Imóveis: Caixa também anunciou aumento de 50% para 70% da cota de financiamento de residências usadas (Dado Galdieri/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de abril de 2018 às 21h41.
Última atualização em 17 de abril de 2018 às 11h42.
São Paulo - O corte nos juros do crédito imobiliário anunciado pela Caixa Econômica Federal nesta segunda-feira, 16, pode gerar uma economia de 15,6% no financiamento de um imóvel de R$ 500 mil, com prazo de 30 anos para quitação. Em gastos totais, a redução é de quase R$ 78 mil, saindo de R$ 1,113 milhão, quando valia a taxa antiga de 10,25%, para R$ 1,035 milhão, agora com juros a partir de 9%.
Segundo cálculos do economista e professor da B3 Alexandre Cabral, blogueiro do Estadão, a redução do preço pode alcançar R$ 171,4 mil para uma casa de R$ 1 mil e R$ 257 mil para imóveis com valor venal de R$ 1,5 milhão. As simulações levam em conta um financiamento de 100%.
A Caixa anunciou a redução de até 1,25 ponto porcentual das taxas de juros do crédito imobiliário utilizando recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Além disso, o banco também anunciou o aumento de 50% para 70% da cota de financiamento de imóvel usado. As mudanças começam a valer já nesta segunda-feira.
A medida para baratear o custo do crédito imobiliário já havia sido antecipada ao Estadão/Broadcast pelo novo presidente da Caixa, Nelson Antônio de Souza, no início do mês, quando assumiu o comando do banco.
Para ele, a redução facilita o acesso à casa própria e contribui para estimular o mercado imobiliário. "O objetivo da redução é oferecer as melhores condições para os nossos clientes, além de contribuir para o aquecimento do mercado imobiliário e suas cadeias produtivas", disse em nota.
De acordo com a instituição, com a medida, as taxas mínimas passaram de 10,25% para 9% ao ano no caso de imóveis dentro do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e de 11,25% para 10% ao ano para imóveis enquadrados no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI).
Estão enquadrados no SFH os imóveis residenciais de até R$ 800 mil, para todo o País, exceto para Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, onde o limite é de R$ 950 mil. Já os imóveis residenciais acima dos limites do SFH são enquadrados no SFI.
Para o diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) Miguel José Ribeiro de Oliveira o movimento da Caixa corrige uma rota que vinha sendo prejudicial para a própria instituição. "A Caixa decidiu reduzir o porcentual financiado do imóvel e aumentou os juros. Com isso, começou a perder mercado para outras instituições, que não seguiram o mesmo movimento", conta Oliveira.
O executivo da Anefac explica que, em média, cada ponto de redução do financiamento imobiliário impacta com a redução de 10% no montante final a ser desembolsado com o crédito. Esse porcentual tende a crescer conforme o tempo para quitação da dívida.
Segundo ele, com a queda da taxa básica da economia, a Selic, pela metade, ainda há espaço para novos cortes no financiamento imobiliário da Caixa. "A Selic não deve subir tão cedo e ainda há espaço para a Caixa cortar mais. Não devemos ter quedas grandes, mas alguma coisa ainda dá", diz.
A Caixa Econômica Federal é hoje a principal instituição para concessão de crédito imobiliário, concentrando cerca de 70% das emissões, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip)