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Inflação pessoal: como calcular a perda real do poder de compra

Apesar de maio ter o menor índice do IPCA em 2022, preços preocupam consumidores 

Supermercado: saiba como driblar os efeitos da inflação sobre os hábitos de consumo pessoais (Reprodução/Getty Images)

Supermercado: saiba como driblar os efeitos da inflação sobre os hábitos de consumo pessoais (Reprodução/Getty Images)

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) encerrou o mês de maio em alta de 0,47%. Mas a inflação sentida no bolso dos consumidores pode ser diferente da apresentada pelo índice.

Isso porque os cálculos dos índices de inflação consideram valores médios de itens e serviços em determinados recortes. A pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por exemplo, são realizadas em grandes cidades e regiões metropolitanas, e levam em consideração famílias com 1 a 5 salários mínimos (INPC) e 1 a 40 salários mínimos (IPCA). 

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Portanto, o peso da “inflação pessoal” – como pode ser chamada a inflação sentida individualmente pelo consumidor – pode variar de família para família. Isso porque a região geográfica, a condição financeira e os hábitos de consumo afetam o cálculo. 

"Indicadores como o IPCA ou o INPC devem ser vistos como médias. Ou seja, não podem ser individualizados para cada família, diz Marco Aurélio dos Santos, professor no departamento de Contabilidade, Finanças e Controle da EAESP/FGV.

Como calcular a inflação individual

A inflação pessoal tem que ser medida exatamente de acordo com o que a pessoa consome, diz Cristiano Corrêa, coordenador do curso de administração e professor de finanças do Ibmec.

"Por exemplo, da lista [da cesta básica] que nós temos hoje, posso dizer que pelo menos 60% da lista são itens que eu pessoalmente não consumo. Então, o impacto da alta dos preços para mim vai ser completamente diferente de uma pessoa que consome todos os itens. Por isso, para ter um efeito real na inflação, é necessário customizar os itens que costumamos consumir com frequência”, conclui Corrêa.

Segundo a educadora em finanças pessoais, Carol Stange, podemos mensurar a inflação pessoal através da comparação do aumento dos nossos gastos de um período para outro. Para fazer essa conta, podemos usar o período que mais se adeque à necessidade (mensal, semestral, anual, etc.).

Stange cita no exemplo a seguir como a inflação pessoal pode ser percebida por uma família:

"Nesse caso, percebemos que a inflação pessoal ficou em 9,8% - o que, apesar de alta, é menos do que os 11,73% ao ano do IPCA oficial nos últimos 12 meses. Infelizmente, não raro temos visto esse cenário invertido, onde a inflação pessoal supera a inflação oficial", diz Stange.

Ao realizar esse cálculo, Santos, da FGV, aconselha o consumidor a se certificar de que a cesta de consumo foi semelhante nos dois períodos. Somente dessa forma (ou seja, se a cesta for igual ou seja se os itens consumidos em dois períodos forem os mesmos, é possível medir a inflação pessoal 

"Às vezes o sentimento do aumento do custo de vida pode estar associado a mudanças de comportamento que não percebemos, como questões de mudança de hábitos de consumo ao longo da vida, e não necessariamente podem estar ligadas à inflação”, afirma. 

Como lidar com a alta dos preços

Para diminuir os efeitos da inflação no orçamento, é importante pesquisar preços e promoções em diferentes estabelecimentos. Essa dica pode ajudar a reduzir o efeito do custo de vida sobre a renda através de escolhas mais eficientes em termos de compra.

Segundo Stange, outra dica é entender (e aceitar) que os gastos somente devem aumentar se a receita acompanhar esse aumento. Além disso, lembra que contratos podem ser negociados mesmo quando o pagamento das parcelas esteja em dia.

Outra forma de se proteger da alta dos preços é investir de forma adequada, diz Santos. “Em um investimento em renda fixa ou variável, é necessário considerar as perspectivas de inflação para os próximos períodos. Desta forma, é possível calcular o aumento real de patrimônio que se terá com determinados projetos de investimento”, comenta. 

Na hora de contratar financiamentos, também é necessário considerar a inflação no desenvolvimento de contratos com reajustes de preços ou contratos de longo prazo. “Nessas decisões, deve-se sempre negociar com o objetivo de reduzir os impactos que a inflação possa gerar nos valores a serem pagos”, conclui Santos.

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