Investimentos: a mudança valerá para as aplicações novas (Photobuay/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2017 às 10h52.
Junto com a proposta de simplificação tributária, o governo prepara uma grande reformulação da tributação dos investimentos, que atingirá fundos e títulos de renda fixa e ações.
Escaparão apenas a poupança, que continuará isenta, e os fundos de previdência, que devem manter as alíquotas atuais.
De acordo com executivos do mercado que tiveram acesso às propostas do governo, as mudanças incluem o fim das isenções das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA) e das debêntures de infraestrutura e dos fundos de infraestrutura.
A mudança valerá para as aplicações novas, ou seja, as antigas, ou o estoque, continuariam isentas.
Já as novas passariam a pagar o imposto de renda na fonte, que também mudaria para duas alíquotas apenas, de curto e de longo prazo, válidas para todas as aplicações, tanto de renda fixa quanto variável. A aplicação de curto prazo pagaria 25% de imposto e a de longo, 15%.
Hoje há quatro alíquotas para renda fixa, que variam de acordo com o prazo, 22,5% para aplicações até seis meses, 20% para seis a 12 meses, 17,5% para um a dois anos e 15% acima de dois anos. As aplicações em ações pagam 15% para qualquer prazo.
Outra mudança em estudo é que o imposto de renda seja calculado sobre os ativos dos fundos, ou seja, sobre os títulos que o fundo comprar.
Hoje, os fundos são isentos em suas aplicações e o imposto é calculado sobre o passivo do fundo, ou seja, sobre as aplicações dos clientes de acordo com o prazo.
Com isso, os fundos calculariam uma cota bruta, sem o imposto, e outra líquida, já descontado o imposto das aplicações.
Os fundos fechados, que hoje não estão sujeitos à tributação do come-cotas, que a cada seis meses antecipa o imposto a pagar nos fundos abertos, mesmo que o cliente não resgate, terão de pagar os valores provisionados de tributos de uma só vez, em maio do ano que vem.
A data seria também a última cobrança do come-cotas. Como os fundos fechados são usados por gestores de carteiras para administrar o patrimônio de grandes investidores, o valor acumulado de impostos seria bastante elevado, cerca de R$ 20 bilhões, estima um executivo do mercado.
Os fundos de participações, ou private equity, devem ficar fora das mudanças, já que investem em empresas com perspectiva de retorno em 5, 10 anos.
A ideia de acabar com a isenção das aplicações em LCI e LCA é antiga, já que elas acabam criando distorções no mercado, pois os papéis acabam tendo alta rentabilidade, liquidez e segurança, pois como são emitidos pelos bancos contam com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até R$ 250 mil por CPF.
O fim do come-cotas também é pedido há muito tempo pelos gestores de fundos, já que outras aplicações, como CDB ou Tesouro Direto, não têm de pagar o imposto antecipado a cada seis meses.
A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda informou que a proposta é um estudo de áreas técnicas, que não chegou ao nível ministerial ainda.
O presidente Michel Temer admitiu hoje que o governo estuda elevar o imposto de renda sobre os salários, com a criação da alíquota de 30% ou 35% para rendimentos acima de R$ 20 mil. Hoje, a alíquota máxima é de 27,5%. Afirmou, porém, que não estudos ainda.
“São estudos que se fazem rotineiramente. A todo momento, o Planejamento e a Fazenda fazem estudos e esse é um dos estudos que está sendo feito. Não há nada decidido”, afirmou o presidente, segundo os jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo.
Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Arena do Pavini.