Minhas Finanças

Como escolher o melhor fundo multimercado para investir

Entenda o passo a passo para investir nos fundos que mais captaram dinheiro em 2017 e que prometem boa rentabilidade em 2018

Fundos multimercados: Olhe para o tipo de fundo, a estratégia do gestor e as taxas cobradas (Melpomenem/Thinkstock)

Fundos multimercados: Olhe para o tipo de fundo, a estratégia do gestor e as taxas cobradas (Melpomenem/Thinkstock)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 30 de janeiro de 2018 às 05h00.

Última atualização em 30 de janeiro de 2018 às 10h35.

São Paulo - Com a queda na taxa básica de juros, a Selic, o jeito para encontrar rentabilidades maiores é se arriscar um pouco mais. Nesse cenário, os fundos multimercados estão entre os preferidos para diversificar a carteira de investimentos. Mas como investir no produto pela primeira vez?

Em 2017, as aplicações em fundos multimercados bateram recorde. O produto foi o que teve a maior captação líquida da indústria de fundos, de 96,9 bilhões de reais, volume quatro vezes maior que em 2016, segundo a Anbima, associação que representa as entidades do mercado de capitais no País.

A indústria de fundos como um todo captou 263,7 bilhões de reais em 2017 e os multimercados representaram 37% do total.

Os investidores viram nos fundos multimercados uma oportunidade de ganhos superior à renda fixa, sem precisar se arriscar unicamente em ações, por exemplo. O produto fica no meio do caminho entre os investimentos mais conservadores e os mais arriscados. O gestor pode investir em ativos de renda fixa e de renda variável, mesclar estratégias e acompanhar movimentos de mercado.

Nos últimos 12 meses, os fundos multimercados do tipo “Macro”, por exemplo, em que os gestores acompanham os movimentos da macroeconomia, tiveram rentabilidade média de 14%. A taxa Selic, que baliza o rendimento dos investimentos de renda fixa, está em 7% ao ano.

Mas vale o alerta: rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. “Se o dólar cai, a taxa de juros cai e a Bolsa sobe, os multimercados vão bem. Mas este ano, ninguém sabe o que vai acontecer”, explica William Eid, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Para investir em fundos multimercados, é preciso respeitar o perfil de cada um. “Essa saída da renda fixa para os fundos multimercados não é para todo mundo. Além disso, é preciso analisar o perfil do investidor para escolher o tipo de multimercado”, orienta Tatiana Itikawa, gerente de representação institucional da Anbima para fundos e serviços qualificados.

Antes de mais nada, é importante destacar que os fundos multimercados servem somente para diversificar seus investimentos. Invista também em renda fixa, para ter uma margem de segurança para imprevistos. Em corretoras, há cotas de fundos multimercados com investimento mínimo inicial a partir de 100 reais.

A seguir, confira alguns pontos para prestar atenção ao escolher um fundo multimercado para investir:

1) Tipo de fundo multimercado

Fundos multimercados são indicados para investidores com perfil moderado ou arrojado, jamais para investidores conservadores que não toleram perda alguma de dinheiro, mesmo temporária. A volatilidade faz parte do jogo.

Em geral, o risco é intermediário entre os fundos de renda fixa e os de ações, mas alguns multimercados chegam a ser ainda mais arriscados que alguns fundos de ações. Por isso, ao escolher o fundo, é preciso conhecer o seu tipo e, consequentemente, o seu risco.

O fundador do buscador de investimentos Yubb, Bernardo Pascowitch, recomenda procurar fundos que invistam uma parcela maior em ações, não somente em juros e moedas, para aproveitar o que eles têm de melhor: a chance de rentabilidade maior.

A consultora de investimentos da Órama Sandra Blanco concorda. “Temos visto um aumento da exposição dos investidores à renda variável e é daí que virão os maiores retornos”, diz.

Nas últimas semanas, a bolsa de São Paulo renovou patamares recordes e o Ibovespa, principal índice de referência, bateu 85 mil pontos.  Para analistas, o bom desempenho reflete um movimento mundial de alta dos mercados de ações e a retomada da confiança do investidor brasileiro na recuperação da economia.

Fundos que investem muito em dólar podem ser mais arriscados do que os que aplicam majoritariamente em ações, já que a moeda costuma ter muitos altos e baixos em ano de eleição.

2) Estratégia do gestor

Além dos tipos de ativos, os fundos multimercados podem ter estratégias completamente diferentes. Eles podem optar pela melhor estratégia de acordo com o cenário econômico, adotar diversas estratégias, investir em vários multimercados ou fazer uma única estratégia.

Para investidores iniciantes em fundos multimercados, Sandra recomenda a estratégia “Macro”. Ao usar essa estratégia, o gestor do fundo analisa o ambiente macroeconômico do fundo para investir em ações, títulos públicos, títulos de crédito privado, moeda estrangeira ou no mercado futuro, por exemplo. Basicamente, escolhe os melhores ativos de acordo com o momento.

Alguns fundos multimercados fazem alavancagem, ou seja, investem uma quantia maior do que o seu valor patrimonial para conseguir ganhos lá na frente. No entanto, quem está começando deve fugir desse tipo de fundo, para evitar o risco de perder dinheiro além do valor investido, como orienta Pascowitch.

3) Taxa de volatilidade

A taxa de volatilidade é um percentual que mostra o quanto o retorno de um fundo por variar, para cima ou para baixo, da média de rentabilidade. Quanto maior for a volatilidade, mais estômago o investidor tem que ter para encarar os balanços no curto prazo, mas maior a chance de ter retornos mais altos.

Segundo Pascowitch, taxa de volatilidade abaixo de 2% é considerada baixa; de 2% a 3%, média; e acima de 3%, alta.

4) Taxa de administração e de performance

Em geral, os fundos multimercados cobram duas taxas do investidor, que comem um pedaço da rentabilidade: a taxa de administração  e a taxa de performance.

A taxa de administração é a remuneração fixa paga pela prestação de serviços de gestão e administração do fundo. Segundo a Anbima, a taxa de administração média cobrada pelos fundos multimercados é de 1,79%.

Já a taxa de performance  remunera o bom desempenho do fundo, se ele alcançar determinado índice de desempenho, chamado de benchmark. Essa taxa é cobrada sobre uma parcela da rentabilidade do fundo.

Os especialistas ouvidos pelo site EXAME recomendam buscar fundos que cobram taxa de administração de, no máximo, 2%, e taxa de performance de, no máximo, 20% sobre o que exceder o índice que serve de parâmetro para o fundo.

5) Liquidez do fundo

A liquidez de um fundo é o prazo que ele demora para devolver o seu dinheiro, a partir do dia em que você solicita o resgate. Esse tempo é expresso em D+X, sendo X o número de dias corridos.

Diferente dos fundos de renda fixa, por exemplo, que normalmente têm liquidez diária, os fundos multimercados podem ter liquidez D+30 ou até D+180, em alguns casos. Por isso, preste atenção nos documentos do fundo se a liquidez se adapta à finalidade que o investimento terá para você.

De qualquer forma, vale lembrar que, para valer a pena, os fundos multimercados devem ser investimentos de médio a longo prazo, ou seja, de, no mínimo, três anos. Não conte com o dinheiro no curto prazo, para emergências.

6) Histórico do fundo

Por último, procure uma gestora com história no mercado, que tenha oferecido taxas de retorno consistentes nos últimos anos, não apenas recentemente. É o melhor jeito de avaliar a competência e a estratégia do gestor.

O buscador de fundos da publicadora financeira Empiricus pode ajudar a garimpar as melhores opções de fundos. Online e 100% gratuito, inclusive para não clientes da Empiricus, o buscador tem alguns diferenciais em relação a outras ferramentas no mercado. Ele mostra, por exemplo, qual é a taxa de administração dos fundos, as dez maiores posições das carteiras e faz um comparativo lado a lado de até três produtos diferentes.

Os fundos mais buscados

A pedido do site EXAME, o buscador de investimentos Yubb levantou os dez fundos multimercados mais procurados por investidores em janeiro de 2018. Os fundos estão organizados por ordem decrescente de buscas. A pesquisa considera a rentabilidade até o dia 26 de janeiro.

Nome do fundoRentabilidade em 12 mesesTaxa de administração (ao ano)Prazo de resgateValor mínimo
Ibiuna Hedge STH FIC FIM24,60%2%D+30R$ 50.000
Pacifico LB FIC FIM23,60%2,30%D+30R$ 10.000
Absolute Hedge FIC FIM14,74%2,50%D+30R$ 5.000
Alaska Range Multimercado7,15%2,25%D+15R$ 5.000
BTG Pactual Discovery FIM20,26%2%D+31R$ 5.000
Mauá Macro FIC FIM Access16,07%0%D+30R$ 5.000
BTG Pactual Explorer FIM10,84%1,75%D+5R$ 5.000
CA Indosuez Infraestrutura Incentivado FIC FIM CP12,94%0,80%D+30R$ 1.000
Órama BTG Pactual Hedge Plus FIC FIM18,95%0,60%D+30R$ 1.000
DLM Hedge Conservador II FIM CP Multimercado11,10%0,60%D+0R$ 3.000

 

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