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Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2012 às 20h11.
Escolher o melhor fundo para aplicar seu dinheiro não é uma tarefa fácil. No Guia EXAME de Investimentos Pessoais, o investidor tem uma bússola valiosa -- os rankings com os melhores fundos de cada categoria. Comparar o desempenho dos vencedores com o fundo que seu gerente está lhe oferecendo é um primeiro passo. Mas é preciso cuidados adicionais. Por exemplo, antes de tomar uma decisão financeira, é vital saber o que é mais adequado a seu perfil. Para facilitar a vida do leitor, o guia preparou um roteiro de 12 perguntas que você deve fazer ao gerente ou ao consultor de investimentos de seu banco. Se ele não souber tudo na ponta da língua, insista: esses dados são essenciais para a tomada de decisão.
1 - Qual foi a rentabilidade média mensal dos últimos 36 meses, qual foi o pior mês e qual o melhor?
Esses números mostram qual é a volatilidade do fundo. Alguns fundos são bastante estáveis. O gestor administra o dinheiro privilegiando a segurança, e não a rentabilidade. Outros são bem mais rentáveis, mas são autênticas montanhas-russas. Antes de investir, saiba se o fundo combina com seu perfil de risco. Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura, é certo, mas o histórico de retorno não deixa de ser um dos indicadores disponíveis a ser levado em conta.
2 - Esse é um fundo de investimento ou um fundo de aplicação em cotas?
Essa pergunta é uma das primeiras que você deve fazer a seu gerente. Um fundo de investimento cobra taxa de administração (e, em alguns casos, também taxa de performance) uma única vez. Já os fundos de aplicações em cotas investem em outros fundos. Por isso, o gestor pode cobrar duas taxas: a dos fundos em si e a dos outros fundos em que ele está investindo seu dinheiro.
3 - Qual a taxa de administração do fundo?
Suponha que você tenha investido 100 000 reais em dois fundos por um ano. Ambos compraram papéis que renderam 10% por ano. Um deles, porém, cobra 1% de taxa de administração por ano, enquanto o outro cobra 3%. Ao fim dos 12 meses, o primeiro terá rendido 108 900 reais, enquanto o segundo, apenas 106 700. A diferença de 2 200 reais de ganho mostra como faz sentido cobrar de seu gerente uma explicação clara de quanto o banco cobra para aplicar seu dinheiro.
4 - A taxa de administração do fundo é fixa ou variável?
Essa é uma novidade do setor. Até recentemente, as taxas de administração eram sempre fixas. Hoje, porém, há exceções a essa regra. Existem alguns fundos em que, dependendo do desempenho, as taxas de administração podem variar. Se o fundo em que você aplica o dinheiro tiver taxa variável, pergunte a seu gerente se existe um limite máximo para ela e faça as contas com base nesse limite.
5 - O fundo cobra taxa de performance?
A taxa de performance é um prêmio que o gestor concede a si mesmo por realizar um trabalho excepcional. Entre dois fundos com perfis parecidos, a melhor escolha, claro, é o que não cobra essa taxa. Mas pode valer a pena abrir mão de parte do ganho se o gestor apresentar um desempenho comprovadamente acima da média ao longo do tempo.
6 - Existem movimentação ou permanência mínima?
Além do valor mínimo de aplicação inicial, alguns fundos estabelecem movimentação mínima, ou seja, você só pode fazer novas aplicações ou resgatar quantias maiores que determinado valor. Outros fundos exigem, também, permanência mínima -- não permitem o resgate antes de um período de tempo predeterminado. O desconhecimento dessas regras pode causar surpresas desagradáveis na hora em que você quiser movimentar ou resgatar seu dinheiro.
7 - Quais os prazos de aplicação e de resgate?
Quanto mais arriscado o fundo, menor sua liquidez, que é a possibilidade de você mudar o dinheiro de lugar rapidamente. Fundos DI ou de renda fixa normalmente têm liquidez diária, ou seja, a aplicação ou o resgate se efetivam no mesmo dia da solicitação. No caso dos fundos de ações, é comum uma defasagem de tempo -- se você pedir para sacar o dinheiro hoje, o valor será resgatado pela cota do próximo dia útil e poderá chegar a sua conta quatro dias úteis depois. Alguns investidores tentam ganhar com as oscilações da bolsa sem atentar para o tempo que o dinheiro demora para entrar no fundo ou sair dele. Por isso, quem tenta acertar grandes altas ou baixas freqüentemente acaba perdendo dinheiro.
8 - Esse fundo usa derivativos? Se usa, é para proteção ou para aumentar a rentabilidade?
Essa pergunta é mais indicada a quem investe em fundos alavancados ou fundos de ações. Se o fundo usar derivativos para proteção, ele provavelmente não vai sofrer muito com os solavancos do mercado. Se ele usar derivativos para aumentar a rentabilidade, o risco cresce, e seu ganho vai depender da habilidade do gestor em fazer as melhores escolhas mesmo nos piores momentos do mercado.
9 - O fundo tem uma estratégia de limite de perda?
Quando os fundos usam derivativos ou assumem posições arriscadas, eles normalmente estabelecem um limite de perda (stop-loss, em inglês). Por exemplo, se as perdas superarem 5% no período de um mês, um fundo alavancado pode desfazer suas posições e transformar-se em um sossegado fundo DI até o gestor decidir que o mercado melhorou. Isso teoricamente garante que, no pior cenário, as perdas do investidor não vão superar 5%.
10 - O fundo adota uma estratégia de value-at-risk?
Em geral, os gestores de fundos usam uma ferramenta matemática conhecida em inglês como value-at-risk (VAR) para medir o risco. Se o gerente responder que o VAR é 3%, ele quer dizer que a perda máxima que o fundo vai ter será de 3% do patrimônio.
11 - Esse fundo de ações segue algum índice de mercado ou é um fundo ativo?
Há dois grandes grupos de fundos de ações: os passivos e os ativos. Os passivos acompanham os índices de mercado, como o Índice Bovespa e o IBrX, ao passo que os ativos não têm o compromisso de seguir as médias. Fundos ativos dependem mais da capacidade e do empenho pessoal do gestor e, por isso, tendem a cobrar taxas de administração e de performance mais elevadas do que os fundos passivos.
12 - A estratégia de investimento foi montada levando-se em conta a possibilidade de algum evento societário?
Um fundo de ações que vem se tornando popular entre os gestores é o fundo "de eventos", também conhecido pelo termo em inglês event driven. Por exemplo, um fundo pode investir pesado em ações ordinárias de uma empresa que provavelmente será comprada por uma concorrente e ganhar com o prêmio pago pelos novos controladores. Há vários casos recentes que justificam essa estratégia, como investir em ações da Telemig (comprada pela Vivo) e da Suzano (que teve seu braço petroquímico comprado pela Petrobras). O problema é que, se o negócio não sair -- e nunca há garantias de que ele saia --, o fundo pode perder dinheiro por não aproveitar outras oportunidades de mercado. Atenção, portanto.