Investimentos: forte ganho dos fundos renda fixa índices atrelados à inflação pode não se repetir (SXC.hu)
Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2014 às 15h51.
São Paulo - Os fundos renda fixa foram beneficiados neste ano pela queda das taxas de juros dos títulos do Tesouro Nacional. Com as taxas em baixa, os papéis antigos prefixados ou indexados à inflação nas carteiras desses fundos, que pagavam juros mais altos, se valorizaram e isso teve reflexos nas cotas.
Levantamento feito pelo Blog Arena usando o sistema de fundos da Economática mostra carteiras acumulando mais de 6% no ano. É o caso do fundo do Bradesco Títulos do Tesouro com até 6,23% no ano até maio, com ganho de 2,41% apenas no mês passado.
No ano, as cadernetas de poupança rendem 2,83% até maio, livres de imposto. Um fundo com rendimento de 4% a 6% no ano teria um rendimento líquido de 3,1% a 4,65% de janeiro a maio, considerando um imposto de 22,5%.
O estudo levou em conta os fundos renda fixa genéricos com patrimônio acima de R$ 50 milhões e mais de mil cotistas.
O ganho, ou prêmio, no ano equivale a 151% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, juro cobrado entre os bancos e que serve de referência para os rendimentos da renda fixa).
A maioria dos fundos com maior rentabilidade é formada por carteiras que, apesar de se declararem renda fixa simples, seguem a estratégia ”índices de preços” ou de inflação, que aplicam basicamente em Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B, papéis corrigidos pelo IPCA mais juros fixos).
Esses títulos são mais longos, vencem até 2050, e sofrem mais o impacto da oscilação da taxa de juros no mercado.
Outros destaques são os fundos com papéis prefixados, como o Caixa Absoluto Pré e o HSBC Pré, que aplicam em títulos prefixados do Tesouro, as Letras do Tesouro Nacional (LTN) e as NTN-Final.
Por seu risco maior (as NTN-B têm ao menos a proteção contra a alta da inflação), os prefixados apresentam menor prazo, até 2025 apenas, o que também reduz as oscilações.
Há também na lista das maiores rentabilidades fundos que aplicam em papéis prefixados, como CDB de bancos e debêntures de empresas, que costumam pagar um pouco mais que os títulos do Tesouro, como o Banrisul Flex e o HSBC Crédito Privado.
Nesses fundos, porém, o investidor corre um pouco mais de risco pois há a possibilidade do emissor privado quebrar. Por isso é importante verificar a carteira e se o gestor é cuidadoso na avaliação de risco.
Olhar para frente
Outra observação é que o forte ganho dos fundos renda fixa índices atrelados à inflação pode não se repetir. Caso os juros parem de cair ou voltem a subir, essas carteiras podem render menos ou até ter perdas, como no ano passado (ver coluna de 2013 na tabela).
O fundo da Caixa que aparece com o segundo melhor desempenho este ano teve uma perda de 7% no ano passado por conta da alta dos juros das NTN-B, que saltaram de 4% ao ano para mais de 7% ao ano. No ano anterior, havia acumulado um retorno de 16,82%.
Oscilação forte
Esses números mostram como esses fundos oscilam e são, portanto, contraindicados para quem vai deixar o dinheiro aplicado por pouco tempo, menos de dois anos, por exemplo.
Já quem pensa em usar a aplicação para formar poupança para aposentadoria, essas carteiras são uma opção, pois os títulos em suas carteiras hoje estão em torno de 6% ao ano mais IPCA, o que é uma taxa real bastante razoável.
Os prefixados também estão sujeitos a flutuações de acordo com as taxas de juros, mas seu resultado vai depender mais da estratégia de cada gestor, ao comprar papéis mais longos ou mais curtos ou aumentar ou reduzir sua fatia na carteira de acordo com o momento.
Basta vez o fundo Caixa Absoluto, que teve perda de 2,12% no ano passado enquanto o do HSBC rendeu 2,16%. Portanto, a gestão e a estratégia do fundo podem fazer bastante diferença.
No curto prazo, CDI
No momento atual, porém, os analistas recomendam para quem vai aplicar dinheiro por dois anos que evite aplicações prefixadas ou atreladas à inflação.
A incerteza sobre o comportamento dos juros, que devem subir no ano que vem, independentemente de quem for eleito presidente da República, aumenta o risco de perdas para essas carteiras no curto e médio prazos. Nesse caso, a opção são aplicações em papéis que acompanhem a alta dos juros, atreladas ao CDI ou à taxa Selic.
Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) são alternativas por serem isentas de imposto de renda para pessoas físicas.
Emitidas por bancos de menor porte e vendidas por corretoras, esses papéis podem pagar juros que vão de 89% do CDI (9,61% ao ano, considerando um CDI de 10,80% ao ano) a 99% do CDI (10,69% ao ano) para prazos de um ano. A caderneta de poupança rende cerca de 70% do CDI, ou 7,5% ao ano, também líquidos de imposto.
Essas taxas líquidas equivalem a um CDB de 101% do CDI a 120% do CDI pagando imposto de 17,5% em um ano. A recomendação é que o investidor analise o banco emissor e aplique até o limite de R$ 250 mil garantido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) por CPF e por instituição.
Outras opções para o curto prazo são os fundos DI, com taxa de administração mais baixa, inferior a 1,5% ao ano, e as Letras Financeiras do Tesouro (LFT) do Tesouro Direto, que acompanham os juros diários da Selic. Ambos, assim como os CDB, estão sujeitos a imposto de renda, que varia de 22,5% para prazos até seis meses, 20% até um ano, 17,5% de 1 ano a 2 e 15% acima de dois anos sobre o rendimento.
Abaixo, os fundos de renda fixa que renderam mais este ano, com patrimônio acima de R$ 50 milhões e mais de 1 mil cotistas, até 30 de maio.
Nome | Gestora | Patrimônio | Cotistas | Tx adm | Maio | 2014 | 12 meses | 2013 | 2012 | Prêmio ano |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Bradesco RF Tit. Tesouro | Bradesco Asset | 457.126 | 8.926 | 1,5 | 2,41 | 6,23 | 3,57 | -3,32 | 16,53 | 151 |
Caixa Patrimonio Ind Preços | Caixa | 658.258 | 1.446 | 0,3 | 2,12 | 5,74 | 0,94 | -7,02 | 16,82 | 139,3 |
Caixa FIC Absoluto Pre RF LP | Caixa | 744.642 | 16.020 | 1,1 | 1,87 | 5,61 | 2,97 | -2,12 | 10,37 | 136,1 |
HSBC FICFI RF Pre LP 15 000 | HSBC Gestao | 96.611 | 1.655 | 1 | 2,07 | 5,34 | 6,83 | 2,16 | 10,38 | 129,6 |
Caixa FIC Capital Ind Precos | Caixa | 244.527 | 8.583 | 2 | 1,98 | 5,01 | -0,81 | -8,64 | 14,84 | 121,6 |
Banrisul Flex Cred Priv FI | Banrisul | 640.238 | 1.971 | 0,57 | 0,94 | 4,39 | 9,71 | 8,55 | 9,32 | 106,6 |
Lm Wa RF Ativo Top | Western Asset | 414.745 | 2.737 | 0,99 | 1,14 | 4,37 | 7,43 | 5,05 | 10,03 | 106,1 |
Legg Mason Mult RF Top | Western Asset | 170.709 | 1.032 | 1,1 | 1,13 | 4,32 | 7,3 | 4,92 | 9,9 | 104,8 |
HSBC Cred Priv Perform. | HSBC Gestao | 5.198.733 | 5.230 | 0,9 | 0,88 | 4,27 | 9,83 | 8,38 | 8,78 | 103,6 |
Safra Cart Max RF | J Safra Asset | 1.197.898 | 3.965 | 1 | 0,89 | 4,24 | 9,22 | 7,32 | 9,26 | 102,8 |
HSBC Cred P. Jur Infla 30000 | HSBC Gestao | 3.438.693 | 21.996 | 0,5 | 0,95 | 4,23 | 9,57 | 7,73 | 8,7 | 102,7 |
Geracao Futuro RF CP | Gf Gestao | 79.380 | 1.877 | 0,05 | 0,84 | 4,2 | 9,7 | 8,24 | 9,06 | 101,8 |
Santander Recomp. Premium | Santander | 2.466.039 | 9.549 | 0,3 | 0,9 | 4,2 | 9,47 | 7,96 | 9,04 | 101,8 |
Safra Exec Fc FI RF | J Safra Asset | 2.004.977 | 2.358 | 0,5 | 0,87 | 4,16 | 9,38 | 7,9 | 8,57 | 100,8 |
Lm Wa Cred Excellent Cred P. | Western Asset | 2.051.820 | 2.073 | 0,45 | 0,85 | 4,12 | 9,43 | 8,09 | 8,75 | 99,9 |
Caixa FIC Especial RF LP | Caixa | 6.412.908 | 4.090 | 0,4 | 0,87 | 4,12 | 9,34 | 7,94 | 8,29 | 99,9 |
Itau Person RF Mix Cred Priv | Itau Unibanco | 2.995.285 | 13.273 | 0,6 | 0,86 | 4,1 | 9,46 | 8,09 | 8,47 | 99,5 |
HSBC Cred Priv Perf Premier | HSBC Gestao | 150.752 | 1.801 | 0,9 | 0,84 | 4,09 | 9,34 | 7,89 | 8,29 | 99,1 |
BB RF LP Premium Estilo | BB DTVM | 2.168.693 | 14.665 | 0,9 | 0,91 | 4,09 | 8,82 | 7,29 | 8,6 | 99,3 |
Sicredi FI RF Premium LP | Quantitas | 154.456 | 3.122 | 1 | 0,82 | 4,07 | 9,15 | 7,97 | 8,02 | 98,7 |
Fonte: Economática. Patrimônio em R$/mil. Taxa de administração em porcentagem ao ano. Prêmio calculado sobre o CDI do rendimento acumulado em 2014 até maio