Comprar um terreno para construir pode ser lucrativo, mas dá bastante trabalho (Kevin Lamarque/Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 12h35.
Dúvida do internauta: Tenho 18 anos e estou no primeiro ano do curso de Economia. Trabalho como segundo câmera e editor para um fotógrafo da minha cidade e, há um ano, comecei a poupar para comprar um carro, o qual devo adquirir em agosto ainda com o benefício da redução do IPI. Pretendo pagar 25.000 reais por ele. Com a poupança que estabeleci e a quantia que ganho no trabalho, conseguirei pagá-lo à vista. Meu próximo objetivo é comprar um terreno, permanecer com ele por algo em torno de três ou quatro anos, e vendê-lo em seguida para comprar um imóvel. Mas seria mais vantajoso comprar logo o imóvel, ao invés do terreno?
Resposta do economista Luiz Calado*:
Nossa história de início de carreira é parecida. Também precisei atuar em outras áreas, que não Economia, para ter o suficiente para comprar meu carro e investir. Ler um relato como o seu é estimulante e me incentiva a continuar auxiliando as pessoas com seus investimentos.
Respondendo à sua dúvida: no seu caso é mais vantajoso comprar o imóvel. A razão é o curto prazo indicado como sua intenção para lucrar com o terreno. Investimentos em terrenos, no geral, exigem prazos maiores do que quatro anos para possibilitar um retorno excepcional. Além disso, você ficaria com o risco muito concentrado num único tipo de investimento, apesar de isso não caracterizar um problema para jovens de perfil agressivo, como parece ser o seu.
Dentro do prazo de investimento que você menciona, você poderia pensar em comprar o terreno e construir, porém precisaria estar preparado para lidar com os desafios do mercado da construção civil, o que lhe exigiria extrema determinação. Só com a burocracia perde-se 1 (um) ano, e ainda sem a garantia de que será bem sucedido. Veja o que aconteceu com um empreendimento em São Paulo que pronto, mas não consegue obter a licença para funcionar.
Um bom investidor em terreno identifica regiões com bom preço e que serão beneficiadas na próxima década com a expansão da cidade e de sua infraestrutura. Isso inclui construção de shoppings, praças, e chegada de transporte público. Mas dez anos é um prazo que você não deseja esperar.
Considerando isso, a melhor opção é comprar um imóvel. O qual, por sua vez, não será garantia de lucro imediato. O mercado está se adaptando às quedas de preço que vêm acontecendo desde 2010 (ainda que os “indicadores” não captem). Eu não aposto numa nova alta de preços, os balanços das incorporadoras nos mostram estoques altíssimos, na ordem de 30 bilhões de reais, como mostra a edição da Revista EXAME da segunda quinzena de Abril. Mas isso não significa que seja impossível lucrar. Há duas maneiras de comprar por um preço abaixo do mercado e vender com resultado positivo.
1. Imóveis em leilões: já é pública a informação de que a inadimplência está aumentando e aumentará ainda mais. A consequência disso é que muitas famílias não conseguirão pagar os imóveis que financiaram. Sendo assim, os leilões serão cada vez mais comuns e, nestas ocasiões, existe a possibilidade de fechar bons negócios.
2. Imóveis com problemas: aqueles que necessitam de reformas que ninguém quer fazer, mas só funcionam se você tiver tempo e paciência para lidar com o ambiente das construções.
Aproveito para elogiar o seu estilo empreendedor. Ter um carro aos 18 anos é a realização de um grande sonho para a maioria dos jovens. Se eu fosse um famoso “pedagogo financeiro” diria: atente-se ao custo do carro, do seguro e do IPVA. Mas quer saber? Realize seu sonho, seja feliz e que isso lhe permita ter mais fôlego para trabalhar e conquistar ainda mais!
*Luiz Calado é economista, doutorando em finanças sustentáveis e autor dos livros “Imóveis: seu guia para fazer da compra e venda um grande negócio” e “Fundos de investimento: Conheça antes de investir”.
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