multimercado são vendidos nos bancos e corretoras com valores iniciais que podem ir desde 100 reais até 10 mil ou 25 mil reais. Eles precisam definir desde o início em quais tipos de ativos vão investir - como se pretendem aplicar no exterior ou não, e em qual proporção -, e essas informações devem estar acessíveis a todos os interessados.

Como geralmente possuem ações, moedas e renda variável em sua composição, podem ter risco mais alto, e isso também deve ser considerado pelo investidor na hora da compra.

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