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Fundo mais rentável diz onde investir em renda fixa

Superintendente dos fundos da Caixa acredita que os títulos públicos prefixados ou indexados ao IPCA embutem um prêmio interessante para o investidor de longo prazo

Caixa Econômica Federal: responsável por três dos nove fundos de renda fixa mais rentáveis do primeiro semestre (Lia Lubambo/EXAME)

Caixa Econômica Federal: responsável por três dos nove fundos de renda fixa mais rentáveis do primeiro semestre (Lia Lubambo/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2011 às 07h38.

São Paulo – Quem investe nos fundos de renda fixa da Caixa Econômica Federal não tem do que reclamar. A instituição financeira conseguiu emplacar três fundos entre os nove mais rentáveis do primeiro semestre (veja lista abaixo). O ranking, elaborado por EXAME.com a partir de uma consulta à base de dados da consultoria Economática, considera apenas os fundos ativos com quotas vendidas ao mercado e que, portanto, não são exclusivos ou restritos a determinado número de investidores.

Nome Classificação Anbima Retorno no primeiro semestre (%) Taxa de admnistração máxima ao ano (%) Aplicação inicial mínima (R$) Exclusivo Tipo de investidor Empresa gestora
Caixa FIC Selecao RF Renda Fixa 22,2 1,1 30000 Não Todos Caixa
FI RF Cred Priv BRB Corporativo Renda Fixa 8 2,25 1000000 Não Invest. Qualificado BRB Dtvm
FI RF Cred Priv Grp Renda Fixa Crédito Livre 8 2 1000000 Não Invest. Qualificado Gr Participacoes e Investimentos
Caixa FI Brasil IPCA I RF Cred Priv Renda Fixa 7,9 0,2 1000000 Não Invest. Qualificado Caixa
FI RF BRB Executivo Renda Fixa 7,8 1,5 500 Não Todos BRB Dtvm
Unicred Sc FI RF Cred. Priv Renda Fixa 7,7 0,5 1000000 Não Invest. Qualificado Bancoob Dtvm
Capitania Index Cred Priv FIC Firf Renda Fixa Crédito Livre 7,7 1,05 1000000 Não Invest. Qualificado Capitania
Unicred SP FI RF Cred. Priv Renda Fixa 7,6 0,5 1000000 Não Invest. Qualificado Bancoob Dtvm
Caixa FI Rs RF IPCA Cred Priv LP Renda Fixa Índices 7,5 0,2 1000000 Não Invest. Qualificado Caixa

O fundo mais rentável, o Caixa FIC Seleção RF, teve alta de 22,2% no período. O superintendente nacional da área de gestão de ativos de terceiros do banco, Marcelo de Jesus, reconhece que o produto teve uma rentabilidade extraordinária devido à reversão de um provisionamento da carteira de crédito. O fundo acreditava que não receberia uma dívida, mas ela foi efetivamente paga. Como a Caixa conseguiu colocar três fundos entre os nove mais rentáveis, EXAME.com decidiu mantê-la como a gestora mais bem-sucedida do semestre nessa área.

Marcelo de Jesus afirma que os bons resultados foram alcançados com uma antecipação bem-sucedida do cenário econômico. Os fundos da Caixa apostaram que a inflação seria alta no primeiro semestre. Como o IPCA apontou uma inflação de 3,87% no período, títulos de renda fixa público e privados indexados a índices de preços deram muita alegria aos investidores.

Dentre as opções existentes no mercado, o banco entendeu que havia um prêmio interessante na compra de um papel emitido por instituições financeiras chamado DPGE. Trata-se de uma espécie de CDB vendido apenas a grandes investidores que conta com uma proteção especial do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Caso um banco que emitiu esse tipo de papel venha a quebrar, o fundo que detém até 20 milhões de reais em DPGE estaria blindado contra prejuízos porque receberia o dinheiro do FGC. Mesmo com essa garantia, os juros pagos por DPGE costumam ser entre 1 e 2 pontos percentuais superiores aos de títulos públicos com características semelhantes.

O pequeno investidor não pode comprar DPGE, mas uma estratégia semelhante poderia ser adotada com a aplicação em CDBs de bancos médios. Depósitos a prazo nessas instituições são garantidos pelo FGC para valores de até 70.000 reais. Portanto, o risco desse tipo de investimento é de que o FGC quebre – algo dificílimo porque todos os bancos brasileiros contribuem para a formação desse fundo. [Nota de EXAME.com: Bancos médios como o Sofisa pagam até 110% do CDI (algo entre 13% e 14% atualmente) para CDBs pós-fixados e até IPCA mais 8,01% ao ano (algo próximo a 15% atualmente) para títulos atrelados à inflação mais juros (clique aqui e veja mais)].


Já entre os títulos públicos, a Caixa acredita que a melhor opção para o investidor varia de acordo com o prazo previsto para a aplicação. Para o longo prazo, Marcelo de Jesus acredita que há uma oportunidade interessante na compra de NTN-B com vencimentos em 2024, 2035 ou 2045. Os títulos podem ser comprados por meio do Tesouro Direto (clique aqui e veja como). Os juros pagos por esses papéis correspondem ao IPCA mais 6% a 6,3% ao ano (algo próximo a 13% atualmente). Para o gestor, os papéis embutem um excelente prêmio em relação aos títulos de países com risco semelhante ao brasileiro. Daqui a alguns anos, prevê, as oportunidades de comprar papéis que proporcionem um ganho real de 6% ao ano tendem a ser bem mais raras.

Para o investidor que pode aplicar o dinheiro por cerca de quatro anos, Marcelo de Jesus acredita que a escolha correta seria a de LTNs (Letras do Tesouro Nacional). Esses títulos são prefixados. O investidor sabe exatamente a taxa de juros que vai receber nos próximos anos. Os papéis com vencimento daqui a dois, três ou quatro anos pagam atualmente juros próximos a 12,70%. A taxa reflete a expectativa da maioria do mercado de que o Banco Central eleve a Selic (juros básicos da economia brasileira) mais duas vezes neste ano, dos atuais 12,25% para 12,75% ao ano. A partir de 2012, a inflação voltaria para o centro da meta e a Selic recuaria. Já se antecipando a esse cenário, o investidor deveria dar preferência a um título prefixado que mantenha uma alta rentabilidade quando os juros começarem a cair.

O gestor da Caixa só recomenda a compra de LFT (que paga um juro semelhante à Selic) para quem planeje resgatar o investimento dentro de poucos meses. Nesse caso, ainda existe o risco de o BC elevar os juros mais que o esperado pelo mercado. Se esse cenário se materializar, o investidor que tiver uma LTN que paga 12,70% ao ano poderá ter de amargar um deságio para se desfazer do título quando a Selic estiver em 13,5%, por exemplo. Esse risco não existe para o investidor que está disposto a carregar o papel até o vencimento – dentro de quatro anos, por exemplo - porque o retorno de 12,7% ao ano provavelmente seria superior à Selic média do período.

Caso o investidor queira se arriscar com outros papéis de renda fixa emitidos por empresas, o gestor da Caixa recomenda que isso seja feito por meio de um fundo. Somente nesse tipo de aplicação será possível manter uma carteira diversificada de papéis de forma que o risco de calote de algum emissor seja diluído.

Já a caderneta de poupança só é indicada para o investidor pouco sofisticado. Com a alta da Selic, há uma grande variedade de aplicações que rendem muito mais do que a remuneração de TR mais 6% ao ano da poupança – apesar da isenção de Imposto de Renda e da taxa de administração existentes para esse tipo de aplicação.

Bolsa

Para o investidor que busca um bom retorno no longo prazo, Marcelo de Jesus também vê excelentes oportunidades na bolsa. Ele não acha que o preço das ações deve se valorizar consideravelmente enquanto houver risco de calotes de países europeus e houver dúvidas de que a China possa crescer quase 10% ao ano mesmo num cenário econômico global tão ruim.

No entanto, afirma o gestor, com as recentes quedas da bolsa, há muita coisa barata no mercado. Nas últimas semanas, a Caixa aproveitou para aumentar a presença de papéis da Petrobras e da Vale na carteira. As duas maiores empresas brasileiras estão com preços bem atrativos. A Petrobras, inclusive, tem um valor de mercado inferior ao valor patrimonial. Isso quer dizer que o preço da estatal em bolsa é parecido com o volume de dinheiro que já foi investido na empresa por seus acionistas. Já as ações ligadas ao mercado interno não estariam com preços tão atrativos, mas, para o gestor da Caixa, ainda há espaço para novas valorizações caso a economia brasileira continue em franco crescimento.

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