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Bitcoin despenca 60% em sete meses, mas número de investidores cresce

Depois da febre, corretoras atraem perfis diferentes de clientes e têm planos de vender novas criptomoedas, como ethereum e litecoin

Bitcoin: Brasil tem 1,7 milhão de investidores cadastrados, mais que o dobro de pessoas físicas na Bolsa (Mark Blinch/Reuters)

Bitcoin: Brasil tem 1,7 milhão de investidores cadastrados, mais que o dobro de pessoas físicas na Bolsa (Mark Blinch/Reuters)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 20 de julho de 2018 às 05h00.

Última atualização em 20 de julho de 2018 às 05h00.

São Paulo - No fim do ano passado, o mundo viu o bitcoin ter uma ascensão meteórica. No Brasil, investidores curiosos tiraram seu dinheiro da poupança para comprar a criptomoeda. Sete meses depois, o preço do bitcoin despencou, mas o mercado cresce com novos entusiastas.   

Em 2017, o ativo disparou 1300% e chegou a ser vendido pelo preço histórico de 19,5 mil dólares (65 mil reais) em dezembro. Porém, desde o pico no fim do ano passado, o preço da criptomoeda caiu 60%.

A montanha russa assustou quem esperava ficar rico da noite para o dia. Por outro lado, atraiu novos investidores, que aproveitaram para comprar bitcoins por preços baixos, pensando no longo prazo. Resultado? O mercado amadureceu e teve saldo positivo.

Desde dezembro, o número de investidores de bitcoins no Brasil cresceu 40%. Nas três maiores corretoras de criptomoedas do país, responsáveis por cerca de 95% das transações, havia 1,2 milhão de cadastros em dezembro. Agora, são 1,7 milhão, mais que o dobro do número de investidores pessoas físicas da bolsa de valores brasileira. Vale observar que um investidor pode ter mais de um cadastro em diferentes corretoras. 

“Recebemos novos cadastros todos os dias, mesmo quando o mercado está ruim. Negociações de compra e venda acontecem o tempo todo”, diz o economista-chefe do Mercado Bitcoin, Luiz Calado.

A queda do preço afugentou investidores que não estavam preparados para tamanha volatilidade, mas também empolgou aqueles que conhecem a oscilação do mercado. Assim como o perfil dos investidores, o mercado também amadureceu, na visão do CEO da Foxbit, João Canhada.

“Nós e as maiores corretoras do mundo ficamos com o sistema fora do ar e fechamos cadastros, porque ninguém estava preparado para tanta demanda em poucos dias. Agora, no primeiro semestre, o mercado investiu em capacitação técnica e pessoal”, diz.

Febre do bitcoin no Brasil já passou

Apesar do número de investidores de bitcoins só crescer, a febre do investimento no Brasil já passou. No Google, de julho de 2017 até agora, houve um pico de buscas pela palavra “bitcoin” em dezembro, quando o preço da criptomoeda foi às alturas, mas o interesse dos brasileiros caiu logo em seguida. Agora, voltou ao patamar anterior, como mostra este gráfico do Google Trends.

(Google Trends/Reprodução)

Não tem jeito: o maior volume de novos cadastros e negociações acontece quando o bitcoin valoriza. Foi logo após o pico histórico no fim do ano passado que as corretoras bateram seus recordes.

Só em dezembro, a Foxbit negociou 1,5 bilhão de reais em bitcoins. Para se ter uma ideia, este ano, a corretora negociou, em média, 250 milhões de reais por mês. Já a Mercado Bitcoin cadastrou 200 mil novos usuários somente em janeiro, 20% do total de clientes desde 2011.

“O preço caiu e a febre passou, mas isso não significa que o mercado siga uma tendência negativa. Novos investidores aproveitam o potencial da desvalorização para encontrar oportunidades de negociação”, explica o especialista em criptomoedas do grupo XP, Fernando Ulrich.   

Vai e vem dos preços está longe do fim

A chance do bitcoin atingir um novo preço histórico em 2018 é mínima, pois o mercado está se acomodando e a criptomoeda não é mais novidade. Porém, o vai e vem dos preços ainda está longe do fim.

O preço do bitcoin está relativamente estável desde abril e voltou a subir nos últimos dias. Atualmente, beira 7,4 mil dólares (29 mil reais), mesmo valor de novembro de 2017, mês anterior ao pico.

A criptomoeda é naturalmente volátil, porque o mercado é novo e ainda não é regulado em muitos países do mundo – incluindo o Brasil. “Vai levar tempo para os investidores entenderem o real valor do bitcoin e para o ativo ter mais estabilidade”, explica Ulrich, do grupo XP.

A queda brusca no preço do bitcoin mostrou que o investimento é mais arriscado do que muita gente imaginava. Por isso, assim como acontece em momentos de baixa de investimentos tradicionais, quem comprou bitcoins por preços mais altos não deve vender as criptomoedas agora.

“Você só deve investir em um ativo tão volátil como o bitcoin se pensa em um horizonte longo, de três anos a cinco anos, e se tem dinheiro sobrando, que não vá comprometer sua poupança. Se for investir, compre aos poucos”, ensina o planejador financeiro Gustavo Cunha, sócio da Finlab e professor da B3.

Corretoras venderão ethereum e outras criptomoedas

À medida que o mercado de bitcoins se desenvolve, novas criptomoedas ganham fama, entre elas, o ethereum, o ripple e o litecoin. Segundo analistas, o bitcoin deve seguir como a criptomoeda dominante, porque tem mais liquidez no mercado. No entanto, novas criptomoedas esto no radar das corretoras brasileiras.

Ainda neste mês, a Bitcoin to You começará a vender mais nove criptomoedas em uma nova plataforma online, entre elas, ethereum, ripple, litecoin e dash.

A Foxbit venderá uma nova criptomoeda, ainda não divulgada, nos próximos dois meses, e pelo menos outras três até o final do ano. Também está nos planos do Mercado Bitcoin expandir sua carteira ainda em 2018.

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