Banco PAN: redução da inadimplência e das provisões no terceiro trimestre melhora resultado do banco (Banco PAN/Divulgação)
Marcelo Sakate
Publicado em 6 de novembro de 2020 às 06h10.
Pouco antes da pandemia, o Banco PAN acelerou a estratégia de digitalização de seu modelo de negócios. Com foco nas classes C, D e E, lançou uma conta digital completa que reforçou o apelo de sua plataforma digital para as concessões de crédito. Com a pandemia, esse processo ganhou ainda mais tração, com números impressionantes no trimestre encerrado em setembro: quase a totalidade (96% para ser mais exato) do crédito para a aquisição de veículos se deu por meio de canal digital; e 72% dos empréstimos consignados. No fim do ano passado, esses percentuais estavam em 33% e 29%, respectivamente.
O crédito originado para a compra de veículos atingiu a marca de 572 milhões de reais no trimestre, o que representou um crescimento de 61% em relação aos três meses anteriores e de 24% na comparação anual.
"Temos ótimas perspectivas de crescimento. O banco digital está ganhando escala rapidamente e a conta digital completa é um produto que nos ajuda a aumentar o cross sell (venda cruzada) e o up sell (venda de produtos mais sofisticados) de produtos e a estreitar o relacionamento com os clientes", afirmou Carlos Eduardo Guimarães, presidente do PAN (que é controlado pelo BTG Pactual, da mesma holding da EXAME).
O banco apresentou crescimento e melhoria em diferentes indicadores. A rentabilidade medida pelo ROE (retorno sobre o patrimônio) subiu de 19,9% em junho para 21,5% em setembro, embora ainda estivesse abaixo acima do patamar um ano antes (23,4%).
O lucro líquido aumentou 26% na comparação anual, para 170 milhões de reais, enquanto a originação de crédito atingiu o valor recorde de 2,3 bilhões de reais na média mensal do trimestre -- uma alta anual de 29%.
"Nós sabemos como tem valor estar próximo do cliente por meio do aplicativo. O potencial de vender um produto por meio do aplicativo é muito grande. É um investimento que fazemos para a maior diversificação (das receitas), para que possamos colher os frutos especialmente a partir do ano que vem", disse o executivo à EXAME.
Os mercados de empréstimo via cartões de crédito e para a compra de veículos, que haviam sido impactados pela pandemia, voltaram para níveis acima ao que estavam antes da pandemia. "A falta de acesso a crédito ainda é muito grande no país", disse o executivo.
A estratégia passa também por ampliar os canais de distribuição, que vão da rede física com mais de 15.000 lojas multimarcas de veículos e motos e cerca de 800 correspondentes bancários até parcerias com empresas que, por exemplo, podem originar cartões de crédito para o Pan -- é o caso da Méliuz, de cashback, e do e-commerce de sapatos Dafiti.
"Ainda temos muito espaço para crescer. Essa é parte da graça do modelo digital. Podemos ganhar muita escala para produzir mais do que temos hoje", afirmou Guimarães.
Guimarães também explicou a queda da inadimplência de 7% para 6,7% no trimestre em casos de atrasos de pagamento superiores a 90 dias: o equivalente a 94% da carteira de crédito tem alguma espécie de garantia em caso de inadimplência, seja por meio de empréstimos consignados com servidores federais (com o salário servindo como garantia) ou para a compra de carro, em que este é dado como colateral.
No caso de empréstimos com atrasos de pagamentos acima de 15 dias até 90 dias, o índice caiu de 8,9% ao fim de junho para 7,3% ao fim de setembro, o que representou a menor taxa desde 2017.
Além disso, o presidente do PAN conta que apenas 1% da carteira de crédito do banco teve suspensão de pagamento das parcelas por causa da pandemia, uma medida que outros bancos adotaram para linhas como as do crédito imobiliário. A retomada das cobranças levou a um aumento dos atrasos de 15 a 90 dias em outros bancos.
"No fim do segundo trimestre, já tínhamos indicadores claros que mostravam a redução da inadimplência, principalmente em (crédito para) veículos. E agora esses números foram corroborados no terceiro trimestre", disse o executivo.
Segundo ele, apenas uma "parcela pequena" dos clientes que tomaram crédito para a aquisição de veículos é beneficiária do auxílio-emergencial, o que limita o potencial de impacto negativo em caso de fim do programa emergencial no próximo ano.