Pagamento do IPVA à vista com deconto de 3% vai só até esta terça-feira em São Paulo. (ALMEIDA ROCHA /Folha Imagem)
Da Redação
Publicado em 11 de janeiro de 2011 às 05h36.
São Paulo - Fim e início de ano são épocas tradicionalmente pesadas para o bolso dos brasileiros. Depois das festas, vêm os impostos, e para quem tem filhos, as despesas com matrícula e material escolar. Quem mora no estado de São Paulo, por exemplo, deve começar a se preocupar em pagar o IPVA a partir desta terça-feira (11), quando vence a 1ª parcela dos proprietários de carros com final de placa 1. Já para os fluminenses, as parcelas começam a vencer nesta quarta (12). E, daqui para frente, todos os estados e municípios cobrarão seus impostos sobre veículos e habitação.
Pensando nisso, muitos bancos sugerem que seus clientes façam um empréstimo pessoal para quitar esse tipo de dívida. Alguns criaram até linhas específicas para as chamadas “despesas de início de ano”. Porém, especialistas alertam que esse tipo de empréstimo deve ser a última alternativa, já que as taxas de juros são bastante salgadas.
Última alternativa
Para especialistas em finanças pessoais, pegar um empréstimo pessoal para pagar impostos, multas atrasadas e despesas escolares é um recurso apenas para quem realmente não tem outra opção. “Até se houver gente da família disposta a emprestar vale mais a pena, financeiramente falando. Os juros, quando existem, são muito menores”, opina Wilson Pires, professor do curso de Administração do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI).
Para quem não quer recorrer a parentes ou pessoas próximas de jeito algum também há linhas de crédito mais vantajosas do que aquelas que os bancos oferecem para esse tipo de dívida. Normalmente, os empréstimos destinados à quitação de despesas de início do ano são modalidades de crédito pessoal. Mas, de acordo com Wilson Pires, se o contribuinte tiver acesso a um crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) é muito melhor. “São as menores taxas de juros do mercado. Mas apenas quem trabalha em uma empresa conveniada ao banco pode contratá-lo”, lembra.
André Massaro, especialista em finanças da consultoria Moneyfit, lembra que algumas pessoas recorrem a empréstimos mesmo quando têm dinheiro na poupança ou em aplicações de longo prazo, o que é um erro. “Não tem essa de ‘não pode mexer no investimento’. Nenhuma aplicação, por melhor que seja, renderá mais que 3% ou 4% ao mês. É melhor usar o dinheiro aplicado para quitar as despesas de início de ano e evitar uma dívida que gere juros desta mesma ordem”, explica.
Massaro ainda aconselha o contribuinte a devolver o dinheiro às aplicações, futuramente, com juros semelhantes aos juros de um empréstimo pessoal, como um “pagamento a si mesmo”. “Esses empréstimos só devem ser usados por quem não tem reserva alguma. E depois de contratá-los, está na hora de rever seriamente seus procedimentos de finanças pessoais”, diz.
Opções no mercado
Depois que passam as festas, é comum os bancos começarem a oferecer linhas de crédito diferenciadas para as despesas de início de ano. O Bradesco, por exemplo, criou condições especiais para a sua linha de crédito pessoal. Até 31 de março, quem pedir o empréstimo pessoal do banco pode parcelar sua dívida em até 12 vezes, com prestação mínima de 20 reais e primeiro pagamento para até 59 dias após a contratação. Os juros ficam por 4,18% ao mês, quando no resto do ano chegam a 5,47% ao mês.
No Banco do Brasil, a linha que se presta a esse propósito é o BB Crediário Pagamentos Diversos, que pode ser contratado diretamente no caixa eletrônico e possibilita o pagamento de bens e serviços de todo o tipo. Os valores financiados variam de 70 a 50.000 reais, parcelados em até 36 meses, com a primeira prestação somente para dali a 59 dias. Os juros podem ser de 3,38% ao mês (para contratos entre dois e 24 meses) e de 3,58% ao mês (para contratos entre 25 e 36 meses).
Bancos como o Santander e a Caixa Econômica Federal não dispõem de linhas específicas para os gastos de início de ano, mas sugerem que seus clientes “apertados” nessa época financiem seus impostos e despesas escolares com um empréstimo pessoal. No Santander, o crédito pessoal pode ser contratado em qualquer canal de relacionamento com o banco. O parcelamento pode ser feito em até 48 meses, com a primeira prestação para dali a 90 dias e taxas de juros que variam de 2,49% a 5,49%. A Caixa é o banco que tem os juros mais “amigáveis”, com linhas de prazos que chegam a 96 meses e que cobram juros a partir de 1,39% ao mês + TR.
A melhor maneira
Especialistas em finanças são categóricos ao afirmar que a melhor maneira de pagar impostos e despesas escolares é o bom e velho planejamento, que deve começar ainda no ano anterior. A possibilidade de parcelar o IPVA em três vezes e o IPTU em dez ou onze vezes também é uma maneira de aliviar um pouco o bolso do contribuinte. Além disso, para quem quita suas obrigações à vista até o vencimento da primeira parcela do imposto costuma ganhar leves descontos.
Em São Paulo e em Minas Gerais, por exemplo, o desconto no IPVA é de apenas 3%, mas chega a 10% em estados como Rio de Janeiro, Bahia e Amazonas. Em alguns lugares existe ainda uma recompensa para os bons motoristas. Gaúchos e paraenses que não tenham recebido multas nos últimos anos ganham descontos de 10% a 15% no IPVA. O IPTU também conta com benefícios semelhantes. Em municípios como São Paulo e Curitiba, o desconto para o pagamento à vista até o primeiro vencimento é de 6%, chegando a 10% em cidades como Salvador e Recife.
Ficar inadimplente para evitar pegar um empréstimo, no entanto, não deve ser considerado como alternativa. Embora os juros sejam em geral baixos, algo em torno de 1% ao mês, há a incidência de multa a cada dia de atraso. Mais grave ainda, o contribuinte fica “com o nome sujo” nos cadastros de inadimplência do estado ou do município, podendo perder alguns direitos.
No caso do material escolar, também vale a dica do planejamento: muita pesquisa pelos menores preços, utilização do que tiver sobrado do ano anterior e avaliação da possibilidade de ir comprando aos poucos. E é bom manter sempre em mente: nenhuma escola pode exigir a compra em uma determinada loja, de materiais de determinada marca ou de itens de uso coletivo, como produtos de limpeza ou giz.