Opções podem proteger a carteira e minimizar perdas quando o mercado "anda de lado" (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
São Paulo - O mercado de opções no Brasil é um dos mais desenvolvidos do mundo, mas ainda é grande a desinformação dos investidores. Quem se dispõe a realmente mergulhar na diversidade de estratégias e produtos do mercado financeiro encontra nas opções não só um diferencial de rentabilidade como também uma boa ferramenta para proteger a carteira e limitar perdas em momentos de grande incerteza nos mercados.
A BM&FBovespa é a segunda bolsa do mundo em negociação de contratos de opções, com volume negociado mensal de algo em torno de 6 bilhões de reais. Desse total, cerca de 70% são movimentados pelo investidor pessoa física. Ainda assim, o mercado tem muito que se desenvolver, pois apenas as duas opções mais líquidas - das ações de Petrobras e Vale - representam 90% do volume negociado. As demais opções apresentam pouca liquidez. Fora isso, não há liquidez para opções de venda nem para opções de um mesmo preço de exercício, mas diferentes vencimentos.
No entanto, a perspectiva para quem gosta de negociar opções de ações é boa no médio prazo. Um programa da BM&FBovespa prevê a contratação de instituições financeiras para atuarem como formadores de mercado para tornar mais líquidas opções de Ibovespa e das 10 ações mais negociadas do índice, como as das empresas OGX, Usiminas, Itaú-Unibanco, Bradesco e Gerdau.
Enquanto esse dia não chega, quem quiser proteger seus investimentos nos momentos em que o mercado "anda de lado" encontra, mesmo nas opções de compra de PETR4 e VALE5, uma boa maneira de fazer um "seguro" da carteira de ações, por meio de estratégias relativamente simples. É bom lembrar, porém, que esse tipo de produto é mais indicado para quem já tem um bom patrimônio em ações e algum conhecimento do mercado financeiro.
Funcionamento das opções
Opções são contratos derivativos (ativos derivados de outros ativos) atrelados a ações ou cestas de ações (índices) e negociados na Bovespa. Quem compra um desses contratos adquire o direito de, na data de vencimento do contrato, exercê-lo ou não. Quem os vende, por sua vez, ficará obrigado a exercer o contrato caso o comprador, também chamado de titular, assim o deseje. No Brasil, o vencimento das opções se dá sempre na terceira segunda-feira do mês.
Existem dois tipos de opções, as de compra e as de venda. As primeiras conferem ao titular o direito de comprar a ação-objeto, isto é, a ação à qual a opção está atrelada. Já as de venda conferem ao titular o direito de vender a ação-objeto. Por exemplo, uma opção de compra de PETR4 permite que seu titular possa, na data de vencimento do contrato, comprar um lote de ações preferenciais da Petrobras.
<hr> <p class="pagina">A função básica das opções é garantir ao seu titular o direito de comprar ou vender determinada ação ou índice numa data futura a um preço previamente acordado. Assim, se o investidor detém uma opção de compra que estabelece um preço de exercício de 40 reais para a ação-objeto, isso significa que, na data de vencimento, mesmo que a ação tenha subido para 50 reais, o investidor poderá comprá-la a 40 reais.<br><br>Estratégias com opções (envolvendo, muitas vezes mais de uma operação com opções e ações simultaneamente) costumam ser usadas por investidores mais experientes para buscar um diferencial de rentabilidade, com a vantagem de ser possível, muitas vezes, limitar os possíveis prejuízos.<br><br>No entanto, apesar de curiosa, a comparação das opções com os seguros também é válida, por analogia. Esses derivativos podem ser usados em momentos de incerteza nos mercados, quando o investidor quer se resguardar contra uma possível alta (opção de compra) ou baixa (opção de venda) de determinado ativo, mas não deseja comprá-lo ou vendê-lo imediatamente. Para se proteger contra o possível "sinistro", o titular de uma opção paga um prêmio ao lançador.<br><br>As estratégias descritas a seguir podem ser feitas com opções de PETR4 e VALE5, por meio do próprio <em>Home Broker</em>. Para outras opções, no entanto, é preciso solicitar a estruturação da operação em instituições financeiras que atuem como formadoras de mercado.<br><br><strong>Comprando uma opção de venda</strong><br><br>Se o investidor tiver uma perspectiva de baixa em determinada ação, ele pode realizar uma operação equivalente à compra de uma opção de venda. Opções de venda não têm liquidez no mercado brasileiro atual, mas esse obstáculo pode ser driblado por meio de uma operação que envolve a venda da ação-objeto e a compra de uma opção de compra.<br><br>"Essa é uma das quatro estratégias essenciais com opções para o investidor pessoa física", afirma o economista Hugo Daniel Azevedo, autor do livro "Investimentos em opções sobre ações no Brasil", lançado nesta semana. As outras três estratégias "essenciais", no entanto, servem apenas para rentabilizar a carteira, e não para fazer <em>hedge</em>.</p> <hr> <p class="pagina">A primeira estratégia funciona assim: caso acredite numa queda no preço de suas ações, o investidor pode vendê-las e, ao mesmo tempo, comprar uma opção de compra pelo mesmo preço de exercício. Se na data de vencimento o valor das ações tiver caído, o investidor deixa de exercer a opção e pode recomprar as ações pelo preço de mercado, mais baixo, embolsando a diferença. No fim das contas, o pequeno lucro embolsado, se superar o valor gasto com o prêmio, minimizará a perda de valor de suas ações.<br><br>Se a perspectiva for de queda acentuada no mercado - num cenário de crise, por exemplo - essa estratégia pode ser útil. Suponha que determinada ação esteja atualmente a 40 reais. Se o investidor a vender hoje e comprar uma opção de compra com o mesmo preço de exercício, pagando um prêmio de 2,51 reais, ele terá lucro caso a ação caia abaixo de 37,49 reais. Caso chegue a 30 reais, o investidor pode recomprá-la a esse valor mais baixo, embolsando 7,49 reais. Sem essa operação, sua carteira teria se desvalorizado 25%. Com o valor embolsado pela operação, essa queda passa a ser de cerca de 6%.<br><br>Se, no entanto, o preço das ações acabar subindo, o investidor poderá exercer a opção e recomprá-las pelo mesmo preço em que as vendeu. Sua perda máxima, portanto, será o valor do prêmio pago. O "sinistro" (a queda) não ocorreu, mas o investidor ficou protegido. Se a venda tiver sido feita "a descoberto", com ações alugadas, o prejuízo incluirá também o valor do aluguel.<br><strong><br>Comprando uma opção de compra</strong><br><br>A simples compra de uma opção de compra, por outro lado, é uma maneira de aumentar a exposição a uma ação que deve se valorizar, se resguardando, ao mesmo tempo, em caso de queda. Caso o investidor acredite que determinada ação vai subir, mas não quer apostar suas fichas nela naquele momento, ele pode comprar uma opção de compra com o preço de exercício atual.<br><br>Se a valorização ocorrer, ele poderá exercer a opção para comprar a ação mais barato. Se, por outro lado, houver desvalorização, a opção não é exercida e "vira pó", conforme o jargão do mercado financeiro. O investidor pode ou comprar a ação mais barato, caso ainda deseje obtê-la, ou simplesmente não comprar. Seu prejuízo máximo será o valor do prêmio pago pela opção.<br><br>Novamente, a alta deve compensar o valor do prêmio. Seguindo o mesmo exemplo anterior, se a ação que hoje vale 40 reais for a 45 reais na data de vencimento da opção, o titular de uma opção de compra com preço de exercício de 40 reais e prêmio de 2,51 poderá exercê-la e, com isso, deixará de gastar 2,49 reais. Caso a mesma ação caia a 35 reais, no entanto, o investidor não exerce a opção e pode comprar a ação a preço de mercado ou simplesmente não comprá-la. Terá perdido apenas os 2,51 reais de prêmio.</p>
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