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Financiei o imóvel pela tabela Price. As parcelas podem aumentar?

Especialista responde se o valor das parcelas de um financiamento imobiliário feito pela tabela Price podem variar, já que, em tese, elas são fixas

 (Thinkstock/ferlistockphoto)

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Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 27 de novembro de 2016 às 07h00.

Última atualização em 27 de novembro de 2016 às 07h00.

Dúvida do leitor: Comprei um apartamento financiado no ano retrasado pela tabela Price e as parcelas mensais que o banco está descontando da minha conta corrente só aumentam. O atendente do banco me diz que isso acontece porque o crédito tem a TR (Taxa Referencial) como indexador. Quando eu assinei a documentação me informaram que as parcelas seriam fixas. Creio que eu fui enganada.

Realmente a tendência é que suas prestações continuem aumentando. Isso acontece porque o modelo de correção adotado no seu financiamento foi o pós-fixado (corrigido pela TR) e atrelado ao sistema de amortização conhecido como Tabela Price.

É comum que as pessoas se confundam a contratar esse tipo de financiamento por diversos fatores. Um deles é a ideia de que por se tratar da Tabela Price as prestações serão fixas do início ao fim do financiamento. Em teoria isso é verdade, uma vez que a principal característica dessa modalidade de amortização é que as prestações são fixas, diferente do SAC (Sistema de Amortização Constante) onde as prestações são decrescentes. No entanto, isso só será verdadeiro caso o financiamento não seja corrigido por algum indexador.

Isso nos leva ao segundo ponto, a correção das prestações. A correção monetária serve para atualizar o valor ao longo do tempo, seja frente a desvalorização do poder de compra, o que acontece pela inflação, ou de acordo com alguma especificidade do mercado, como acontece no caso do mercado imobiliário.

O índice pode variar de acordo com o tipo de financiamento ou mesmo o momento em que foi contratado. Por exemplo, quem financia um imóvel na planta pode ter um indexador atrelado ao custo da construção (INCC ou outro). Já quem financia após a construção pode ter o financiamento corrigido por algum índice, como a TR (Taxa Referencial), IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ou IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado). Essa correção é aplicada tanto ao valor das prestações quanto ao saldo devedor.

Quando existe o indexador, significa que a correção é pós-fixada, ou seja, será corrigido por um índice cuja variação será posterior ao da contratação do financiamento, como foi o seu caso. Quando não existe indexador, isso significa que as prestações não serão corrigidas e portanto, serão pré-fixadas.

Para simplificar, veja como ficaria cada sistema de amortização mais a correção:

Sistema SAC + pós-fixada: as prestações tendem a ser decrescentes e podem, dependendo do indexador, aumentar em alguns momentos ao longo do contrato de financiamento;

Sistema SAC + pré-fixada: as prestações são decrescentes do início ao fim do contrato de financiamento

Tabela Price + pós-fixada: as prestações aumentarão ao longo do financiamento;

Tabela Price + pré-fixada: as prestações serão fixas do início ao fim do financiamento.

No entanto, existe uma ressalva para as informações acima, que são os seguros embutidos no financiamento. Dependendo da seguradora contratada o valor do seguro por MIP (Morte ou Invalidez Permanente) pode aumentar a cada mudança de faixa de idade. Por exemplo, alguém que estava na faixa de 30 a 35 anos e passa para a faixa de 36 a 40 anos, terá um custo de seguro maior. Isso pode provocar um aumento no valor das prestações, independente do sistema de amortização adotado.

No seu caso, como a opção foi pela Tabela Price + pós-fixada, as prestações seguirão essa tendência de aumento até o final do contrato. Uma opção para resolver o problema seria procurar a agência onde fez o financiamento e solicitar a mudança do sistema de amortização para o SAC (SAC ou Price? Veja qual financiamento é melhor para você). No entanto, é possível que as prestações iniciais nessa nova modalidade fiquem mais altas do que as que você paga atualmente e seja necessário uma nova análise de crédito para checar se sua renda será compatível.

Independente disso, vale você buscar nos panfletos e simulações que foram fornecidas na ocasião da compra do imóvel se a informação de que as parcelas seriam fixas foram realmente garantidas. Em caso positivo, você deve acionar os órgãos de proteção ao consumidor para exigir seus direitos.

*Marcelo Prata é especialista em crédito imobiliário e fundador dos sites Canal do Crédito e Resale.com.br

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