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Bolsa começa a se recuperar no meio de 2012, prevê Santander

Estrategista do banco traça o cenário econômico e indica melhores investimentos para o ano que vem

Melhora na economia americana em 2013 deve ser antecipada por investidores (Wikimedia Commons)

Melhora na economia americana em 2013 deve ser antecipada por investidores (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 15 de dezembro de 2011 às 14h43.

São Paulo – Última chamada para os que querem aproveitar a baixa da bolsa para comprar barato com vistas ao longo prazo. Na visão do estrategista de pessoa física do Santander, Aquiles Mosca, quem ainda não começou a montar posições em bolsa deve aproveitar o momento e recompor sua carteira até o final do primeiro semestre de 2012, quando o mercado já deve começar a antecipar as melhorias do ano seguinte na economia mundial. “Imaginamos uma melhora na economia para daqui a um ano e meio ou dois”, diz Mosca. Na renda fixa, o ano será dos investimentos prefixados e do crédito privado.

A seguir, as previsões do Santander para a economia em 2012 e as principais recomendações de investimentos para o próximo ano:

Estados Unidos

Os Estados Unidos já estão vivendo um processo de redução dos níveis de endividamento das famílias. Esse reajuste deve levar de um ano e meio a dois anos para se concluir. Acreditamos que, em algum momento entre o fim do primeiro e o início do segundo semestre de 2012, o mercado vai perceber esse encaminhamento favorável e antecipar essa melhora na economia, começando a montar posições. Como acreditamos que a economia americana vai continuar esse processo de ajuste, achamos que, desde já, até o meio do ano que vem, podemos nos posicionar em ativos brasileiros.

Europa

A Europa já é um caso mais complicado. Pode demorar de três a cinco anos para que o cenário econômico europeu fique mais favorável. O nível de incerteza anda muito grande. Se a crise no continente ficar ao menos neutra, não contribuindo negativamente para a nossa economia, já é uma boa coisa. Isso porque o Brasil depende menos da Europa do que de seu próprio mercado ou de outros emergentes, como a China. Acontecimentos mais desastrosos, como o abandono do euro, não estão nas perspectivas do mercado.

Economia brasileira

O Brasil continuará com uma dinâmica econômica muito interessante, combinando alta demanda doméstica, taxa de juros em queda e inflação mais ou menos controlada. Prevemos, para o fim do ano que vem, Selic de 9,5% e inflação entre 5,0% e 5,5%, o que resultaria num juro real entre 4,0% e 4,5%. Com as medidas recém-anunciadas pelo governo para estimular o crédito e o consumo, acreditamos numa retomada do crescimento brasileiro - hoje perto de zero - para algo próximo a 3,0% anualizados ao final do primeiro trimestre.

Outro ponto positivo para a economia brasileira é o bônus demográfico (período em que a população ativa supera com folga a inativa). Outros países também estão passando por isso, mas o Brasil é o único deles onde essa população economicamente ativa está encontrando, a um só tempo, emprego, renda e acesso ao crédito.


Renda fixa: pós-fixados perdem atratividade

Como os juros devem continuar sua trajetória de queda, a remuneração dos papéis pós-fixados (atrelados à Selic) terá tendência decrescente. Se confirmada a nossa projeção de juros de 9,5% ao final de 2012, a rentabilidade mensal dessas aplicações vai ficar abaixo do confortável patamar de 1% ao mês. Isso vai incomodar o investidor, que deve começar a buscar alternativas mais rentáveis.

Dentro da própria renda fixa, uma boa saída é optar pelos papéis prefixados: LTNs e NTN-Fs, entre os títulos públicos, e CDBs prefixados, entre os títulos privados. Uma alternativa que continua interessante são os papéis indexados à inflação, como as NTN-Bs. Sua remuneração tem uma parte pré e outra pós-fixada, atrelada à inflação, que ainda continuará um pouco alta.

Em terceiro lugar, os títulos de crédito privado também serão boas opções para o cenário do ano que vem. O mercado mundial está bastante avesso ao risco, com as empresas tendo dificuldade de captar recursos junto aos investidores estrangeiros. Assim, elas estão ofertando seus papéis aos investidores brasileiros a prêmios bem interessantes. O investidor pode optar por aplicar diretamente em debêntures, CDBs e Letras Financeiras, ou então optar por um fundo de renda fixa com crédito privado. A vantagem dos fundos de renda fixa – com ou sem crédito privado – é que, neles, o gestor acompanha esses movimentos, aplicando nos papéis mais interessantes naquele momento econômico, sejam eles pré ou pós-fixados.

Câmbio não é recomendado

Prevemos o dólar fechando o ano que vem num patamar semelhante ao atual, na casa de 1,80. Não recomendamos, portanto, posições em câmbio, a menos que seja para fazer hedge. Por exemplo, alguém que vá mandar o filho para fazer intercâmbio no exterior e já quer aplicar as reservas destinadas a essa viagem na moeda do país de destino, a fim de se proteger contra as oscilações cambiais.

Renda variável: foco no mercado interno

Muitos setores estão com o preço atrativo, mas há uma aversão geral ao risco que mantém o mau desempenho da bolsa. Tão logo essas incertezas diminuam, os investidores devem começar a voltar para a renda variável. Acreditamos que isso deve acontecer a partir do segundo semestre do ano que vem. A melhora, que deve ser antecipada pelo mercado, deve ocorrer daqui a um ano e meio ou dois. Então, para quem pode esperar pelo menos esse tempo, recomendamos começar a remontar as posições em bolsa, aos poucos, a partir de agora até o final do primeiro semestre de 2012. Não dá para precisar o cenário da bolsa no fim do ano que vem, mas acreditamos que ele será favorável, com o Ibovespa podendo chegar até os 65 mil pontos.

Acreditamos que os setores voltados para a economia doméstica se destacam, como varejo, bancos e infraestrutura – construção civil, logística e transporte aéreo, por exemplo – em razão dos gargalos brasileiros e das necessidades da Copa e das Olimpíadas. No setor exportador, achamos que o ambiente é favorável para as empresas voltadas aos mercados emergentes. Para aquelas dedicadas a atender países desenvolvidos, achamos que o cenário ainda é negativo.

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