Dinheiro no bolso: Copom se reúne entre amanhã e quarta-feira, quando deve anunciar a nova taxa Selic (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2014 às 08h54.
São Paulo - A provável alta da taxa básica de juro Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) desta semana, seja de 0,25 ponto, seja de 0,50 ponto percentual, terá um efeito muito pequeno nas operações de crédito, segundo o diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.
O Copom se reúne entre amanhã e quarta-feira, quando deve anunciar a nova taxa Selic. Não há consenso quanto à alta, e o mercado espera tanto uma elevação da taxa em 0,25 ponto percentual, levando a taxa dos atuais 11,25% ao ano para 11,50% ou em 0,5 ponto percentual, passando a 11,75% ao ano.
A elevação da Selic tanto para 11,25% quanto para 11,75% terá, de acordo com uma simulação feita por Oliveira, um efeito muito pequeno nas operações de crédito. Este fato ocorre uma vez que existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores que na média da pessoa física atingem 103,05% ao ano provocando uma variação de mais de 800% entre as duas pontas.
A taxa média de juros do mercado para pessoa física, que atualmente é de 6,08% ao mês, deve passar, com o aumento de 0,25 ponto da Selic, para 6,10%. Ao ano, o juro passaria de 103,05% para 103,51%, uma variação de 0,45%.
Com a Selic sendo elevada a 0,5 ponto percentual, a taxa média de juros do mercado para pessoa física passaria de 6,08% para 6,12%. No ano, o juro iria de 103,05% para 103,97%.
Contudo, Oliveira diz que, por conta da maior competição no sistema financeiro após os bancos públicos terem reduzido mais fortemente suas taxas de juros, bem como por causa da expectativa de redução dos índices de inadimplência, é possível que algumas instituições financeiras mantenham inalteradas as suas taxas de juros, como já ocorreu no mês passado.
Compra de eletrodoméstico
Um consumidor que desejasse financiar em 12 meses uma geladeira nova, que, à vista, custa R$ 1.500,00, com a taxa Selic no patamar atual, pagaria um juro mensal de 4,65%. Assim, a prestação seria de R$ 165,91. No final, o consumidor teria gasto R$ 1.990,97.
Se a Selic for para 11,50%, a parcela da geladeira passaria a ser de R$ 166,10, R$ 0,19 a mais que a taxa antiga. Esse aumento de R$ 0,19 por parcela resultaria em um aumento de R$ 2,27 no preço final do eletrodoméstico, que sairia por R$ 1.993,24.
Mas se a Selic passar para 11,75% ao ano, a parcela da geladeira passaria a ser de R$ 166,29. Com isso, o consumidor acabaria pagando R$ 1.995,51 no preço final do eletrodoméstico.
Juro do cartão de crédito
A utilização de R$ 3 mil no rotativo do cartão de crédito por 30 dias, com a taxa Selic atual, de 11,25%, tem uma taxa mensal de 10,78%, ou R$ 323,40. Subindo a Selic para 11,50%, o juro mensal do cartão passaria a 10,80%, ou R$ 324,00, o que significa uma elevação de R$ 0,60 no valor dos juros cobrados. Com a Selic indo a 11,75% ao ano, o juro mensal seria de 10,82%, sendo cobrado R$ 324,60.
Em uma terceira situação, em que um carro custa à vista R$ 25 mil, o consumidor que optasse em financiá-lo em 60 meses pagaria cada uma das parcelas a R$ 688,20, com 1,82% de taxa mensal com a Selic passando a 11,50%. A parcela, com o aumento da taxa Selic a 11,75%, passaria a R$ 691,61, um aumento de R$ 6,81 em relação ao valor atual da parcela, de R$ 684,80.
Ao final, o carro que, financiado, sairia por R$ 41.087,95 com a Selic atual, passa a custar R$ 41.292,03 com a taxa em 11,50% e R$ 41.496,62 com a Selic em 11,7% ao ano. Um aumento de R$ 204,08 e R$ 408,68, respectivamente.