Aplicações: a conclusão do estudo reforça a visão de que o brasileiro ainda não sabe lidar com o dinheiro (Arquivo/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2017 às 17h56.
O brasileiro investe muito mal suas economias, mostra um estudo feito pelo Guiabolso com seus 3,2 milhões de usuários.
A plataforma, que oferece um sistema automático de controle de gastos e do orçamento nas contas correntes e cartões de crédito, analisou as aplicações de seus usuários.
“Cerca de 10% têm aplicações, ou seja, umas 300 mil pessoas”, diz Thiago Alvarez, presidente do Guiabolso. Mas a rentabilidade média é muito baixa, cerca de 70% do juro diário do CDI. Esse percentual equivale aproximadamente ao ganho da poupança ou menos. Com os juros básicos em 12,25% ao ano, esse ganho seria de 8,6% ao ano, ou 0,69% ao mês.
“A maioria dos recursos deve estar em poupança ou fundos DI de taxas de administração altas, o que mostra que há muito espaço para melhorar”, afirma Alvarez.
O total investido desses investidores não é baixo, é de cerca de R$ 40 bilhões, e muitos possuem quantias elevadas aplicadas, estima.
A conclusão do estudo reforça a visão de que o brasileiro ainda não sabe lidar com o dinheiro. Segundo William Eid Junior, professor da Fundação Getulio Vargas e responsável pelo Centro de Estudos em Finanças, o brasileiro não guarda dinheiro olhando o retorno, mas mais a segurança. E não entende muito onde está aplicando.
“São poucos os que guardam dinheiro e menos ainda os que acompanham o desempenho das aplicações, tanto que a poupança passou anos rendendo menos que outras opções do mercado e pouca gente saiu”, diz.
Segundo ele, a poupança média do brasileiro está em torno de R$ 2 mil, o que equivale à renda média mensal. “Isso quer dizer que se a pessoa perde o emprego, tem um mês de poupança para sobreviver”, diz. Eid destaca que isso ocorre não só com a baixa renda.
“Cansei de ver médicos, executivos, ganhando R$ 20 mil, R$ 30 mil por mês e que não guardavam nada, se caíssem doentes não teriam como pagar as contas”, diz.
A oferta de alternativas para investimento deve ser o próximo passo do Guiabolso, que começou este ano a trabalhar com crédito para seus usuários.
O modelo deve ser parecido, com acordos com instituições que deem vantagens para os usuários do Guiabolso, complementando as funções da ferramenta, que ajuda as pessoas a organizarem seus orçamentos e aumenta a capacidade das famílias de economizar.
Segundo Alvarez, quatro meses após aderir ao Guiabolso, as pessoas passam a economizar 2,5 vezes mais. “Estimamos uma economia média de R$ 470 reais por mês, o que dá quase R$ 6 mil por ano”, afirma o executivo.
Além disso, há um aumento de 15% nas pessoas investindo. “Não é só sobrar dinheiro, é aplicar”, afirma Alvarez, acrescentando que mais da metade aplicam em poupança, fundos DI e de previdência.