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Endividamento e inadimplência das famílias renovam recorde em abril

A fatia com dívidas a vencer alcançou 77,7% do total de famílias, maior patamar da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic)

Dívidas: a parcela de inadimplentes, ou seja, com dívidas ou contas em atraso, alcançou o ápice histórico de 28,6% do total de famílias (boonchai wedmakawand/Getty Images)

Dívidas: a parcela de inadimplentes, ou seja, com dívidas ou contas em atraso, alcançou o ápice histórico de 28,6% do total de famílias (boonchai wedmakawand/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de maio de 2022 às 12h10.

Última atualização em 2 de maio de 2022 às 12h37.

A proporção de brasileiros endividados e inadimplentes alcançou novos recordes em abril, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A fatia com dívidas a vencer alcançou 77,7% do total de famílias, maior patamar da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), iniciada em janeiro de 2010.

O resultado representa um avanço de 0,2 ponto percentual (p.p.) ante março. Em relação a abril de 2021, quando a parcela de endividados estava em 67,5%, a alta foi de 10,2 pontos percentuais.

A parcela de inadimplentes, ou seja, com dívidas ou contas em atraso, alcançou o ápice histórico de 28,6% do total de famílias. O resultado representa uma alta de 0,8 ponto percentual em abril ante março. Em relação a abril de 2021, houve elevação de 4,3 pontos percentuais na proporção de inadimplentes.

"O valor também representa crescimento de 4,4 p.p. em relação ao registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia de covid-19", ressaltou a CNC, em nota.

A pesquisa identificou ainda que 10,9% declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e, portanto, permanecerão inadimplentes, um aumento de 0,1 ponto percentual ante março. Em relação a abril de 2021, houve crescimento de 0,5 ponto percentual.

De acordo com a CNC, a inflação alta e disseminada leva as famílias a recorrerem ao crédito para recomposição da renda, apesar dos juros elevados.

O cartão de crédito se manteve como o tipo de dívida mais comum entre os consumidores, única modalidade com aumento em abril, alcançando 88,8% de famílias com dívidas. Segundo a entidade, o resultado revela "que o endividamento está ocorrendo essencialmente no consumo de curto prazo". Em abril, o tempo médio de comprometimento das famílias com dívidas foi de 7,1 meses.

Na avaliação por faixa de renda, o percentual de endividados entre as famílias mais ricas, com rendimentos acima de dez salários-mínimos mensais, subiu a 74,5%, maior patamar da série histórica, com alta de 0,8 ponto percentual em relação a março e expansão de 11,4 pontos percentuais ante abril de 2021. No grupo com renda mais baixa, até dez salários-mínimos mensais, a fatia de endividados chegou ao nível também recorde de 78,6%, subindo 0,1 ponto percentual em relação a março e 10 pontos percentuais ante abril de 2021.

Quanto à inadimplência, 31,9% das famílias de renda mais baixa estão com contas em atraso. No grupo de renda mais elevada, 13 5% estão inadimplentes.

"Os orçamentos mais acirrados têm levado mais famílias a atrasarem o pagamento de contas e dívidas e usarem mais o cartão de crédito, que é a modalidade de dívida para o consumo de curto prazo", avaliou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC, em nota.

Segundo a economista, o "contínuo encarecimento do crédito e a fragilidade apresentada no mercado de trabalho devem seguir afetando negativamente a dinâmica da inadimplência".

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