Fundos para crianças têm tíquete baixo e podem ser usados para pagar os estudos no futuro (SXC/SXC)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 10h01.
São Paulo – Pais que têm condições de poupar em benefício dos filhos podem achar uma boa ideia dar aplicações financeiras de presente em datas festivas, como o Natal. O consultor financeiro Mauro Calil, por exemplo, já disse mais de uma vez à EXAME.com que costuma presentear seus dois filhos pequenos com ações. Com a vida inteira pela frente, crianças e adolescentes são o público ideal para aproveitar a rentabilidade que a Bolsa pode proporcionar no longo prazo.
Mas nem todos os pais se sentem seguros para aplicar em ações por conta própria – principalmente quando é o futuro dos filhos que está em jogo. Outros podem preferir uma rentabilidade maior que a de um fundo de previdência tipo PGBL aplicando de uma forma mais arrojada. Para quem tem esse perfil, existem fundos de ações voltados especificamente para menores de 18 anos, com giro de carteira reduzido e aplicação inicial baixa.
Criado em 2000, o fundo Coin Kids, comercializado pela corretora Coinvalores e gerido pelo Bradesco, já tem um patrimônio de 2,5 milhões de reais. A aplicação é feita diretamente em nome da criança – são 280 cotistas atualmente – o que ajuda até mesmo na educação financeira. “Algumas crianças ligam para cá para saber, por exemplo, por que o extrato ainda não chegou à casa dela”, conta Jussara Pacheco, gestora da mesa de fundos da Coinvalores.
Com investimentos apenas em ações de primeira linha, as chamadas blue chips, o Coin Kids acumula queda de 17% neste ano. Mas no longo prazo, o resultado é bastante positivo. Nos últimos três anos, a rentabilidade do fundo foi de 58,97%, contra 34,85% do CDI. Desde a sua criação, o Coin Kids já lucrou 786%. “Temos cotistas com meses de idade até os 17 anos, mas a maior parte das crianças tem até 12 anos”, diz Jussara.
O maior atrativo do Coin Kids talvez seja a taxa de administração, de apenas 0,5% ao ano, valor baixo para um fundo de ações. Também não há taxa de performance. A aplicação inicial é de apenas 500 reais, e a movimentação mínima é de 100 reais, que pode ser feita via boleto bancário. De acordo com Jussara, os responsáveis pelos aportes – pais, avós e até padrinhos – costumam depositar uma quantia entre 200 e 300 reais todo mês. “A intenção é que esse dinheiro possa ser usado para pagar os estudos quando a criança atingir 18 anos”, completa.
A corretora Spinelli também dispõe de um produto semelhante, o Vida Feliz Fundo de Ações. Nascido em 2006 como um clube de investimentos, o Vida Feliz tornou-se um fundo em 2007, e atualmente aplica em papéis de empresas como Vivo, Banco do Brasil, Cielo, EZTEC e Abril Educação. A aplicação inicial também é baixa, de apenas 100 reais.
Com uma gestão mais ativa que o fundo da Coinvalores, mas ainda assim com baixo giro de carteira, o Vida Feliz cobra uma taxa de administração de 2% ao ano, mas também não cobra performance. O resultado se traduz em rentabilidade: no ano, o fundo da Spinelli rende 2,14%, enquanto que o Ibovespa recua 18,25%. Desde sua criação, o fundo acumula rendimento de 108,56%, contra 95,04% do CDI e 67,62% do Ibovespa.
O Vida Feliz ainda é pequeno, se comparado ao Coin Kids, com apenas 90 cotistas e patrimônio de 720.000 reais. “Infelizmente o patrimônio não cresceu tanto quanto esperávamos”, diz Manuel Lóis, diretor da Spinelli. Para ele, falta educação financeira. “Antigamente, quando uma criança nascia, ela era presenteada com uma caderneta de poupança, mas com a atual estabilidade econômica, isso perdeu o sentido para o longo prazo. A crise econômica iniciada em 2007 afastou o investidor da Bolsa, mas as pessoas têm que entender que o momento de aplicar é quando as ações estão baratas”, diz Lóis.