Receita: a previsão do governo é arrecadar R$ 2,85bilhões com a segunda etapa do programa (./Thinkstock)
Anderson Figo
Publicado em 15 de janeiro de 2017 às 07h00.
Última atualização em 15 de janeiro de 2017 às 07h00.
São Paulo - O Tesouro Selic, título público vendido através do Tesouro Direto e que acompanha a variação da taxa básica de juros, deve proporcionar aos investidores, em 2017, o maior ganho real dos últimos dez anos. É o que aponta um estudo realizado pelo analista Roberto Indech, da corretora Rico.
O cálculo chama atenção especialmente porque estamos no meio de um ciclo de cortes na Selic promovido pelo Banco Central. Na última quarta-feira (11), a taxa de juros foi reduzida de 13,75% para 13% ao ano. Foi o terceiro corte consecutivo da Selic, e economistas esperam ainda mais para este ano (veja quanto R$ 5 mil rendem com a Selic em 13% ao ano).
A redução mais agressiva da Selic tem sido possível graças ao alívio da inflação. O IPCA de dezembro mostrou alta nos preços de apenas 0,30%, levando o acumulado de 2016 para 6,29%, dentro do limite da meta do governo, de 6,5%.
A desaceleração do IPCA também beneficia o ganho real do Tesouro Selic, já que, apesar de os juros estarem caindo, o índice oficial de preços deve ceder em um ritmo mais intenso em 2017. Segundo a versão mais atual do Boletim Focus do Banco Central, o mercado espera que o IPCA termine este ano com alta acumulada de 4,81%.
“Espera-se que taxa de juros chegue abaixo de 12% já neste primeiro semestre de 2017 enquanto que a inflação poderá atingir o centro da meta estipulado pelo governo, de 4,5% ao ano, nos próximos meses”, afirma Indech.
De acordo com os cálculos de Indech, o ganho real do Tesouro Selic em 2017 deverá ser de 6,67%, considerando um IPCA médio de 5% e uma Selic média de 12%. Se a projeção se confirmar, será a maior rentabilidade real desde 2007, quando ficou em 8,01%.
Veja na tabela abaixo o comportamento da inflação, dos juros e do ganho real do Tesouro Selic nos últimos dez anos.
Ano | IPCA médio, em % | Selic média, em % | Ganho real, em % |
---|---|---|---|
2007 | 3,64 | 11,94 | 8,01 |
2008 | 5,67 | 12,59 | 6,55 |
2009 | 4,90 | 9,81 | 4,68 |
2010 | 5,04 | 10,03 | 4,75 |
2011 | 6,63 | 11,78 | 4,83 |
2012 | 5,41 | 8,47 | 2,90 |
2013 | 6,21 | 8,38 | 2,04 |
2014 | 6,33 | 11,03 | 4,42 |
2015 | 9,01 | 13,63 | 4,23 |
2016 | 9,00 | 14,16 | 4,73 |
2017* | 5,00 | 12,00 | 6,67 |
*Projeção da corretora Rico
Fontes: Rico, BC e IBGE
A aplicação mínima inicial é de 30 reais e qualquer um pode investir, basta procurar um banco ou uma corretora para intermediar a negociação.
Ao aplicar no Tesouro Direto, você precisa ficar atento com as taxas cobradas pelas instituições financeiras autorizadas a negociar os títulos públicos, chamadas de agentes de custódia. Algumas delas isentam o investidor do pagamento, mas outras chegam a cobrar até 2% ao ano, o que compromete os ganhos. Veja as taxas cobradas por cada um dos agentes.
Além da taxa, você também deve considerar que a aplicação em títulos públicos sofre tributação de Imposto de Renda. Sobre os resgates em até 180 dias incide uma alíquota de 22,5%; de 181 dias a 360 dias o imposto cai para 20%; de 361 a 720 dias vai para 17,5%; e acima de 721 dias é aplicada a menor alíquota, de 15%.
Para o consultor financeiro André Massaro, autor do blog “Você e o Dinheiro” em EXAME.com, o Tesouro Selic é o melhor título público para quem tem dúvida sobre qual papel do governo escolher.
O Tesouro Selic, explica Massaro, tem o risco de crédito (calote do governo) e o risco de mercado. “O risco de crédito em um título público federal é irrelevante. Qualquer título público é infinitamente mais seguro que a Poupança ou qualquer outro investimento oferecido por um banco (ainda que tenha cobertura do FGC)”, diz.
“Já o risco de mercado, num título pós-fixado como o Tesouro Selic, também é irrelevante. Ele acompanha a variação diária da Selic e não dá aquelas ‘chacoalhadas’ típicas dos prefixados. Então, a possibilidade de perda caso o investidor se desfaça do título antes do vencimento é mínima”, completa. Veja outras opções de investimentos que vão bater a poupança em 2017.