Minhas Finanças

Como o aumento do IOF vai afetar o consumidor

Compras parceladas de carros, eletrodomésticos e móveis ficarão um pouco mais caras

O impacto do novo IOF não será tão visível para os brasileiros, acostumados – e afeitos – a considerar apenas o valor individual das parcelas (Stock Exchange)

O impacto do novo IOF não será tão visível para os brasileiros, acostumados – e afeitos – a considerar apenas o valor individual das parcelas (Stock Exchange)

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Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2011 às 16h59.

São Paulo – Com o intuito de frear o consumo e brecar a inflação, o governo lançou mão de mais uma medida macroprudencial e subiu de 1,5% para 3%o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) anual que incide sobre o crédito a pessoas físicas. O objetivo foi tornar o financiamento mais caro, inibindo a vontade de gastar das famílias brasileiras.

É verdade que a compra parcelada ficará mais salgada: a cobrança diária passará de 0,0041% para 0,0082% sobre o valor do empréstimo. Ainda assim, especialistas acreditam que a mudança não deverá afetar a disposição do consumidor em abrir a carteira. Para uma TV de 2.000 reais financiada em 24 vezes com juros de 4% ao mês, a prestação mensal pulará de 133,14 reais para 135,11 reais, um aumento de menos de dois reais por mês. No fim das contas, o produto ficará apenas 47,28 mais caro.

Empréstimos que tiverem sido tomados até a última quinta, 7 de abril, não serão reajustados. O financiamento de imóveis tampouco será afetado. De maneira geral, a nova regra só valerá para as demais modalidades de crédito que cobrarem juros pela antecipação do dinheiro.

É o que acontece no financiamento de carros, no crédito consignado, no cheque especial, no empréstimo pessoal e no rotativo do cartão de crédito. No caso de lojas de varejo que emitem plástico próprio, o consumidor só sentirá o aumento do IOF se optar por parcelamentos mais longos, em que há incidência de juros.

Para driblar o aumento do IOF, é possível parcelar as compras no cartão de crédito e quitar a fatura na íntegra. Embora tenha sido abolida em muitos estabelecimentos comerciais, outra alternativa é dividir o valor da compra nas velhas folhas do talão de cheque.

De qualquer forma, o impacto do novo IOF não será tão visível para os brasileiros, acostumados – e afeitos – a considerar apenas o valor individual das parcelas, em detrimento do preço final do produto. Confira, a partir de simulações da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), como o aumento do tributo pode impactar a compra de outros bens:

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Financiamento Antes Depois Diferença
Empréstimo pessoal de 10.000 reais, financiado em 24 meses com juros de 4,8% ao mês + IOF Prestação mensal de 700,22 reais e gasto total de 16.805,28 reais Prestação mensal de 710,57 reais e gasto total de 17.053,68 reais 10,35 reais no valor da parcela e 248,40 reais no valor do bem
Carro de 30.000 reais, financiado em 60 meses com juros de 1,8% ao mês + IOF Prestação mensal de 834,09 reais e gasto total de 50.045,40 reais Prestação mensal de 846,41 reais e gasto total de 50.784,60 reais 12,32 reais no valor da parcela e veículo 739,20 reais no valor do bem

Como se vê, embora o preço fique maior à medida que se alonga o prazo para a quitação da dívida, a variação da parcela mensal não chega a assustar. "A pessoa física é muito mais sensível ao valor da prestação”, diz o professor de finanças da FIA/USP Ricardo Almeida. “E essa nova alíquota de IOF não terá um efeito tão alto ou sequer perceptível a ponto de fazê-la desistir da compra.”


Segundo ele, se por um lado o consumidor não deverá se surpreender com os novos carnês de financiamento, por outro, os bancos continuarão dispostos a emprestar. “Estamos com abundância de capital no Brasil. O funding das instituições financeiras vem do investidor estrangeiro e, na atual conjuntura, qualquer remuneração é compensatória pra ele”, emenda o professor.

“No nível em que estamos de sobreaquecimento, o aumento do IOF é uma gotinha no mar”, concorda a economista-chefe da Galanto Consultoria, Monica Baumgarten de Bolle. Segundo ela, a aposta no efeito cumulativo do pacote macroprudencial não deixa de ser uma estratégia arriscada. “Ninguém sabe mensurar essas medidas, que acabam não tendo impacto nenhum sobre as expectativas de inflação.”

Utilizado para medir a escalada de preços na economia, o IPCA fechou março em 0,79%, maior alta para o período desde 2003. Mercado e equipe econômica estão de olho nos resultados que virão pela frente. Conquanto a eficácia do aumento do IOF para debelar a inflação não seja exatamente palpável, o aumento da arrecadação proporcionado pelo ajuste não passará batido.

Antes mesmo do anúncio, o governo já contava com um aumento de 18% com a receita do imposto em 2011, percentual três vezes maior que a expectativa da inflação para o ano. As novas alíquotas do IOF deverão reforçar esse caixa. Assim como a extinta CPMF, o tributo incide sobre as transações financeiras. A diferença é que, nesse caso, a arrecadação não é dividida com estados e municípios, além de poder ser alterada pelo executivo via decreto.

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