Imóveis: outra razão que favorece a compra é que, com a crise econômica, muitas famílias e empresas estão colocando imóveis à venda (Witthaya Prasongsin/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de abril de 2020 às 09h35.
Última atualização em 6 de abril de 2020 às 22h06.
Comprar ou alugar um imóvel é um dilema clássico. Mas como decidir? A resposta está na calculadora. É preciso considerar quanto renderia o montante que será usado na compra e comparar com o valor de locação de um imóvel correspondente. Por muito tempo, a balança pendeu para o aluguel.
Com a queda dos juros, a situação se inverteu. "Antigamente, o retorno da renda fixa era superior à taxa de aluguel, de cerca de 0,5% do valor do imóvel" afirma Miguel Oliveira, diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). "Hoje, o rendimento líquido da renda fixa está abaixo de 0,30% ao mês. Alugar não compensa."
Outra razão que favorece a compra é que, com a crise econômica, muitas famílias e empresas estão colocando imóveis à venda, o que provoca a queda dos preços. Isso traz boas oportunidades para quem aguarda o momento de comprar a casa própria, sobretudo se puder pagar à vista e tiver disposição para negociar. Se for preciso financiar, porém, o consumidor terá dificuldades na aprovação de crédito.
Os preços mais baixos também podem trazer bons negócios ao investidor que tem um caixa disponível e pode fazer a compra sem comprometer a liquidez da carteira. "Em três anos, com a futura recuperação da economia, ele poderá revender o imóvel pelo preço de mercado e obter um retorno que a renda fixa jamais daria a ele no período", afirma Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper.
Para quem não tem tanto dinheiro guardado, porém, o imóvel é um investimento temerário. Com a crise, o comprador corre o risco de não encontrar um locatário, ou até ter um inquilino inadimplente. "Se não conseguir alugar, ele terá de pagar condomínio e IPTU e ainda ficará sem receita", diz Oliveira. "A renda fixa paga pouco, mas paga."
Qualquer que seja a finalidade do imóvel, a decisão de compra só deve ser considerada se não for comprometer as reservas financeiras. Como o alcance da pandemia do coronavírus é incerto mesmo quem se sente seguro no próprio emprego pode ter uma surpresa ruim, caso a crise se agrave. "Com o coronavírus, o risco de fazer uma transação imobiliária se amplia, para cima ou para baixo. Você pode fazer um negócio ótimo ou terrível: só o tempo dirá", diz Jaques Cohen, planejador financeiro da Planejar.