Cofrinho: para secretária Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, Juliana Pereira da Silva, essencial é dar independência para tomada de decisão do investidor (stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2014 às 15h44.
Rio - Em busca de aumentar a conscientização do investidor brasileiro e dos consequentes reflexos disso no desenvolvimento do mercado de capitais, foi aberta nesta segunda-feira, 5, a primeira edição da Semana Nacional da Educação Financeira.
O evento ocorre em várias cidades do país e é um esforço de órgãos governamentais e privados com o objetivo de democratizar o acesso à informação ao investidor de todas as idades e em linha com a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), lançada pelo governo em 2010.
Organizado pelo Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef), o evento vai até o dia 9 de maio. O Conef é formado por Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Previc, Susep, Anbima, BM&FBovespa, Febraban, Confederação Nacional das Empresas de Seguros (CNSeg) e os ministérios da Fazenda, Educação, Previdência Social e da Justiça. Entre outras coisas, o comitê estabelece diretrizes e objetivos para a Enef.
"Educação financeira é um problema que não é de ninguém e é de todos. A iniciativa aqui é não olhar para o passado, mas juntar nosso conhecimento e trabalhar a estratégia nacional", disse Leonardo Pereira, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Conef, na abertura do evento.
Pereira preferiu não atrelar episódios recentes de perdas de investidores no mercado, como na OGX, à falta de educação no segmento.
"Infelizmente essas coisas acontecem em todos os mercados. Não podemos tirar o poder de decisão do investidor, mas temos que dar o conhecimento para se emancipar e poder tomá-la de forma consciente", disse.
Um exemplo é a participação da BM&FBovespa com 16 ações durante a semana. "A questão da poupança das famílias e da deficiência da educação financeira no País são desafios", disse o diretor-presidente da Bolsa, Edemir Pinto, destacando que há um enorme déficit na educação financeira no Brasil.
O aumento do número de investidores pessoa física é um dos desafios da BM&FBovespa, que possui 610 mil investidores cadastrados.
A meta de atingir 5 milhões de CPFs em 2014 teve que ser adiada para 2018 e será revista ano a ano.
O número era baseado em indicadores de 2009, como a expectativa futura de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e da poupança interna, mas o quadro não se confirmou.
Para Edemir, o quadro da bolsa brasileira é mais atrasado nesse sentido que o de países vizinhos como o Chile, não apenas pela questão da educação, mas também pelo menor volume de ofertas públicas iniciais (IPOs) e de poupança interna. No Chile esse volume de poupança é de US$ 15 mil por pessoa contra US$ 11 mil no Brasil, exemplificou.
A educação financeira passa também pela formação dos profissionais que assessoram investidores. A Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) afirma que hoje 35% das aplicações passam por eles.
A entidade está fazendo um mapeamento do perfil desses profissionais para atualizar essa fotografia e poderá a partir daí revisar seu processo de certificação obrigatória. Hoje 350 mil profissionais no País são certificados, o que equivale a um para cada 116 clientes.
O diretor de Relações Institucionais e Cidadania do Banco Central destacou a importância da promoção financeira no atual contexto econômico e social do país, aliando a ascensão de significativa parcela da população para classe média e o amadurecimento do sistema financeiro nacional, criando produtos mais complexos.
Para a secretária Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, Juliana Pereira da Silva, essencial é dar independência para a tomada de decisão do investidor.
Para a secretária, o foco da estratégia nacional deve ser evitar que a compra de produtos financeiros gere um endividamento excessivo da pessoa física.
"Nosso maior objetivo é emancipar os consumidores para que consigam, a partir do conhecimento, evitar as práticas predatórias que infelizmente ainda existem em nosso país", disse Juliana, mencionando fraudes em pirâmides financeiras e na venda indiscriminada de seguros.
A Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil) lançou durante a abertura do evento uma plataforma aberta na internet - www.edufinanceiranaescola.org.br - com todo o material didático utilizado em escolas abrangidas pelo Programa de Educação Financeira nas Escolas.
Hoje o programa alcança apenas 3 mil das 27 mil escolas públicas e particulares nacionais que abrangem o ensino médio. A ideia é democratizar o acesso a esse conteúdo.
Também haverá um selo nacional para identificar iniciativas de educação financeira alinhadas aos objetivos e diretrizes da Enef, bem como os critérios estabelecidos pelo Conef.
O critério para a concessão é que as ações sejam gratuitas para o usuário final e não orientem a consumir um produto específico.
O site do evento - www.semanaenef.gov.br - traz a programação detalhada em todo o País.