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Falta de conhecimento, medo de se expor: por que falar de dinheiro é tabu?

Pesquisa realizada pelo banco BV mostra que maior parte dos brasileiros ainda considera a vida financeira um assunto proibido, e muitos não falam do tema sequer com cônjuges, parentes ou amigos

Segundo pesquisa do banco BV, 18% dos brasileiros não falam sobre dinheiro com ninguém | Crédito: Thinkstock (Feverpitched/Thinkstock)

Segundo pesquisa do banco BV, 18% dos brasileiros não falam sobre dinheiro com ninguém | Crédito: Thinkstock (Feverpitched/Thinkstock)

BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 17 de novembro de 2021 às 14h08.

Última atualização em 17 de novembro de 2021 às 14h18.

Quem nunca teve dificuldade em falar sobre a própria situação financeira, mesmo quando o ouvinte era alguém da família ou um amigo? Conversar sobre dinheiro, seja quando o momento é ruim ou quando a grana está sobrando, continua sendo tabu entre os brasileiros.

Isso é o que mostra uma pesquisa feita pelo banco BV, divulgada com exclusividade pela EXAME Invest. De acordo com o levantamento, 54% dos brasileiros consideram dinheiro um assunto delicado, e 18% dizem que não falam sobre grana com absolutamente ninguém (nem cônjuges, nem parentes, nem amigos).

"As razões pra isso são diversas: desde não querer chamar atenção para o próprio padrão de vida, até não falar de dinheiro porque acha que não entende do assunto", explica Carlos Eduardo Lopes, economista do banco BV.

E a falta de diálogo sobre a vida financeira não é por falta de interesse. A pesquisa do BV mostra que 58% dos entrevistados gostariam de ter mais conversas sobre dinheiro, e que 55% acreditam que conhecer a história de outras pessoas poderia ajudar a encontrar melhores soluções para problemas financeiros.

Na visão do economista do banco, a última parte é uma percepção verdadeira. Defende Lopes, do BV: "Falar sobre dinheiro não é necessariamente expor a vida financeira, especialmente para pessoas em que não se tem confiança. Falar sobre dinheiro abre as portas para o controle financeiro, para a elaboração de metas e, em último passo, para investir melhor".

Como falar de dinheiro?

Antes de sair por aí falando do próprio salário ou das dificuldades financeiras abertamente, é válido entender que falar de dinheiro não significa se expor. É importante saber levar o assunto para pequenos momentos do dia-a-dia, como na decisão de despesas em família, ou até na elaboração dos planos de viagem entre amigos.

"Com os filhos, por exemplo, dá para falar de dinheiro na hora de comprar o material escolar. Não precisa elaborar muito os conceitos, especialmente se os filhos forem pequenos, mas vale explicar qual o valor do orçamento para a compra, e expor por que é necessário economizar em um ou outro item", explica Lopes.

Já se o papo é entre adultos, vale começar do básico. O economista do BV lembra que é comum as pessoas falarem sobre investimentos, especialmente quando a história é bem-sucedida. Quem nunca teve aquele primo ou amigo que investiu em uma ação da bolsa e contou vantagem sobre?

A questão é que muitas pessoas fazem ou recebem esse tipo de recomendação sem olhar para o básico: a organização das contas do dia-a-dia.

"As pessoas ainda acham que falar de dinheiro é falar de investimentos, falar da grana que 'sobra'. Mas a parte mais importante é a de controle orçamentário, que essencialmente todos poderiam e deveriam fazer", defende Lopes.

Entre os assuntos possíveis, vale trocar dicas sobre como controlar despesas (desde como fazer uma planilha ou até como usar um aplicativo). Vale também falar sobre como resolver dívidas, para sair do sufoco.

"A possibilidade de ganhar dinheiro é sempre animadora, mas maior parte da população ainda tem dificuldades no passo anterior -- ou está endividada ou com dificuldades para formar uma reserva de emergência", conta o economista do BV.

Dados da pesquisa mostram que boa parte dos entrevistados, especialmente os que pertencem às classes C, D e E ainda acreditam que a melhor opção para trazer tranquilidade financeira é ter mais acesso a crédito ou a financiamentos.

Embora essa seja uma ferramenta importante, endividar-se sem um propósito ou sem qualquer tipo de controle é o melhor atalho para entrar em uma fria -- e daí evitar falar sobre o assunto, seja por vergonha ou por medo da exposição.

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