Abastecer o carro com gasolina ou etanol ficou cerca de 50% mais caro em 2021 | Foto: André Lessa/EXAME (André Lessa/Exame)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2021 às 09h26.
Última atualização em 30 de dezembro de 2021 às 09h34.
2021 foi o ano em que os preços dos combustíveis se tornaram uma rara unanimidade nacional: não houve quem não reclamasse do aumento exorbitante do custo para encher o tanque do carro, da moto ou do caminhão.
Para dar números percentuais ao que o bolso e a percepção do dia-a-dia, da ida semanal aos postos, já haviam sentido há mais tempo: o preço do litro da gasolina encerra o ano de 2021 com alta de 46,7% na comparação com o mesmo período de 2020, segundo o último levantamento do ano do Índice de Preços Ticket Log.
O preço médio da gasolina está em R$ 6,890, muito acima dos R$ 4,696 que o motorista pagava um ano antes. Um motorista com o carro mais vendido do ano (até novembro), o Fiat Strada, com tanque com 58 litros, gastava há um ano R$ 272,40 para abastecê-lo por completo com gasolina. Neste fim de ano, esse gasto passou para R$ 399,40.
Mas há uma aparente boa notícia: dezembro foi um mês de estabilidade e até ligeira queda nos preços dos postos. Se talvez seja prematuro comemorar uma tendência de redução ainda não consolidada, dá para dizer que neste momento o custo da gasolina e do óleo diesel parou de subir. O que não deixa de ser o "copo meio cheio" do cenário.
O combustível ficou 0,52% mais barato em dezembro na comparação com novembro, quando estava em R$ 6,926.
Por outro lado, o comportamento do preço dos combustíveis nos postos, para os motoristas, é o reflexo final de uma cadeia produtiva longa que tem na produção e na oferta de petróleo um de seus principais componentes, enquanto a demanda é outro fator fundamental.
Nesse contexto, para antecipar o comportamento dos preços da gasolina e do óleo diesel é preciso avaliar como ficará a relação entre oferta e demanda em 2022 e 2023. E o cenário base, por ora, não aponta um alívio desse quadro.
A demanda deve continuar se recuperando, apesar de medidas recentes como a suspensão de milhares de voos neste fim de ano em razão do avanço da variante Ômicron -- faltou tripulação por causa de testes positivos.
Mas bancos de investimento continuam a apostar na volta gradual da demanda até patamares equivalentes ao de antes da pandemia, em 2019.
Do lado da oferta, as cotações internacionais do petróleo vão depender das decisões dos maiores produtores e exportadores do mundo, reunidos na esfera da Opep+. E tudo indica que esses governos vão continuar a querer recuperar as margens e os ganhos dos quais tiveram que abrir mão ao longo de 2020 por causa da pandemia.
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O etanol foi o grande vilão para os motoristas, pois ficou ainda mais caro do que a gasolina. O preço médio atual do litro de R$ 5,779 representa um acréscimo de 56,5% em relação a dezembro do ano anterior, segundo o Índice de Preços Ticket Log.
A boa notícia aqui também é que, a exemplo da gasolina, o preço do etanol caiu 1,26% neste mês em relação a novembro, quando estava em R$ 5,853.
“O Índice de Preços Ticket Log identificou novamente uma tendência de estabilidade no ritmo de alta dos preços dos combustíveis. Mas as médias continuam elevadas e o valor da gasolina e do etanol ainda pesa no bolso dos motoristas brasileiros”, afirmou Douglas Pina, Head de Mercado Urbano da Edenred Brasil.
O estado do Rio de Janeiro continuou com a gasolina mais cara do país segundo o levantamento do Índice de Preços Ticket Log: o preço médio do litro da gasolina sai a R$ 7,282 neste fim de ano. O menor preço está nos postos de combustíveis do Amapá: o litro sai a R$ 6,388.
A gasolina tem um preço por litro mais alto, mas proporciona um rendimento maior do carro -- é possível percorrer uma distância maior do que o etanol nas mesmas quantidades e condições. Isso significa que essa equação deve ser levada em conta pelo motorista ao decidir se é mais vantajoso abastecer com gasolina ou com etanol.
“Vale ressaltar que, na relação 70/30, a gasolina continua sendo a opção mais vantajosa para os motoristas abastecerem, de acordo com o mesmo levantamento da Ticket Log", afirmou o especialista da Edenred Brasil.
Ele faz referência ao cálculo segundo o qual o preço do litro do etanol precisa ficar no máximo em 70% do custo do litro da gasolina para que seja vantajoso abastecer com o biocombustível. Um exemplo: se o litro da gasolina sai por R$ 7,00, o litro do etanol não pode passar de R$ 4,90 para que valha a pena para o motorista.
Segundo o indicador, a exceção são os postos no estado de Goiás, nos quais o etanol é mais favorável. Em Santa Catarina, no Amapá e no Distrito Federal, não foi possível analisar no último levantamento.
O Índice de Preços Ticket Log é calculado com base nos abastecimentos realizados nos 21.000 postos credenciados da Ticket Log: são cerca de 1 milhão de veículos administrados pela marca. A Ticket Log, por sua vez, é a marca de gestão de frotas e soluções de mobilidade da Edenred Brasil, que tem mais de 30 anos de experiência no mercado.