Aposentadoria: a poupança para a aposentadoria é realizada com mais afinco pela população dos Estados Unidos e de Hong Kong (Caio Meirelles/Creative Commons)
Da Redação
Publicado em 19 de janeiro de 2015 às 10h39.
São Paulo - A maioria dos brasileiros próximos da aposentadoria não está economizando nem pretende começar a poupar exclusivamente para o período em que vão deixar o mercado de trabalho.
A décima edição do estudo global O Futuro da Aposentadoria - Um Ato de Equilíbrio, elaborado pelo banco HSBC, mostra que 53% dos brasileiros estão nessa situação.
Entre 15 países analisados pelo levantamento, só os turcos poupam menos para a velhice (59% dizem não economizar para a aposentadoria). Os brasileiros aparecem em segundo lugar, empatado com os australianos.
A poupança para a aposentadoria é realizada com mais afinco pela população dos Estados Unidos e de Hong Kong. Nesses locais, apenas 25% das pessoas não economizam. A média mundial é de 38%.
O estudo realizado pelo HSBC ouviu 16 mil pessoas, sendo 1.001 entrevistados no Brasil em idade economicamente ativa (de 25 anos ou mais) e também já aposentados. As entrevistas online foram conduzidas pela Ipsos Mori entre agosto e setembro do ano passado.
Embora o brasileiro poupe pouco, isso não significa que ele não se importe com o futuro, segundo Alfredo Lalia, presidente de Seguros do HSBC no Brasil.
"Em relação aos primeiros levantamentos, percebemos que as pessoas estão se preocupando mais com o futuro, mas não necessariamente estão conseguindo passar para fase seguinte, que é de conseguir poupar", afirma Lalia.
Segundo o executivo, uma série de fatores tem colaborado para a maior preocupação dos brasileiros com um investimento de longo prazo.
Desde o Plano Real, que pôs fim à hiperinflação, o Brasil se tornou uma economia mais estável, que permite planejar aplicações por mais tempo. Além disso, houve um amadurecimento da indústria de previdência.
Vários fatores impactam a falta de poupança dos brasileiros para aposentadoria, mostra o estudo. No topo da lista está o desemprego (35%), seguido pela compra de imóvel (28%), crise econômica global (27%), contratação de dívida (26%) e educação dos filhos (21%).
"Alguns desses fatores podem ser controlados, outros não. A compra do imóvel não deveria excluir a poupança. Às vezes, é uma questão da falta de planejamento", afirma o executivo do banco.
O levantamento também apurou que os menos confiantes em manter um padrão de vida confortável na aposentadoria são aqueles classificados pelo estudo como "pré-aposentados" - os brasileiros com 45 anos ou mais. Nessa faixa, 40% se enquadram nesse perfil. Na fatia mais jovem da população, entre os que têm de 25 a 44 anos, a preocupação é de 26%.
"Os pré-aposentados são mais velhos e viveram justamente naquele período em que o País enfrentava a hiperinflação, e os planos de previdência praticamente não existiam", explica Lalia. "Hoje, quando a pessoa entra no mercado de trabalho, já começa a escutar sobre previdência", afirma.
Descompasso
A pesquisa também detectou um descompasso na visão de aposentadoria no Brasil. Entre os brasileiros aposentados, 38% acreditam que a melhor idade para começar a poupança é antes dos 30 anos, e apenas 22% defendem o início dos 41 anos a 65 anos.
Na faixa dos pré-aposentados, 33% avaliam como ideal iniciar o planejamento do futuro antes dos 30 anos, e um número quase similar, de 29%, defende o início dos 41 a 65 anos.
"O brasileiro costuma ser mais otimista do que a média (dos outros países) nos custos futuros. E, quando chega na aposentadoria, percebe que deveria ter começado a poupar mais cedo", diz Lalia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.