Internauta quer conversar sobre a situação para encontrar soluções sem ser indelicada (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 18 de julho de 2012 às 21h37.
Dúvida da internauta: Sou casada há seis meses e eu e meu marido não falamos muito sobre dinheiro, mas isso vem me incomodando. É que eu ganho mais do que ele (não muito, uns 30% a mais), só que quem mais gasta é ele. O irmão dele mora com a gente e não contribui com os gastos da casa. Quem termina por sustentá-lo sou eu. Como posso resolver esse problema de dinheiro na minha família sem ser indelicada com o meu cunhado, nem continuar sustentando-o?
Resposta de Celina Macedo*:
A relação financeira de vocês dois só será resolvida quando as cartas forem colocadas na mesa, ou seja, quando vocês falarem abertamente sobre dinheiro. Essa conversa pode começar pela sua sugestão de iniciar um orçamento mensal em conjunto.
Fazer o orçamento mensal nada mais é do que anotar em uma agenda, ou uma planilha eletrônica, as entradas do mês de um lado (salários, pensões, recebimento de aluguéis) e os gastos fundamentais do outro (aluguéis, prestações, plano de saúde, alimentação e transporte) assim como os supérfluos (passeios, roupas, sapatos e presentes). No final, subtraia gastos e rendimentos e vocês saberão de onde vem e para onde está indo o dinheiro
Depois, é hora de analisar as despesas. Começando pelos supérfluos, analise se eles melhoraram a vida de vocês e se não estão pesando no bolso. Se forem positivos, eles devem ser mantidos no orçamento. Caso contrário, estes gastos são considerados desperdícios e devem ser eliminados.
Para que a conversa não fique só em cortes, aproveite para falar sobre os seus sonhos e conheça também os dele. A partir daí vocês podem começar a fazer uma poupança que será destinada à realização dos sonhos. Não se esqueçam de poupar também para as emergências e para a aposentadoria.
Para um não exercer total controle financeiro sobre o outro, na hora de fazer o orçamento mensal utilizem o item que chamo de mesada do casal. Funciona da seguinte forma: vocês devem estipular uma parte do rendimento total do casal (por exemplo, 10%) e dividir por dois. A partir daí, cada um faz o que bem desejar com a sua parte. Esses gastos não precisam ser discriminados no orçamento.
Controlar gastos e poupar não é uma tarefa agradável, mas é possível tomar alguns cuidados com o uso do dinheiro, eliminando os desperdícios, planejando gastos, fazendo pesquisa de preços e estabelecendo limites, por exemplo.
Quanto ao cunhado, é preciso analisar a situação com cautela. Ele vai ficar até quando? É importante que esse prazo seja explícito e limitado. Qual o motivo de ele não contribuir financeiramente? Não ficou claro que ele deve contribuir já que moram juntos? Questões como essas devem ser conversadas entre vocês três.
Os problemas, inclusive os financeiros, só são resolvidos quando se conversa sobre eles. Ninguém gosta de se sentir injustiçado. O sentimento de injustiça leva à desarmonia. Já quando todos colaboram, crescem os laços de camaradagem. Sob o mesmo teto, cada um deve contribuir conforme as suas possibilidades de acordo com as necessidades da família, inclusive no trabalho doméstico.
Por último, lembre que o principal objetivo de se fazer orçamento mensal não é gastar menos, é gastar melhor para alcançar metas e objetivos.
*Celina Macedo é doutora em Linguística com pós-doutorado em Psicologia Cognitiva pela Université Libre de Bruxelas, onde trabalhou com as Percepções Subliminares do Dinheiro. É professora do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), conselheira do Instituto de Educação Financeira e autora do livro “Filhos: seu melhor investimento” (Campus/Elsevier).
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