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Após IPO na Nasdaq, Inter (INBR31) vai abrir as portas dos EUA a 1 milhão de clientes

Banco vai integrar ao seu "super app" os serviços de abertura de conta e investimentos nos Estados Unidos. Plano é ter mais de 1 milhão de clientes no segmento até o final de 2022

Inter: Depois da estreia na Nasdaq, banco digital quer ampliar serviços para investimento no exterior (Inter/Divulgação)

Inter: Depois da estreia na Nasdaq, banco digital quer ampliar serviços para investimento no exterior (Inter/Divulgação)

BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 12 de julho de 2022 às 06h07.

Última atualização em 13 de julho de 2022 às 17h11.

No mês passado, os executivos do Banco Inter (INBR31) desembarcaram em solo americano para participar da cerimônia de listagem de ações da empresa na Nasdaq, em Nova York. Mas além do rito de tocar o sino, parte da equipe do banco foi aos Estados Unidos com a missão de trabalhar no desenvolvimento da plataforma de investimentos e de conta-corrente que o Inter está desenvolvendo para os clientes brasileiros que desejam diversificar sua vida financeira.

O Inter vai oferecer, em seu "super app", os serviços de abertura de conta e de investimentos nos Estados Unidos. Em um primeiro momento, as ferramentas estão disponíveis em formato de teste apenas para um grupo menor de clientes, mas o plano do banco é atingir mais de 1 milhão de contas abertas no país até o final de 2022.

"Ter um percentual do patrimônio aplicado fora do país sempre vai fazer sentido, independente da taxa de juros aqui ou no mundo. O Brasil tem um histórico complexo de inflação, de mudanças de governo e de viradas nas políticas fiscais. A alocação no exterior sempre existiu, mas agora pode ser feita de forma mais eficiente", disse Felipe Bottino, diretor de investimentos do Inter, em entrevista à EXAME.

Conta global do Inter

A abertura de portas para o mercado dos Estados Unidos foi possibilitada pela compra da fintech americana Usend e pela parceria com a Apex, uma das maiores plataformas de liquidação e custódia do país.

"Fizemos uma boa pesquisa para encontrar os parceiros ideais, para que fosse possível trazer esses serviços de forma totalmente integrada ao nosso 'super app'. O cliente poderá ver, no mesmo aplicativo, informações da conta local, da conta offshore, cartão internacional, investimentos no exterior etc. Basta apertar um botão e você estará nos Estados Unidos", disse Bottino.

Ele disse que foram abertas cerca de 50 mil contas globais na primeira etapa de desenvolvimento da plataforma, e que isso já ajudou o Inter a abocanhar 10% do mercado de produtos offshore para clientes de varejo no Brasil.

A meta de 1 milhão de contas no exterior parece ambiciosa, principalmente considerando que o Inter tem 2 milhões de clientes em seu braço de investimentos. O plano, conta Bottino, é primeiro simplificar o acesso aos produtos internacionais, e depois apostar na conscientização do investidor sobre a importância de diversificar a carteira.

"Mesmo para o perfil conservador, indicamos ao menos 5% de alocação em ativos do exterior. A tendência de internacionalização vai se tornar padrão da indústria, e nós temos o diferencial de oferecer isso de forma integrada", defendeu o executivo do Inter.

Ele disse que, em um primeiro momento, os brasileiros que querem ter acesso ao mercado internacional serão o público-alvo, mas que os clientes americanos também podem ver benefícios na plataforma, principalmente com o ganho de publicidade e credibilidade que a listagem das ações em Nova York traz.

"O foco ainda é atender os 20 milhões de clientes que o Inter tem no Brasil, mas quando pensamos no nosso 'super app', não existe nada parecido no mercado americano. Entendemos que temos uma proposta de valor atrativa também para os clientes do país", argumentou Bottino.

Juros em alta, bolsas em baixa

Questionado sobre como a alta dos juros nos Estados Unidos e a queda dos índices de ações no país influenciam os planos do Inter, o executivo do banco minimizou a preocupação. Segundo Bottino, a visão de médio e longo prazo é pouco afetada pela turbulência que os mercados vivem agora.

"Ter um percentual do patrimônio aplicado fora do país sempre vai fazer sentido, independente da taxa de juros aqui ou no mundo. O Brasil tem um histórico complexo de inflação, de mudanças de governo e de viradas nas políticas fiscais. A alocação no exterior sempre existiu, mas agora pode ser feita de forma mais eficiente", disse o diretor de investimentos do Inter.

Ele lembra que até pouco tempo atrás, apenas os clientes de alta renda conseguiam acessar o mercado externo – para o varejo, restavam apenas alguns poucos feeder funds que replicavam os modelos de forma menos eficaz.

Agora, além da ampliação das ferramentas, o investidor brasileiro tem ganhado consciência sobre a importância de diversificar a carteira e de planejar parte do patrimônio pensando no médio e longo prazo. Dessa forma, diz o diretor do Inter, mesmo com os ventos mais desfavoráveis no mercado em 2022 e 2023, a meta de angariar milhões de clientes no exterior tende a ganhar força.

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