BB: pela nova regra, só será possível usar o rotativo por um mês e, depois, a dívida deve ser transformada automaticamente em um financiamento com juros (Kenishirotie/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2017 às 17h18.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2017 às 17h24.
O que já não era simples agora vai ficar ainda mais complicado. É o que se pode esperar das mudanças no crédito rotativo dos cartões determinadas pelo governo e que entram em vigor em março.
Pela nova regra, só será possível usar o rotativo por um mês e, depois, a dívida deve ser transformada automaticamente em um financiamento com juros mais baixos.
Mas nenhum banco tinha ainda divulgado como a mudança ia funcionar na prática. Hoje, o Banco do Brasil anunciou como vai funcionar o sistema com seus cartões.
E o que se pode entender é que o processo vai ser bem difícil para o consumidor entender. E olhe que hoje as pessoas já se confundem com o que é pagamento mínimo, parcelamento mínimo e total da fatura.
Segundo o BB, primeiro banco grande a anunciar as novas regras, o sistema terá início previsto em 3 de abril e será válido para todos os cartões de pessoas físicas e jurídicas oferecidos pela instituição.
Com a mudança, explica o BB, a partir das faturas que vencem em 3 de maio, os clientes terão que, obrigatoriamente, liquidar o saldo remanescente da fatura anterior ou contratar um parcelamento. Ou seja, não será possível renovar o crédito rotativo.
Outra novidade refere-se ao valor pagamento mínimo da fatura. Aí é que a coisa complica. O mínimo passa a ser composto pelo saldo não pago da fatura anterior, se houver, somado aos encargos do rotativo, mais 15% do valor dos gastos do mês, mais o valor das parcelas de financiamentos de faturas anteriores, caso existam.
O banco deu um exemplo prático: uma pessoa que tenha uma fatura de cartão no valor de R$ 200 no início de abril e só pagar o mínimo (R$ 30, correspondente a 15% do valor total da fatura), deixará um saldo de R$ 170.
Se, no decorrer de abril, ela acumule mais R$ 50 em novos gastos e tenha uma parcela de financiamento de fatura anterior no valor de R$ 20, a fatura a vencer no início de maio terá o valor de R$ 240 mais os encargos do rotativo do mês anterior.
Neste caso, o total a ser obrigatoriamente pago a título de valor mínimo, no início maio, será equivalente a: R$ 170 (saldo que ficou em aberto do período anterior) acrescido de R$ 7,50 (considerando um pagamento mínimo de 15% dos gastos do mês) e do montante de encargos, mais o valor da parcela do financiamento de fatura já contratado, de R$ 20.
Segundo o BB, o cliente continuará a ter a opção de escolher a condição de parcelamento da fatura que preferir. Caso contrário, o parcelamento será feito automaticamente, em 24 meses, desde que haja pelo menos o pagamento de valor igual ou maior que o valor exigido como entrada.
O banco não explicou como será calculada essa “entrada”, mas deve ser a primeira prestação do novo financiamento.
O BB diz que, em janeiro, se antecipou e promoveu a redução de 4 pontos percentuais nas taxas de juros do crédito rotativo. As taxas atuais da linha de parcelamento da instituição estão entre 3,13% e 9,38% ao mês.
Mas não informou quais serão as taxas do financiamento de refinanciamento do rotativo, se essas ou outras.
Para o presidente do BB, Paulo Caffarelli, “as mudanças são fruto do diálogo entre o sistema financeiro e o governo federal e representam um importante passo para retomada da economia e a reorganização do orçamento das famílias”.
A complicação das mudanças é reconhecida indiretamente pelo próprio banco. Segundo o BB, a partir de março, o banco iniciará uma grande campanha para divulgação das medidas que serão implementadas em abril, tendo como objetivo principal facilitar ao máximo o entendimento das novas regras.
As agências e centrais de atendimento também passarão por treinamento e a instituição estuda outras formas de oferecer suporte aos clientes para esclarecimento de dúvidas.
Para Rogério Panca, diretor de Meios de Pagamento no BB, “a divulgação dessas mudanças à nossa base de portadores de forma eficiente exige toda a nossa atenção, e vamos dedicar um esforço maior ao público que se utiliza do crédito rotativo de forma regular.”
Texto publicado originalmente no portal Arena do Pavini.