Cédulas de reais e dólares: no cartão pré-pago, taxa cobrada chegava a 3,75 reais (Bruno Domingos/Reuters)
Marília Almeida
Publicado em 10 de novembro de 2016 às 17h54.
Última atualização em 11 de novembro de 2016 às 17h21.
São Paulo - Após a forte alta da moeda americana nesta quarta-feira (10), casas de câmbio em São Paulo vendiam o dólar turismo, usado em viagens e débitos em moeda estrangeira no cartão de crédito, por até 3,58 reais na internet, de acordo com dados divulgados pelo comparador de preços da moeda MelhorCâmbio.com.
A moeda era vendida por este valor pela corretora Multimoney. Na outra ponta, a cotação mais barata, de 3,53 reais, era cobrada pela Europa Câmbio.
O dólar comercial fechou a sessão de hoje cotado a 3,36 reais, após disparar 4,73%, a maior alta em oito anos. Durante o dia, a moeda chegou a valorizar 5%.
No cartão pré-pago, a moeda era vendida por até 3,75 reais, cotação registrada na Promotur Câmbio. O menor preço cobrado pelo dólar neste meio de pagamento era de 3,70 reais.
Moeda deve continuar a se valorizar
O movimento acontece um dia depois da eleição do bilionário Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Por conta das incertezas sobre o novo governo, investidores correm para aplicações na moeda, consideradas mais seguras. Isso valoriza o dólar com relação às moedas de países emergentes, a exemplo do Brasil.
De acordo com Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO, a tendência é que a moeda continue a se valorizar até o final do ano. "Talvez ela não se valorize na mesma magnitude de hoje, mas tenho dúvidas sobre se o dólar deve voltar a cair".
Isso porque o Banco Central deixou de agir para segurar a alta da moeda, diz o especialista. "Caiu a ficha do governo de que é melhor que a moeda se valorize com relação ao real. Com a economia nacional decrépita, o dólar mais alto consegue dar um estímulo para o setor industrial, especialmente às empresas exportadoras".
Assim como outros especialistas, a expectativa de Nehme é que o dólar comercial atinja 3,60 reais até o final do ano.
Quando comprar
Para quem tem viagem marcada no curto prazo e já tem o dinheiro necessário para a compra da moeda, pode ser mais vantajoso realizar a compra agora, diz Nehme.
Se a viagem for realizada no médio prazo, vale realizar a compra de forma gradativa. Dessa forma, é possível formar uma cotação média e reduzir perdas com possíveis oscilações da moeda em um cenário ainda cheio de dúvidas, que deve ficar mais claro somente quando o novo presidente americano anunciar sua equipe e programa de governo.