FGTS: levantamento apontou que na percepção dos trabalhadores o FGTS poderia ser utilizado para alcançar alguns planos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Karla Mamona
Publicado em 7 de junho de 2022 às 15h36.
Última atualização em 7 de junho de 2022 às 15h45.
O conhecimento do brasileiro sobre o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ainda é superficial. É o que apontou uma pesquisa realizada pela Serasa em parceria com o banco Pan e divulgada nesta terça-feira, 7.
O levantamento foi realizado com mais de 2 mil pessoas no mês de abril. Os dados apontaram que a maioria (92%) dos trabalhadores sabe o que é o FGTS e conhece o significado da sigla, que é Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Entretanto, ao serem questionados sobre consulta de saldo e forma de saque, o percentual de brasileiros que afirmam que sabe sobre o assunto é menor.
Segundo a pesquisa, oito em cada dez trabalhadores (84%) sabem que é possível consultar o saldo do FGTS e seis em cada dez (62%) sabem o valor do seu saldo atual. Ou seja, de modo geral 16% não sabiam da possibilidade de consultar o saldo do FGTS e 22%, apesar de saberem, não têm ideia do seu saldo atual, portanto: 38% não têm ideia do seu saldo atual. Entre os que sabem quanto tem de saldo no fundo, a maioria (51%) afirmou ter entre R$1 mil e R$ 5 mil.
Os entrevistados tiveram de responder sobre “quais formas é possível sacar/retirar o FGTS”. Pelos dados, 67% afirmam saber quais são as formas de sacar/retirar, outros 33% não sabem como ter acesso ao seu saldo. Entre os que sabem como sacar o dinheiro, o conhecimento foi utilizado na experiência própria. “A pessoa sabe como sacar porque vivenciou aquilo, como demissão, comprou uma casa ou aderiu ao saque aniversário. O conhecimento veio da vivência,” afirmou Felipe Schepers, COO e co-founder da Opinion Box, durante a apresentação da pesquisa.
Uma parcela dos respondentes disse ainda ter conhecimento do saque em caso de fim de contrato ou quando o trabalhador é diagnosticado com uma doença grave.
Outra possibilidade de sacar o FGTS é por meio de empréstimo, linha de crédito atrelada ao fundo. Apenas 36% dos entrevistados disseram que é possível sacar o FGTS dessa maneira, ante 64% que disseram ou que não tem certeza ou que não sabem se é possível.
Por fim, o levantamento apontou ainda que na percepção dos trabalhadores, o FGTS poderia ser utilizado para alcançar alguns planos/metas, tais como comprar a casa própria (45%), montar o próprio negócio (33%), cuidar da saúde (20%), pagar dívidas (17%) e viajar para fora do país (17%).
Sobre o pagamento de dívidas, 36% dos entrevistados disseram possuem alguma conta em atraso. Destes, 34% possuem dívidas de até R$ 1 mil e 25% entre R$ 1 mil e R$ 2,5 mil.
A maioria dos entrevistados, 87%, concordou que ter uma vida financeira estabilizada é fundamental para conquistar os seus sonhos. Outros 76% afirmam que quando se é negativado é muito difícil conseguir um empréstimo.
Após a apresentação da pesquisa, a Serasa realizou um painel para discutir a flexibilização do uso do FGTS. Entre os participantes estavam Amanda Rapouzo, diretora da Serasa eCred, Nath Finanças, influenciadora e orientadora financeira, Dirlene Silva, economista, Matheus Moura, diretor de marketing da Serasa, Alex Sander, diretor comercial e de produtos do Banco Pan e Felipe Schepers da Opinion Box.
Para a economista Dirlene Silva, a flexibilização do saque do FGTS é muito positiva porque reflete a mudança da visão do trabalho no Brasil. Ela explicou que, quando o fundo foi lançado, os trabalhadores não trocaram de emprego, tinham no máximo dois empregos durante a vida e o FGTS era usuado para prioridade da época, que era a compra da casa. “Hoje, as pessoas têm outro estilo de vida. Muitos não têm carteira assinada, são empreendedores ou até não enxergam a casa própria como prioridade. Este dinheiro poderia ser usado de outra maneira.”
A influenciadora Nathália Rodrigues, conhecida como Nath Finanças, também participou e destacou durante a conversa a rentabilidade do FGTS, que é de 3% ao ano. “ No ano passado, quando a Selic estava na casa dos 2% até que fazia sentido. Hoje, a rentabilidade é muito abaixo da Selic e a pessoa não pode sacar o dinheiro e investir em outra coisa. Se ela tivesse essa possibilidade, seria melhor.”