Influenciadores digitais são a principal fonte de conhecimento para quem começa a investir, revela pesquisa (Rohappy/Thinkstock)
Bianca Alvarenga
Publicado em 14 de dezembro de 2020 às 18h53.
Última atualização em 14 de dezembro de 2020 às 19h13.
Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 14, pela B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) revelou o perfil e o comportamento dos investidores que ingressaram na bolsa de valores. No último ano, quase 1,5 milhão de novas contas foram abertas na B3, totalizando 3,17 milhões de cadastros no mercado.
O levantamento realizado pela empresa que administra a bolsa de valores mostrou ainda que os recém-chegados buscam as aplicações em renda variável para entender melhor o mercado e trazem uma bagagem de conhecimento adquirido antes da decisão de investimento.
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Mas de onde vem esse conhecimento? A B3 perguntou a 1.300 investidores que ingressaram na bolsa entre abril de 2019 e abril de 2020 quais eram suas principais fontes de informação. A pergunta foi segmentada em três situações: onde o investidor aprendeu a investir, onde ele se informa e em quais recomendações de investimento ele confia.
Nos três cenários, as ferramentas disponíveis na internet são a preferência do investidor.
Todas as perguntas da pesquisa permitiam respostas múltiplas, para captar não só o principal canal de conhecimento mas também as múltiplas fontes de informações disponíveis.
Quando perguntados sobre o primeiro contato com investimentos e onde aprenderam a investir, os entrevistados elegeram principalmente os influenciadores digitais e os youtubers, com 73% das respostas. Em seguida vieram as plataformas online, com 45% das respostas; e, em terceiro lugar, os amigos, apontados por 31% dos entrevistados.
“A turma que está chegando é mais jovem e está vivenciando a mudança digital. É natural que as fontes que falam sobre investimentos na internet sejam o principal canal de contato”, observa Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Pessoas Físicas da B3.
Uma vez já inseridos no mundo dos investimentos, por qual canal os investidores continuam construindo conhecimento? Os influenciadores digitais continuam a ter uma posição importante, com 60% das respostas, mas perdem espaço para as plataformas de internet, que desta vez foram indicados por 73% dos entrevistados.
Chama a atenção a importância dos perfis de bancos e corretoras nas redes sociais e dos grupos de investidores organizados no Whatsapp e em outras plataformas.
Coletar informações de diversas fontes é um caminho recorrente para entender melhor diferentes assuntos. Mas qual dessas opiniões é levada em conta na hora de escolher, de fato, onde aplicar o dinheiro?
Nessa pergunta houve uma divisão mais equilibrada das respostas do investidor. Em primeiro lugar apareceram as plataformas e os sites da internet -- como a EXAME Invest --, citados como fontes relevantes por 35% dos entrevistados. Logo depois, e bem próximo do líder, vieram os influenciadores digitais e os youtubers, com 32%. Em terceiro lugar ficaram os relatórios distribuídos por analistas, com 22%.
Chama a atenção o fato de os gerentes de banco terem sido citados apenas por 2% dos entrevistados. Até poucos anos atrás, antes da disseminação das plataformas abertas das corretoras, os investidores só podiam contar com o gerente para obter orientações sobre as melhores aplicações disponíveis. Agora que o mercado se abriu, os recém-chegados à bolsa parecem ressabiados com a opinião dos profissionais dos grandes bancos.
Paiva, diretor da B3, lembra que em qualquer um dos casos acima é fundamental que o investidor se atente para a confiabilidade da fonte provedora de informação. "Credibilidade e reputação são muito importantes para escolher as opiniões consultadas", afirma.
Ele lembra que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), responsável por fiscalizar o mercado financeiro, tem observado de perto o trabalho de emissores de opiniões sobre investimentos, principalmente os influenciadores digitais e os youtubers. O objetivo é garantir que as meras opiniões não se misturem com as recomendações de aplicações, para que o investidor tenha clareza sobre o conteúdo que está sendo consumido.