Aposentadoria tranquila: em tempos de crise, muitos brasileiros deixam de contribuir para os planos de previdência e usam o dinheiro para pagar contas do dia a dia (Digital Vision./Thinkstock)
Natália Flach
Publicado em 17 de julho de 2020 às 11h40.
Última atualização em 17 de julho de 2020 às 14h00.
Em tempos de crise econômica, fazer uma reserva de longo prazo torna-se uma tarefa mais árdua. Afinal, com a queda na renda familiar, o dinheiro que seria investido no longo prazo acaba sendo usado para pagar as contas do dia a dia. Isso explica por que os planos de previdência privada aberta tiveram um recuo de 3 bilhões de reais no patrimônio líquido, no acumulado de janeiro a maio, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais. "Algumas pessoas deixaram de fazer contribuições mensais para investir em produtos de maior liquidez, pois estão preocupadas com a perda do emprego", explica Claudio Sanches, diretor de produtos de investimento e previdência do Itaú Unibanco.
Para estimular que as pessoas façam suas reservas financeiras de longo prazo – mesmo em tempos de crise – e democratizar o acesso aos planos de previdência, o Itaú vai lançar um produto cujo aporte mínimo mensal é de 1 real. "Esse plano tem vários vértices embaixo e, de acordo com a mudança do cenário econômico, a equipe faz a realocação do dinheiro automaticamente", diz Sanches.
É um produto sofisticado que até então era vendido para clientes de média alta renda do Personnalité, mas que agora vai ser disponibilizado para o Uniclass. No plano, há ativos de renda fixa e renda variável do Brasil e do exterior, além de uma posição em ouro. A taxa de administração é de 1,1% e não há cobrança de taxa de performance. "A princípio, vamos distribuir apenas na plataforma do Itaú, mas depois pode ser que coloquemos em outros canais digitais", afirma o executivo sobre plataformas de investimentos, tais como o BTG digital (que pertence ao mesmo controlador da Exame).
Sanches explica que, diferentemente de outras casas, a definição do perfil do cliente no Itaú se dá por carteira e não por produto. Pode parecer uma questão só de nomenclatura, mas isso possibilita que a carteira do cliente tenha um pouco de cada produto, dependendo se ele é moderado, conservador, arrojado ou agressivo. "Isso permite uma otimização do risco e retorno."
Perguntado sobre como o plano de previdência teria se saído durante a queda brusca dos mercados em março, Sanches diz que o produto é igual à Carteira Itaú, com seus vértices embaixo de seu guarda-chuva. "A carteira teve rentabilidade negativa em março e em abril, e agora começa a se recuperar. Essa é a beleza do modelo. Estávamos posicionados em ativos brasileiros e em títulos americanos em dólar, o que minimizou as perdas", diz.