Sócios da Vitreo: em menos de uma semana o fundo atraiu 5 mil investidores (Vitreo/Divulgação)
Marília Almeida
Publicado em 9 de dezembro de 2019 às 13h49.
Última atualização em 9 de dezembro de 2019 às 18h37.
São Paulo - O fundo Vitreo Exponencial, que vai investir em ações da XP no exterior, zerou a taxa de performance. É mais um esforço da gestora para que a XP a deixe participar do IPO, que será realizado nesta terça-feira (10) na bolsa de valores americana Nasdaq.
Lançado na semana passada, a gestora iria cobrar uma taxa de 10% sobre o resultado do fundo que exceder o CDI ou o Ibovespa, o que fosse maior. O fundo já atraiu cerca de cinco mil cotistas. O fundo irá investir 100% da carteira em papéis da XP e recebeu algumas críticas do mercado de que o produto era "caro" para o que oferecia.
Agora, o fundo, voltado para investidores qualificados (que tenham mais de 1 milhão de reais em aplicações), vai cobrar apenas taxa de administração, de 0,07%. Ou seja, setenta centavos para cada mil reais investidos ao ano. A taxa remunera o banco administrador do fundo, o Santander.
Alocar ações da XP no fundo durante o IPO é importante porque a Vitreo espera que os papéis tenham um ganho nos dias subsequentes à oferta pública inicial. A corretora pode valer 14 bilhões de dólares na abertura, e participar do IPO permitiria que investidores brasileiros, inclusive clientes da própria XP, pudessem ter esse ganho inicial até que as ações comecem a ser negociadas, dois dias depois do IPO.
Quando surgiu a dúvida se os gestores brasileiros poderiam ser alocados no IPO, expressa pela própria XP em comunicado a investidores, a Vitreo encaminhou uma carta para a corretora com sua argumentação legal. Depois, a CVM se pronunciou oficialmente corroborando com o entendimento de que não há qualquer impedimento para um fundo local participar da estreia da XP na bolsa.
A gestora continua achando que seria justo cobrar a taxa de performance, já que o fundo não é passivo, mas, sim, tem um propósito específico. Essas aplicações são comuns entre os investidores de alta renda e exigem trabalho de análise, estruturação, consultas legais, e outros custos que justificam remuneração.
A Vitreo também criou um fundo que investe 20% do seu patrimônio no Exponencial e 80% em fundos DI com taxa zero. Chamado Exponencial Light, ele é voltado para investidores em geral e cobra taxa de administração de 0,056%. A remuneração é dividida entre a Vitreo e o fundo para qualificados.
Além de zerar a taxa de performance, a Vitreo assinou assinando uma carta conhecida como “big boy letter”) exigida pelos bancos coordenadores aos fundos locais.
Com a carta, os bancos coordenados se "eximem" da responsabilidade de venderem uma oferta que é realizada no exterior a gestores no Brasil. Como são proibidos de vender papéis aqui, eles apenas topam em atender gestores nacionais desde que assinem a carta dizendo que são profissionais, sabem o que estão fazendo e procuraram o banco por livre e espontânea vontade. Dessa forma, se protegem de uma possível ação de fiscalização da CVM. No IPO do PagSeguro, alguns bancos foram alertados pelo regulador.
Na visão da Vitreo, após a assinatura desse documento não há argumento por parte dos coordenadores da oferta para que a gestora não seja alocada. Procurada, a XP não quis comentar. A corretora não distribui produtos da Vitreo, uma gestora independente.
George Wachsmann, sócio fundador e CIO da Vítreo, diz que o fundo foi montado porque a casa acredita no crescimento da corretora nos próximos anos. “Mesmo que a XP não deixe a gente participar, acreditamos que a aplicação valerá a pena, pois montamos o produto pensando no médio e longo prazo. Vamos comprar as ações quando forem negociadas. Mas é uma pena que o investidor brasileiro seja impedido de ter esse ganho inicial”.
O valor de mercado justo da XP, na análise da Levante, seria de 85,9 bilhões de reais assumindo múltiplo P/L 2023 de 20 vezes, um potencial de valorização de 46% sobre o preço topo da oferta de 25 dólares.