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Bovespa se recupera e sobe 5%; dólar despenca

O Ibovespa subia e a moeda americana fechou com desvalorização de mais de 4%

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

O mercado financeiro operou nesta quinta-feira (25/5) com bolsa em alta e dólar em queda. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), teve valorização de 4,96%, encerrando os negócios aos 37 569 pontos. Já a moeda americana fechou o dia cotada a 2,294, com queda de 4,42%.

Para Zeina Latif, do HSBC Investment, o movimento de negócios mais tranqüilo ainda não é sinal de calmaria à vista. "O mercado anda muito volátil, quem está comandando é o cenário internacional", diz. Ela lembra que a divulgação do Produto Interno Bruto revisado dos Estados Unidos no primeiro trimestre, que ficou abaixo do esperado por analistas, pode ter influenciado a queda do dólar. "Os investidores estão muito sensíveis a qualquer notícia", afirma a analista.

O mercado tem se mostrado muito volátil nos últimos dias. Ontem, o dólar se valorizou 4,62% e chegou a 2,40 reais, o maior patamar desde agosto do ano passado. A moeda americana não subia tanto desde as eleições de 2002. Em movimento inverso, a Bovespa caiu 0,88%, fechando em 35 791 pontos. As perdas no pregão vêm se repetindo sucessivamente e já causam uma desvalorização de 11,3% no Ibovespa, só no mês de maio. Em abril, o índice teve alta de 6,3%.

Alimentado pelo temor de que os Estados Unidos aumentem os juros básicos de sua economia para evitar uma alta da inflação no país, o movimento de venda de ações e compra de dólares deve se manter por até semanas, indicam analistas. A migração dos investimentos se sustenta por quem prefere tirar o dinheiro de mercados emergentes e mais arriscados, como o Brasil, e colocá-lo em títulos americanos, considerados mais seguros.

A boa notícia é que a maior aposta do mercado é no efeito temporário causado por essa cautela de investidores. Uma vez passado o momento de tensão e de retirada de posições, dizem analistas, os bons fundamentos da economia - forte fluxo de dólares decorrente das exportações, melhora no perfil da dívida, nível confortável de reservas - trarão estrangeiros e brasileiros de volta às compras na Bovespa. Além disso, as ações de empresas listadas no Brasil ainda custam mais barato quando comparadas a papéis de estrangeiras de mesmo setor e porte, de acordo com os especialistas. Para o dólar, a perspectiva é de baixa, graças aos superávits comerciais que o país acumula a cada mês - no ano, o resultado está positivo em 14,8 bilhões de dólares.

Mas talvez o maior impacto desses dias de tensão na economia aconteça nos juros básicos brasileiros. Nos dias 30 e 31, o Comitê de Política Monetária se reunirá para decidir se mantém, reduz ou aumenta a taxa Selic. O ritmo tem sido de queda desde setembro do ano passado, mas o mercado agora acredita que o governo deve promover um corte tímido, temeroso de que o dólar mais caro aumente a inflação. Segundo o último relatório de mercado do Banco Central, as instituições financeiras dão como mais certa uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa, hoje em 15,75% ao ano. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), esta quarta-feira (24/5) foi dia de alta dos juros nos contratos futuros - os com vencimento em janeiro fecharam a 16,85% ao ano, uma alta de quase meio ponto percentual em relação à terça-feira.

Cenário externo

A origem de toda essa turbulência vem de Wall Street. O mercado financeiro americano - que dá o tom de todos os demais - está atravessando o fim de um ciclo monetário fortemente expansionista e estréia um período de política monetária neutra. Durante vários anos, entre 2001 e 2005, os juros ficaram muito baixos nos Estados Unidos, numa tentativa das autoridades de aliviar o impacto da explosão da bolha da Nasdaq em 2001 e das crises dos anos seguintes.

Agora, com a forte alta dos preços do petróleo e a ameaça de um leve aumento da inflação americana, as autoridades começaram a elevar os juros. Em poucos meses, os juros subiram de 1,75% ao ano para 5%. O mercado esperava que os 5% fossem o teto, mas recentes declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano), Ben Bernanke, levaram os especialistas a esperarem altas suplementares de juros.

Essa mudança de perspectiva alterou fortemente as expectativas e a atuação dos investidores internacionais. Os mercados emergentes, que eram quase uma coqueluche nos últimos meses, passaram a ser vistos com mais reservas. Brasil, Turquia, África do Sul - todos os mercados acionários e de títulos desses países vêm sofrendo nos últimos dias em virtude das vendas dos estrangeiros.

Agora, os investidores nacionais começam a se desfazer de suas posições, à espera de um novo ponto de equilíbrio para os preços. Enquanto isso não ficar claro, a turbulência será elevada e a recomendação para a maioria dos investidores é de cautela.

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