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Feirões de renegociação podem aumentar dívidas dos consumidores, alerta Idec

Junção de dívidas em uma só, muito usada em mutirões, é a linha de empréstimo com maior inadimplência depois do crédito rotativo

Mulher preocupada com dívidas: consumidor deve se preparar melhor antes de aceitar propostas em feirões (Seb Oliver/Getty Images)

Mulher preocupada com dívidas: consumidor deve se preparar melhor antes de aceitar propostas em feirões (Seb Oliver/Getty Images)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 4 de julho de 2022 às 17h45.

Última atualização em 4 de julho de 2022 às 18h28.

Muitas pessoas buscam feirões de negociação de dívidas feitos por bancos ou por instituições de crédito para tentar se livrar de dívidas antigas. Mas será que eles realmente funcionam?

Dados do Banco Central apontam que, na média de 15 meses (dezembro de 2020 a fevereiro de 2022), a modalidade de dívida comum nesses feirões é a segunda com maior número de inadimplência. A chamada composição de dívidas tem média de 12,5% de inadimplentes. Só perde para o cartão de crédito rotativo, que responde por 30,70%.

A conclusão do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) é que os feirões “Limpa Nome” não resolvem a situação do endividamento. “A renovação da dívida, muitas vezes parcelada e com um prazo superior, além de não estar alinhada com a capacidade de pagamento, tem um potencial de aumentar o endividamento do consumidor pela maior exposição às taxas de juros”, afirma a coordenadora do Programa de Serviços Financeiro do Idec, Ione Amorim.

Isso acontece porque nesses mutirões os bancos pegam diferentes tipos de dívida que um consumidor possui e as transformam em uma só. Esse único modelo de dívida tem um crédito próprio e pode gerar juros maiores do que os das dívidas anteriores. "Geralmente essa modalidade é a primeira oferecida nesses mutirões".

Tenha cautela ao renegociar

Se a solução dada pelo banco for a composição de dívidas, é indicado verificar se os juros da linha serão maiores do que o de dívidas anteriores.

Também é recomendado olhar se a proposta está de acordo com a capacidade de pagamento. "O consumidor deve pedir a dívida atualizada. Se o saldo é de R$ 14 mil, pode fazer simulações:  será que poderá pagar parcelas de R$ 400? Se a taxa de juro for de 6%, conseguirá arcar com o débito? Também pode verificar se outra instituição financeira cobra taxas mais baixas", diz Amorim.

Para realizar as simulações, basta acessar a Calculadora do Cidadão no site do BC e preencher valor do principal e quantidade de meses, inserindo também prazos para pagamentos. Ou inserir os dados da proposta que já tem em mãos.

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No cartão de crédito, dependendo do tempo de atraso, pode conseguir desconto de até 90%. Aceitar acordo coletivo sem explorar essas condições é desfavorável ao consumidor".

É recomendável somar gastos totais, reserva de emergência e quanto sobrará para se comprometer com o pagamento das dívidas. "O intuito é não aceitar qualquer proposta. O consumidor vai muito despreparado aos feirões. Ficam com medo da pressão por prazo, que será negativado e vai perder seu bem".

Feirões mais frequentes

Segundo o BC, no mutirão ocorrido entre 7 e 31 de março de 2022 foram renegociados 1,7 milhão de contratos, um resultado 178% maior do que o feirão organizado em fevereiro de 2022.

Os números refletem a realidade atual do Brasil. Dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad) mostram que a renda do brasileiro caiu 6,3% em 2021, o que reflete no maior endividamento da população. A renda média mensal real domiciliar per capita do brasileiro está em R$ 1353. A diminuição foi pior entre as classes mais pobres.

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