OGX foi o destaque negativo da Bolsa no mês, mas boas pagadoras de dividendos foram bem
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2012 às 20h18.
São Paulo – A Bolsa terminou junho novamente com maus resultados, com o Ibovespa fechando o mês com queda de 0,25%. O tombo teria sido maior se, nesta-sexta feira, o índice não tivesse recuperado fôlego e subido 3,23%. A melhor aplicação para o investidor pessoa física, no entanto, foram os fundos de dividendos (ao menos até o dia 26) e os títulos públicos prefixados – LTNs e NTN-Fs – negociados via Tesouro Direto.
Veja na tabela abaixo o desempenho das aplicações no mês de junho:
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Aplicação | No mês (%) | No ano (%) | Fechamento em |
---|---|---|---|
Fundos de Ações - Dividendos | 1,14 | 8,87 | 26/06/2012 |
LTN (vencimento em 01/01/2013) | 0,91* | 6,08 | 29/06/2012 |
NTN-F (vencimento em 01/01/2013) | 0,90* | 6,01 | 29/06/2012 |
Fundos Multimercado Multiestratégia | 0,69 | 7,23 | 26/06/2012 |
LFT (vencimento em 07/03/2013) | 0,69* | 4,69 | 29/06/2012 |
Selic | 0,58 | 4,58 | 28/06/2012 |
CDI | 0,57 | 4,52 | 28/06/2012 |
Fundos Multimercados Juros e Moedas | 0,56 | 5,66 | 26/06/2012 |
Fundos Multimercado Macro | 0,55 | 9,07 | 26/06/2012 |
Fundos referenciados DI | 0,55 | 4,67 | 26/06/2012 |
NTN-B (vencimento em 15/08/2012) | 0,55* | 4,45 | 29/06/2012 |
Fundos de renda fixa | 0,54 | 5,45 | 26/06/2012 |
Poupança | 0,50 | 3,27 | 28/06/2012 |
Fundos de ações Ibovepa Ativo | 0,32 | 0,26 | 26/06/2012 |
Ibovespa | -0,25 | -4,23 | 29/06/2012 |
Dólar comercial | -0,35 | 7,54 | 29/06/2012 |
Fundos de Ações Livres | -0,53 | 2,70 | 26/06/2012 |
Fundos de Ações – Small Caps | -1,48 | 2,98 | 26/06/2012 |
(*) Últimos 30 dias até a data de fechamento.
Fontes: Anbima, Banco Central e BM&FBovespa.
A crise externa combinou-se com o baque nas ações da Petrobras e principalmente da OGX, ambas de grande peso no Ibovespa, para puxar o índice para baixo. As quedas foram minimizadas nesta sexta mesmo, em função de boas notícias vindas da Europa. A União Europeia anunciou a criação de um órgão supervisor comum para os bancos, que permitirá a recapitalização direta das instituições financeiras por meio do fundo de resgate permanente europeu. “O desempenho da Bolsa daqui para frente vai depender de como o mercado vai digerir essas medidas, se serão suficientes ou não, e de sua implementação. Mas julho pode ser um mês bom”, diz o administrador de investimentos Fabio Colombo.
Apesar do bom dia de pregão, junho foi marcado pela vitória do partido Nova Democracia na Grécia de um lado – o que trouxe alívio ao mercado sobre uma possível saída da Grécia da Zona do Euro – e do outro pela crise bancária na Espanha, onde as instituições financeiras sofrem com a inadimplência e precisaram de resgate.
Na Bolsa brasileira, houve impacto negativo nas ações da Petrobras, devido ao reajuste nos preços dos combustíveis abaixo do esperado. Mas o destaque mais negativo do mês foi a OGX, que descobriu que sua capacidade de produção no campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos (RJ), era inferior ao inicialmente esperado, de acordo com relatório do Bank of America Merrill Lynch. No mês, os papéis da Petrobras recuaram cerca de 3% e os da OGX despencaram mais de 50%.
Com exceção dos fundos de dividendos, os demais fundos de ações tiveram desempenho ruim, em média. Vale lembrar, porém, que o fechamento da indústria de fundos é do dia 26 de junho, não incorporando ainda a alta desta sexta-feira. Mesmo assim, o desempenho de fundos de ações livres, Ibovespa ativo e de small caps foi próximo de zero, ainda que no acumulado do ano eles ainda estejam em alta.
Onde a pessoa física ganhou
As melhores aplicações do mês para o investidor pessoa física foram os fundos de dividendos, que ganharam, em média, 1,14% no mês. Os fundos de dividendos foram os únicos fundos de ações que conseguiram, na média, apresentar bom desempenho no mês. As ações defensivas oscilam menos em tempos de crise, e o pagamento de dividendos ajuda a amenizar as eventuais quedas.
As outras aplicações de sucesso para a pessoa física foram os títulos públicos prefixados – LTNs e NTN-Fs, que ganharam cerca de 0,9% em junho e cerca de 6% no ano. Após o corte de 0,5 ponto percentual na Selic no fim de maio, o mercado foi revendo para baixo sua expectativa de juros para o fim do ano, e os papéis prefixados mais curtos tiveram ganhos.
Por outro lado, as NTN-Bs mais curtas, atreladas à inflação, não vêm performando tão bem. A que vence em agosto deste ano teve ganho de apenas 0,55% no mês e 4,45% no ano. É menos do que a LFT mais curta (vencimento em março de 2013), indexada à Selic, que ganhou 0,69% no mês e 4,69% no ano. Mesmo a NTN-B que vence em maio de 2013 ganhou apenas 0,47% no mês e 5,96% no ano. A perspectiva de redução do juro real no Brasil (a NTN-B remunera um juro prefixado mais inflação) e uma perspectiva de inflação menor para junho fizeram o papel render menos.
Junho foi o primeiro mês da nova poupança, remunerada em 70% da Selic mais TR, em vez de 0,5% ao mês mais TR, como ocorria antes. Com isso, o rendimento foi de apenas 0,5%, vencido pelos títulos públicos e pela média de vários tipos de fundos multimercados. Os fundos DI e de renda fixa venceram a poupança por pouco. A saída para o investidor, diz Fabio Colombo, é buscar fundos de renda fixa de taxa de administração baixa. Se o fundo investir em ativos de crédito privado – e a maioria deles o faz – a taxa deve ser inferior a 1,5% ao ano.
Ainda segundo ele, os fundos multimercados que conseguiram ter boa performance foram aqueles que ganharam com a queda da Bolsa, a valorização do dólar e o fechamento dos cupons de juros.
No ano, os fundos multimercados macro são a melhor aplicação, com alta de 9,07%, seguidos dos fundos de dividendos, com alta de 8,87%, e dos fundos multimercados multiestratégia, que valorizaram 7,23%. Vale lembrar, porém, que as médias dos multimercados são menos fiéis à realidade do que a dos fundos de dividendos. Enquanto estes têm estratégias e desempenhos mais homogêneos, os multimercados de uma mesma categoria podem ser bastante diferentes entre si.