Condenação do Lula: É hora de comprar dólar e diversificar investimentos (Paulo Whitaker/Reuters)
Júlia Lewgoy
Publicado em 26 de janeiro de 2018 às 15h36.
Última atualização em 26 de janeiro de 2018 às 15h50.
São Paulo - A condenação unânime do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) animou o mercado financeiro. Atualmente inelegível, Lula ainda pode recorrer, mas, para os investidores, ele tem poucas chances de concorrer à Presidência neste ano.
Com recordes na Bolsa, é hora de investir? Com queda no dólar, é momento para comprar a moeda? Afinal, como o cenário político afeta a sua vida financeira daqui para frente?
A condenação foi mais rigorosa do que o esperado, com a decisão unânime de aumentar a pena de Lula para 12 anos e um mês de prisão, o que trouxe bom humor para o mercado. Apesar de o resultado do julgamento não ter nenhum efeito imediato sobre a economia, a condenação do ex-presidente faz aumentar a confiança das empresas e dos consumidores.
“A economia só cresce quando as pessoas acreditam que, no futuro, terão dinheiro para consumir e os empresários, para investir. A condenação do Lula leva consumidores e empresários a confiar que as instituições funcionam e que a corrupção é combatida pouco a pouco”, explica o professor de economia Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper.
Além disso, se Lula estiver fora das eleições, o mercado financeiro acredita que há mais chances da reforma da Previdência ser aprovada. Mas como o aumento da confiança no crescimento da economia impacta o seu bolso? Entenda a seguir, ponto a ponto, o que fazer com o seu dinheiro diante do atual cenário político:
A queda na taxa de câmbio foi um dos primeiros efeitos da condenação de Lula. Na quinta-feira (25), a moeda fechou a 3,13 reais, o valor de fechamento mais baixo desde 4 de outubro de 2017.
Segundo especialistas, quem tem viagem marcada deve aproveitar o momento para comprar dólar. O mercado espera que a moeda se mantenha relativamente estável, mas, em ano de eleições, tudo pode acontecer. Por isso, vale aproveitar o momento.
“Se ficar cada vez mais claro que a reforma da Previdência não vai passar no atual cenário, pode haver espaço para estresse”, explica a economista Camila De Caso, da Gradual Investimentos.
O resultado do julgamento do Lula só reforçou o que o mercado já esperava: com mais confiança no país, a inflação e a taxa básica de juros, a Selic, devem se manter baixas.
A inflação estimada pelo mercado para 2018 é de 3,95% ao ano, abaixo da meta, de 4,5% ao ano, segundo o último Boletim Focus do Banco Central.
Os analistas também mantiveram a previsão para a taxa Selic, em 6,75% ao ano para o final de 2018. Atualmente, a taxa está em 7% ao ano.
Isso significa que os investimentos mais conservadores, de renda fixa, vão continuar rendendo menos do que no ano passado. Quem quiser melhores rentabilidades terá que diversificar seus investimentos e se arriscar um pouco mais. Confira 5 investimentos que prometem boa rentabilidade em 2018.
Em clima de euforia, a Bolsa atingiu recorde atrás de recorde após a condenação de Lula. Pela primeira vez, o Ibovespa, principal índice de referência da B3, ultrapassou a barreira dos 85 mil pontos nesta sexta-feira (26). O cenário global também contribui para os bons resultados da bolsa brasileira.
Porém, os investidores mais experientes já conhecem a regra: quando a Bolsa atinge recordes, significa que o momento de entrar já passou e é preciso cautela. “A Bolsa ainda tem espaço para crescer, mas, em ano de eleições e de mudanças no mercado externo, como a nova presidência do Banco Central americano, há mais espaço para volatilidade”, explica Camila.
Por isso, não é hora para quem é inexperiente com Bolsa entrar no mercado de renda variável. “Só aproveite a onda se você tem gordura financeira e estômago para encarar a volatilidade”, orienta Viriato.
Com o aumento da confiança de que a economia vai voltar a crescer em 2018, já dá para voltar a respirar mais tranquilamente. Os economistas dos bancos esperam que o Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer 2,70% em 2018 e 2,99% em 2019, segundo o último Boletim Focus do Banco Central.
Isso significa que, aos poucos, o acesso ao crédito deve melhorar e a taxa de desemprego deve cair. Se você está relativamente estável financeiramente, pode voltar a fazer planos financeiros para sua vida pessoal, como entrar em um financiamento ou fazer uma viagem.
No entanto, é importante organizar o orçamento pessoal para não gastar mais do que ganha e manter uma reserva financeira para emergências. Quem está desempregado deve seguir com o pé no freio. Veja 15 apps e planilhas para controlar seus gastos em 2018.