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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Além disso, o desempenho da instituição deve melhorar à medida que forem sendo incorporados os ganhos de sinergia e eficiência resultantes da compra do Banco Real. O grande desafio, segundo os especialistas, fica por conta do aumento da rentabilidade, já que o retorno do banco está aquém do apresentado pelos concorrentes. "A estratégia do Santander é mais agressiva que a de seus pares. Num cenário de bonança, como é esperado para os próximos meses, isso deve gerar resultados superiores aos da concorrência", avalia João Augusto Frota Salles, analista da consultoria Lopes Filho. (continua)
Riscos, dividendos e liquidez
Ao ser mais agressivo que os rivais, o Santander também assume maiores riscos - o que pode ser perigoso em caso de mudança de cenário. Salles, entretanto, ressalta que o Santander foi um dos poucos bancos com atuação global a não ter problemas com o subprime (hipotecas de alto risco). O Índice de Basiléia, indicador de solvência utilizado por bancos de todo o mundo, mostra que o Santander Brasil encontra-se no mesmo patamar de solidez de Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil.
Mas o fato de o banco ter um controlador estrangeiro confere aos investidores um risco adicional. "Os acionistas no Brasil também correrão os riscos da matriz, que atende a uma legislação diferente da brasileira. Mesmo a operação no país sendo gerida por profissionais de primeira linha, sempre haverá a influência da matriz sobre os negócios", afirma Mendonça Neto.
Em compensação, o prospecto preliminar da oferta de units destaca a intenção do banco de elevar sua distribuição obrigatória de dividendos de 25% para 50% do lucro líquido anual. O intuito de tal medida, na avaliação de Salles, é superar os valores oferecidos pelos concorrentes. O Bradesco tem a política de distribuir anualmente 30% de seu lucro líquido, enquanto os estatutos de Itaú Unibanco e Bradesco estabelecem 25%. Em 2008, entretanto, o Bradesco distribuiu 35%, o Itaú Unibanco pagou 32% e o Banco do Brasil, 40%.
A oferta de units tem corpo para colocar os papéis do Santander entre os mais negociados da Bovespa. O banco espanhol já tem ações na bolsa, mas sua liquidez é baixa. Os especialistas acreditam que já no ano que vem os papéis deverão entrar no Ibovespa.
Os grandes do setor bancário | |||||
Banco | Valor de mercado (R$ bilhões) | Patrimônio Líquido (R$ bilhões) | Lucro Líquido (R$ bilhões) | Rentabilidade Anualizada (%) | Índice de Basiléia (%) |
Bradesco | 96,3 | 37,3 | 4,0 | 22,27 | 17,00 |
Banco do Brasil | 78,5 | 32,4 | 4,0 | 24,96 | 15,30 |
Itaú Unibanco | 142,5 | 47,3 | 4,6 | 18,99 | 16,50 |
Santander Brasil | 78,2 | 49,4 | 1,0 | 9,88 | 16,99 |
* Dados do último balanço divulgado | |||||
Fontes: Economática e consultoria Lopes Filho |
(continua)
Investidor já pode reservar ações
Os investidores têm até o dia 5 de outubro para solicitar a sua corretora a compra de units do Santander. As reservas podem ser feitas com o valor mínimo de 3.000 reais e máximo de 300.000 reais. A expectativa dos coordenadores da operação é de que o preço dos papéis seja fixado entre 22 reais e 25 reais, mas o valor só será conhecido no dia 6 de outubro.
Serão ofertadas 525.000.000 units, cada uma formada por 55 ações ordinárias e 50 ações preferenciais. Havendo demanda, poderão ser colocados mais dois lotes, um suplementar e um adicional, somando mais 100.000.000 units. Os investidores de varejo ficarão com até 20% da oferta, sendo que funcionários e clientes do Santander Brasil terão prioridade na compra.
O aumento de capital decorrente da oferta de units deverá ser aprovado pelo Banco Central, mas não há um prazo para que isso aconteça. Após a homologação, as units serão convertidas em ações do banco.