Dinheiro: em abril o volume médio diário (ADTV) do segmento Bovespa foi de US$ 3,36 bilhões, queda de 18% (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2014 às 12h32.
Nova York e Londres - As corretoras estão buscando diversificação de portfólio para atravessar um período de menores volumes e apetite da pessoa física em renda variável. Distribuição de fundos, produtos de renda fixa e produtos para trading eletrônico estão entre as opções na prateleira para driblar um período de queda nas negociações em bolsa, a ser agravado pela Copa do Mundo.
O dia 12 de junho, estreia do Mundial quando o Brasil enfrenta a Croácia, por exemplo, já foi decretado feriado municipal pela prefeitura de São Paulo. Na data, ações e derivativos não serão negociados na BM&FBovespa, ao passo que o mercado de balcão de câmbio e títulos públicos segue normalmente. Nos demais dias de jogos do Brasil, o pregão será encerrado duas horas antes do início das partidas.
Entretanto, a Copa não é motivo exclusivo para a expectativa de baixos volumes, na visão do diretor da Alpes Corretora, Expedito Araujo. A atividade econômica brasileira tem desapontado, fator que vem prejudicando o andamento dos negócios. "Nos últimos anos, a redução de volume e a queda do número de pessoas físicas atuantes no mercado canalizaram os esforços das corretoras para buscar novas fontes para diversificação de suas receitas", afirma.
O analista de bancos da Austin Rating, Luis Santacreu, diz que, nesse momento, os juros em patamares elevados têm distanciado as pessoas físicas da renda variável e exatamente por conta disso as corretoras têm tentado buscar produtos ligados à renda fixa. Entre as opções, as mais atraentes para esse segmento são Certificado de Depósito Bancário (CDB), e produtos com isenção de imposto de renda, como Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA).
Santacreu concorda que o fator Copa afetará os negócios, mas lembra que as corretoras estão há cerca de dois anos tendo de lidar com "volumes magros". "A Bolsa está em um momento errático, não rompe a barreira dos 65 mil e as subidas são muito motivadas pelos estrangeiros", diz, lembrando que esse tipo de investidor opera no Brasil também por meio de grupos internacionais.
Somado a isso, o analista destaca que o mercado segue concentrado por conta da verticalização dos grandes bancos, que também atuam com suas corretoras. Em abril o volume médio diário (ADTV) do segmento Bovespa foi de US$ 3,36 bilhões, queda de 18% em relação ao mesmo mês do ano passado.
O analista da Guide Investimentos, Fábio Galdino, lembra que além dos volumes mais baixos por conta do cenário macroeconômico e da Copa, o início do segundo semestre é marcado ainda pelo período de férias de verão no hemisfério norte, o que deverá retirar parte da liquidez do estrangeiro. Nesse sentido, o impacto real de Copa do Mundo terá um efeito "marginal", na opinião de Galdino.
A Guide tem buscado nesse período de maior volatilidade, marcado ainda pela divulgação de pesquisas eleitorais, se aproveitar de algumas distorções que são criadas, o que pode representar um momento de entrada ou saída de uma determinada ação.
No ano passado o lucro das 78 corretoras que atuam no Brasil atingiu R$ 1,078 bilhão, queda de 3,3% na relação anual, de acordo com dados da Austin Rating. No entanto, se for retirado o lucro das dez primeiras do ranking, de R$ 1,14 bilhão, o restante do levantamento apresenta um prejuízo de R$ 64,7 milhões.