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Com Selic mais baixa, investimento prefixado ainda vale a pena?

Mesmo com a sinalização do BC de um novo corte de juros em maio, ciclo de quedas está perto do fim e o cenário dos prefixados agora é outro. Entenda

Planejamento financeiro: Banco Central, CVM, B3 e FGV dão cursos online de graça  (AndreyPopov/Thinkstock)

Planejamento financeiro: Banco Central, CVM, B3 e FGV dão cursos online de graça (AndreyPopov/Thinkstock)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 22 de março de 2018 às 05h00.

Última atualização em 22 de março de 2018 às 15h10.

São Paulo - O Banco Central reduziu novamente a taxa básica de juros da economia, a Selic, para o menor patamar da história, 6,50% ao ano. No cenário de queda de juros, investidores correram para os investimentos de renda fixa prefixados para conseguir rentabilidades acima dos investimentos indexados à Selic.

No entanto, mesmo com a sinalização do BC de um novo corte de juros em maio, o ciclo de quedas pode estar perto do fim e, assim, o cenário dos prefixados agora é outro.

Ao investir em títulos prefixados do Tesouro Direto ou de bancos, como CDBs, o emissor define uma taxa fixa no momento da aplicação. Assim, o investidor sabe exatamente quanto receberá na data de vencimento. É diferente de uma aplicação pós-fixada, quando o retorno é indexado à taxa básica de juros ou à inflação, por exemplo.

Quem investe em prefixados pode se beneficiar em momentos de expectativa de queda de juros e de inflação, conseguindo retornos mais altos. A busca por investimentos prefixados aumentou 67% entre julho de 2017 e fevereiro de 2018, segundo o buscador de investimentos Yubb.

Na contramão, a oferta de investimentos prefixados por financeiras e bancos médios e pequenos caiu 31% no mesmo período. “Não vale a pena para o banco oferecer investimentos prefixados ao analisar a tendência futura de alta de juros”, explica Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb.

Nos investimentos pós-fixados oferecidos por financeiras e bancos médios e pequenos, o movimento foi o contrário. A oferta aumentou 3% entre julho de 2017 e fevereiro de 2018, enquanto a busca caiu 41% no período. Agora, vale o alerta: para o pequeno investidor, é melhor voltar a procurar pelos investimentos pós-fixados.

Cuidado com prefixados

O mercado espera que a taxa de juros encerre 2018 em 6,5% ao ano e termine 2019 em 8% ao ano, segundo o último Boletim Focus do Banco Central. Com a lenta recuperação da economia e a inflação estável, a Selic deve voltar a subir em 2019.  

“Sempre recomendamos investir só em pós-fixados para não correr o risco das oscilações de preço dos títulos prefixados e se proteger em relação à inflação”, orienta o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido. As taxas dos investimentos prefixados sofrem variação diária e são mais voláteis que as taxas pós-fixadas.

O estrategista da XP desaconselha investir em prefixados, inclusive para quem quer diversificar a carteira de investimentos. Nesse caso, é melhor buscar retornos mais altos em fundos multimercados, por exemplo.

O gerente de estratégia e produtos da Ativa, Lenon Borges, não recomenda investir somente em prefixados, mas aconselha que investidores que aceitam enfrentar mais risco podem diversificar investimentos ao aplicar em títulos prefixados.

“Estamos em fase de otimismo e há condições que garantem os juros baixos, mas, para investir em prefixados, o investidor tem que apostar nas suas expectativas e ter mais estômago”, diz Borges.

O presidente da Ancord, associação representante das corretoras e distribuidoras, Caio Villares, lembra que o risco de investir em prefixados é ainda maior em investimentos de prazo longo.

Além disso, em ano de eleição e de alta de juros nos Estados Unidos, o risco da taxa Selic voltar a subir mais rapidamente do que o esperado é alto. “O mercado está volátil e a cautela deve prevalecer entre os pequenos investidores”, diz Villares. 

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