Digio quer ampliar com mais velocidade a base de clientes, segundo o VP do Bradesco Marcelo Noronha | Foto: Divulgação (Site do Digio/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2021 às 19h18.
Última atualização em 11 de outubro de 2021 às 10h59.
O que o Bradesco (BBDC4), segundo maior banco privado do país, pretende ao assumir o controle integral do banco digital Digio?
O Bradesco anunciou na noite de sexta-feira, dia 8, que fechou contrato para a compra dos 49,99% da instituição que pertenciam ao Banco do Brasil (BBAS3), por 625 milhões de reais.
É uma cartada em um dos segmentos mais concorridos da economia, com entrantes fortalecidos como Nubank, Inter e C6 Bank, players tradicionais com agressivas estratégias digitais, como BTG+ e Banco Pan (ambos controlados pelo BTG Pactual, do mesmo grupo da EXAME), e incumbentes como o próprio Bradesco, o Itaú e o Santander, entre outros.
Assim que tiver a aprovação das autoridades regulatórias para assumir integralmente o capital do Digio, o Bradesco vai ampliar o cardápio de produtos e serviços: pretende, por exemplo, oferecer crédito imobiliário aos clientes. O objetivo: investir para expandir ainda mais rapidamente a base de clientes, que chegou a 2,7 milhões em junho.
"Vamos pisar no acelerador com o Digio, que tem um bom posicionamento com a marca. Vamos mantê-lo como unidade separada. A gente sempre acreditou nesse projeto", disse Marcelo de Araújo Noronha, diretor vice-presidente do Bradesco e responsável pelas empresas investidas do banco.
O Bradesco já é controlador integral do next, um banco digital que há um mês atingiu a marca de 7 milhões de clientes e que oferece produtos financeiros de entrada, com valores abaixo de 10 reais.
O pai do projeto do Digio é Carlos Giovane Neves, que será mantido no comando da operação, bem como todos os funcionários do Digio ao menos neste primeiro momento.
No último ano encerrado em junho, a então bantech da Elopar (que reunia Bradesco e Banco do Brasil) deu um salto de 70% na sua base, passando de 1,6 milhão para 2,7 milhões de clientes. Novos produtos e serviços financeiros foram agregados, tais como: Grana Extra, parcelamento de Pix, cashback e descontos em lojas parceiras.
O banco digital tem cerca de dois milhões de cartões de crédito em circulação, seu carro-chefe. Cerca de metade desses clientes, segundo Noronha, tem também uma conta digital.
Entre os clientes estão motoristas do Uber, graças a um acordo firmado no início do ano com o aplicativo de transporte urbano para oferecer conta digital em situações em que o pagamento pelas corridas é feito de maneira direta.
Sem o BB como sócio, o Bradesco pretende fazer o Digio expandir sua base de clientes rapidamente, já em 2022. A meta, segundo Noronha, ainda será traçada no plano estratégico que está sendo desenhado.
Além dos cartões, o banco digital também já possui uma carteira de crédito de 2,5 bilhões de reais. No primeiro semestre, registrou lucro líquido de 36,7 milhões de reais.
A estrutura do Digio permanecerá intacta, sem uma união imediata com outros negócios do banco.
"O plano neste momento não é nem juntar com o Next nem com o banco [o próprio Bradesco]. O plano é manter o Digio independente", disse Noronha.
Unir essas estruturas, segundo o executivo, cortaria o embalo do negócio, o que teria um custo elevado neste momento de competição muito acirrada, em meio à implementação do open banking.
"Tem o desafio de integrar a equipe, os sistemas... isso dá literalmente um freio de arrumação, perde-se um ano em um processo desses e não faz sentido perder tempo", afirmou Noronha.
A estratégia do Digio de ampliar o número de produtos e serviços aos clientes remete à adotada e colocada em prática com o next, que está em estágio mais avançado de crescimento e execução dos planos.
"Temos diversas frentes para atrair novos clientes. Na frente de seguros, somos um dos bancos digitais que mais oferecem opções: seguro residencial, para cartão de crédito e de débito, odontológico e agora seguro de vida, pensando no cliente que enxerga importância nesse produto", disse Renato Ejnisman, CEO do next, em entrevista à EXAME Invest há dois meses.
"Estamos cada vez menos um banco digital, e cada vez mais uma plataforma digital. Queremos prover o que seja mais fácil e simples e, ao mesmo tempo, com a maior variedade de produtos que interessam aos nossos clientes", disse o CEO do next.
Na ocasião, ele revelou que será lançado até a Black Friday "um marketplace com um sortimento bem grande e a possibilidade de compra de produtos com preços possivelmente mais baixos do que no varejo tradicional".
(Com Estadão Conteúdo)