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Gabriela Ruic
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
São Paulo - Há quem associe a venda de um automóvel usado com desvalorização certa e perda de dinheiro. De fato, carros são bem diferentes de imóveis. Não existe uma fórmula mágica que faça com que aquele automóvel desgastado pelo tempo passe a valer mais que a quantia desembolsada no momento da compra. Entretanto, há maneiras de garantir uma boa venda, dependendo da paciência do vendedor e do produto que ele vai oferecer ao mercado.
Uma das primeiras coisas é definir para quem se quer vender. João Alves, coordenador técnico da Fipe para a área de veículos, considera que qualquer automóvel com uma boa demanda no mercado sofre menor depreciação - principalmente se estiver m bom estado.
Em negócios realizados em lojas autorizadas, a desvalorização de um veículo pode ficar entre 20 e 40% do valor da tabela Fipe. Essa porcentagem pode ser um pouco menor, caso o proprietário procure uma loja sem bandeira. Se o veículo já tem três anos, é mais vantajoso procurar uma revenda, pois a margem de desvalorização fica entre 15 e 20%, explica Alves.
Já ao se tratar de veículos seminovos, dependendo do negócio, seja na troca ou apenas na venda, essa margem fica entre 20 e 25%. Entre pessoas físicas, o negócio é ainda mais vantajoso. Nessa modalidade de venda os valores ficam mais próximos das médias da Fipe, avalia o coordenador.
Há, entretanto, o fator paciência que precisa estar em foco daqueles que estão pensando em vender seu carro. O proprietário tem que se informar sobre os valores da tabela Fipe, procurar propostas em diferentes estabelecimentos e estar sempre disposto a negociar, analisa Edson Esteves, engenheiro mecânico e professor da Fundação Educacional Inaciana (FEI).
As porcentagens de desvalorização dependem de outro fator, além da forma como será vendido. A boa conservação é imprescindível para garantir o melhor valor possível. Esteves considera que a primeira impressão é, de fato, a que fica. Pintura mal conservada é desvalorização na certa, pontua.
Nem sempre vale a pena consertar o veículo antes de vendê-lo. Segundo o manual de compra e venda de veículos da Dekra, líder mundial em vistorias de automóveis, é recomendável nunca gastar mais de 5% do valor do carro em reparos. "Esse dinheiro nunca será recuperado integralmente no momento da venda", afirma o manual.
Alguns especialistas apontam ainda que qualquer alteração na estrutura original do veículo, além de torná-lo mais difícil de ser vendido, aumenta as chances de desvalorização. Uma roda diferente, suspensão rebaixada, qualquer alteração de cunho estético ou estrutural, que possa ser de gosto duvidoso, desvaloriza mesmo, além de tornar a venda lenta, explica Paulo Garbossa, professor da pós-graduação da FEI.
Até mesmo a cor do veículo pode prejudicar ou melhorar sua revenda. Carros pretos ou prata têm uma boa saída no mercado, mas cores muito chamativas podem ficar empacadas nos pátios da revenda. Por isso, não são bem vistos pelos lojistas. Se o carro for branco ou amarelo, sempre haverá desvalorização pela desconfiança de que tenha sido um táxi, diz José Fernando Penteado, do comitê de veículos leves da associação de engenheiros SAE Brasil.
De acordo com Esteves, existem um outros pontos frequentemente esquecidos pelos proprietários que podem desvalorizar ainda mais o veículo. A documentação do carro tem que estar em dia, assim como as notas fiscais e o manual do automóvel. Tudo que comprove a boa procedência do carro deve estar sempre em mãos, alerta
Em termos mecânicos, é recomendado que o carro passe por manutenções preventivas, que são mais baratas do que as do tipo corretiva. O carro também deve estar em ordem. Luiz Roberto Schmit, dono de uma revendedora, explica que a primeira coisa que observa no momento em que o oferecem um carro usado é o motor. Avaliamos se ele já passou por algum acidente, se existe alguma anomalia mecânica, explica.
Aqueles veículos que têm uma boa aceitação no mercado, como os populares, tendem a ser vendidos mais rapidamente. E as concessionárias sabem disso. Muitas delas já têm até uma lista de clientes que aguardam por um veículo usado em boas condições. As concessionárias podem valorizar a venda ao máximo pois o veículo já está vendido na loja deles, tamanha a demanda do mercado, aponta Esteves.
Classificados eletrônicos
Caso o proprietário opte por vender para pessoa física ou não queira rodar de loja em loja em busca de propostas para seu veículo, uma boa alternativa pode ser a internet. Portais como o WebMotors e o iCarros funcionam como classificados eletrônicos, onde pessoas interagem, entre si ou com revendas de carros, atrás de uma boa oferta. E cada vez mais consumidores tem usado a internet como aliada na hora de pesquisar.
O WebMotors, por exemplo, conta com mais de 3,2 milhões de usuários cadastrados e expõe, mensalmente, 140.000 ofertas de automóveis. A página registra 8 milhões de visitantes por mês. As chances de se encontrar um veículo que satisfaça as necessidades, tanto do vendedor quanto do comprador, são enormes.
No iCarros existem 100 mil pessoas físicas cadastradas e, de acordo com Sylvio Netto, sócio-diretor do site, são vendidos pelo menos16 mil automóveis por mês, o equivalente a um volume de negócios que chega a cifra dos 500 milhões de reais.
Para os mais céticos em relação à segurança na hora de fechar um negócio que pode envolver uma boa quantia de dinheiro na internet, de fato é necessário ter mais cautela ao começar a negociação. Temos alguns mecanismos que tentam oferecer o máximo de segurança no ambiente do site. Porém, nada é 100% garantido, esclarece Netto. Ele aconselha o usuário a ler e estar sempre atento aos textos legais e guias de compra segura que o site oferece na ocasião do cadastro.