Minhas Finanças

Como controlar os gastos dos filhos

Cartões pré-pagos são opção inteligente para os pais não deixarem os filhos perderem o controle dos gastos e se manterem informados sobre o que eles andam consumindo

Cartões: pré-pagos são os mais adequados para manter os gastos dos filhos sob controle (ANA MARIA)

Cartões: pré-pagos são os mais adequados para manter os gastos dos filhos sob controle (ANA MARIA)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2012 às 19h05.

São Paulo – Quem nunca ouviu falar de um jovem que viajou para a Disney nas férias, estourou o limite do cartão de crédito e ligou para casa em desespero para pedir mais dinheiro para os pais? Bastante comum no Brasil, a situação é gerada tanto pela natural imaturidade financeira de crianças e adolescentes como pela dificuldade dos pais em conseguir controlar, quase sempre à distância, o que o filho anda consumindo.

A imaturidade financeira é um problema que só encontra solução no longo prazo e envolve um trabalho contínuo de educação sobre as formas corretas de lidar com o dinheiro. O esforço dos pais nesse ponto é essencial para que o filho, quando se tornar um adulto, não continue a ter dificuldades em vencer as tentações do consumo e em escapar das armadilhas do endividamento elevado.

Já o controle à distância dos gastos do filho pode ser feito por meio de produtos bancários bastante simples. A ferramenta mais inteligente é o cartão pré-pago, que pode ser utilizado pelos filhos para saques ou realização de compras desde que os pais tenham depositado dinheiro previamente na conta vinculada ao cartão. O pai, portanto, não corre o risco de ficar com o nome sujo porque o limite dos gastos é pré-estabelecido. A seguir, EXAME.com apresenta seis formas de manter os gastos de jovens e adolescentes sob controle:

1 – Ourocard Pré-Pago

O produto do Banco do Brasil é hoje o único cartão pré-pago emitido por um grande banco brasileiro que serve perfeitamente para o pagamento da mesada dos filhos. O plástico foi lançado no final do ano passado e custa 15 reais pela emissão. O pai, um correntista do BB, pode contratar esse cartão para o filho mesmo que ele não possua uma conta corrente na instituição. Isso é importante porque a maior parte dos bancos abre conta poupança para crianças, mas não aceita a contratação de uma conta corrente.

Em seguida, é necessário fazer a transferência de um determinado valor (500 reais, por exemplo) para o cartão pré-pago. A operação pode ser realizada pelo home banking, call center, caixa automático ou correspondente bancário e custa 5 reais por carga. O filho pode então usar o cartão tanto para realizar gratuitamente saques de dinheiro em caixas eletrônicos do BB quanto para o pagamento de contas na rede Visa. Em breve, o BB planeja lançar o mesmo tipo de cartão com outras bandeiras, como a Elo.

O produto tem algumas funcionalidades interessantes. O pai pode, por exemplo, programar para que seja depositado automaticamente em todo dia 1 de cada mês o valor da mesada na conta do filho. Outra vantagem do cartão é que o pai pode acompanhar diariamente os gastos do jovem por meio do acesso ao extrato do cartão pelo site do banco. Se quiser, também é possível programar que um SMS de aviso seja enviado a seu celular sempre que o cartão for utilizado. “É um cartão bem interessante para o pai depositar o dinheiro dos filhos ou dos empregados da residência, como motorista ou faxineira”, diz Raul Moreira, diretor de cartões do BB.


2 – Cartões pré-pagos dos bancos Rendimento e PanAmericano

Duas instituições de porte médio que possuem cartões pré-pagos que podem ser utilizados pelos pais para o controle dos gastos dos filhos são os bancos Rendimento em PanAmericano.

O cartão do PanAmericano é bem parecido com o do BB, mas com bandeira Mastercard. A emissão do cartão custa 15 reais e o portador também terá de pagar 2 reais por carga – menos que no BB, portanto. O usuário, no entanto, terá de arcar com algumas taxas que não existem para os clientes do BB: 6,90 reais por saque em dinheiro, 1 real por transferência pela internet e 1 real por pagamento de conta. Outra diferença é que o cartão não pode ser carregado pelo internet banking. O pai precisa imprimir um boleto no site do PanAmericano e depois pagá-lo no caixa eletrônico do banco onde possui conta corrente.

Já o cartão do banco Rendimento se chama Mundo Livre, é bem parecido com o do PanAmericano, mas utiliza a bandeira Visa. Os custos são outra diferença importante. A emissão custa 12 reais e o plástico tem validade de dois anos. Também é necessário pagar 5 reais por mês pela manutenção do cartão – um custo que não existe nos concorrentes. O jovem terá de pagar ainda 7 reais cada vez que utilizar o cartão para saque de dinheiro em caixas eletrônicos.

A carga máxima é de 3.000 reais. “É uma solução interessante tanto para o pai pagar a mesada do filho quanto para que ele possa quitar as próprias despesas, como o pagamento da mensalidade da escola ou da faculdade”, diz Roger Ades, diretor-geral da Agillitas, empresa que administra os cartões do grupo Rendimento.

3 – Cartões de viagem

Essa é a modalidade de cartão pré-pago para pessoas físicas que mais pegou no Brasil. O cartão pré-pago de viagem pode ser considerado bem mais seguro do que a compra e o transporte de dólar, euro ou outra moeda em espécie ou então em relação aos cheques de viagem porque o jovem não fica exposto a furtos e roubos. Além disso, se o cartão for perdido, é possível conseguir substituí-lo rapidamente - enquanto o dinheiro dificilmente será recuperado.

Já em relação ao cartão de crédito, há duas vantagens financeiras do cartão pré-pago. A primeira é a possibilidade de “travar” a taxa de câmbio. Como os dólares já foram comprados, o viajante sabe exatamente quanto gastará em reais por todas as suas compras feitas no exterior. No caso do cartão de crédito, é usada a taxa de câmbio do dia do fechamento da fatura – o que pode gerar algumas surpresas em momentos de tensão na economia.


A outra vantagem do cartão de viagem pré-pago é tributária. Em operações de compra à vista de moeda estrangeira (caso do carregamento do cartão), é cobrado um IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 0,38% do valor da operação. Já em compras no cartão de crédito em outros países, a alíquota do IOF sobe para 6,38%. Mas há outra diferença que deve entrar na conta. Algumas empresas de cartão de crédito usam o dólar comercial na conversão para reais das compras no exterior. Já a cotação utilizada no carregamento de cartões pré-pagos é a do dólar turismo – sempre mais elevada. Dependendo de qual for a cotação utilizada para o dólar turismo, portanto, o consumidor pode perder toda a vantagem tributária da operação.

O banco Rendimento foi pioneiro na emissão do Visa Travel Money, o cartão pré-pago de viagem mais popular do Brasil. O plástico não custa nada e não inclui tarifas mensais ou por carga – a instituição ganha dinheiro na operação de câmbio. O portador só terá de pagar uma taxa de 2,50 dólares quando fizer um saque de cédulas em caixa eletrônico no exterior. A carga do cartão pode ser feita em dólar, euro, libra, dólar canadense, dólar australiano e outras moedas. Cada carga pode alcançar até 20.000 dólares. “Em excursões de crianças aos exterior, 90% delas terão um cartão desse tipo no bolso”, diz Roger Ades, diretor-geral da Agillitas.

O cartão também é uma solução bastante interessante para estudantes que vão passar uma temporada no exterior, diz José Coronel, diretor-executivos de produtos pré-pagos da Visa na América Latina. “O pai pode fazer várias cargas remotamente à medida que o filho vai precisando de dinheiro”, diz. Além do banco Rendimento, o Visa Travel Money já é emitido pelo Banco do Brasil, Bradesco, Cruzeiro do Sul e Schain.

O sucesso desse tipo de cartão levou a Mastercard e a American Express a lançarem cartões de viagem internacional semelhantes no ano passado. O Mastercard Cash Passport pode ser carregado pela internet, pelo telefone e nos postos de atendimento das instituições financeiras parceiras. “Já oferecemos o cartão em mais de dez corretoras de câmbio e vamos em breve lançar cartões de viagem em parceria com os grandes bancos”, diz Alexandre Magnani, vice-presidente de desenvolvimento de novos negócios da Mastercard no Brasil. Vale lembrar que cada instituição financeira tem uma política própria de cobrança por esses cartões.

4 – Cartões de presente

Por questões culturais, os chamados cartões de presente pré-pagos (“gift cards”, no exterior) são bem mais comuns no exterior. Os brasileiros não gostam de dar um valor em dinheiro a ninguém e preferem comprar um presente. “Nos Estados Unidos, esses cartões são tão populares que é possível encontra-los nas prateleiras de farmácias e supermercados”, conta José Coronel, da Visa.


Uma das poucas iniciativas nesse segmento no Brasil é o cartão Mais Que Presente, do banco Rendimento. O cartão custa 8 reais e pode ser carregado com até 500 reais por meio de pagamento de boleto bancário. O jovem pode então dar de presente de aniversário o cartão para um amigo, por exemplo. Os recursos poderão ser gastos em compras nos estabelecimentos que aceitam Visa. Apesar de as pessoas gostarem de ganhar presentes em dinheiro, a maior demanda por esse tipo de produto ainda é de empresas, que o utilizam para premiar funcionários.

5 – Cartões de desconto

Outro tipo de cartão pré-pago que faz muito sucesso no exterior, mas praticamente não existe no Brasil, são os de desconto. Esse produto procura atender um nicho de consumidores e permite que as pessoas que utilizam o plástico consigam obter preços mais atrativos em troca de gastos constantes. Visa e Mastercard dizem que estão de olho nesse mercado, mas ainda não lançaram um produto.

Uma das poucas iniciativas desse tipo no Brasil voltadas para jovens é o Peela. O cartão pode ser usado tanto no site da empresa como no varejo para comprar principalmente produtos de cultura e entretenimento. O site permite a aquisição de músicas, filmes, ingressos de parques, games ou livros com desconto em relação aos preços usuais. O portal também abriga lojas virtuais de produtos oficiais de ídolos adolescentes, como Neymar e Luan Santana.

6 – Cartões de crédito

Apesar de o cartão de crédito ser o maior responsável pela inadimplência dos brasileiros, o plástico, quando bem-utilizado, também pode servir como ferramenta de controle. Qualquer cartão possui um limite de gastos. Se o pai não quiser correr o risco de perder o controle da situação, pode dar ao filho um plástico com um limite de crédito baixo - como 400 ou 500 reais. Consumido todo esse valor, as demais compras do filho não serão aprovadas.

O cartão de crédito, no entanto, tem duas desvantagens em relação ao pré-pago. A primeira é que, para manter os gastos realmente sob controle, é recomendável adotar um limite baixo para compras dos filhos. Só que daí pode surgir o segundo problema. O limite do cartão de crédito nem sempre pode ser alterado a qualquer momento. O cartão, portanto, pode não ser muito útil em meses quando normalmente haverá despesas extras, como durante as férias. A flexibilidade, portanto, é uma vantagem exclusiva dos pré-pagos.

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