Real mudou a forma de consumir, investir e lidar com a inflação (Bruno Domingos/Reuters)
Redação Exame
Publicado em 12 de julho de 2012 às 15h51.
Última atualização em 14 de junho de 2024 às 17h45.
São Paulo - O Real completou 18 anos neste mês, e desde que a economia se estabilizou, muita coisa mudou. Não só na relação do brasileiro com o consumo, mas também na forma de investir. Se antes do Plano Real bastava perguntar ao gerente do banco qual aplicação de renda fixa estava rendendo mais - e os títulos do governo eram ativos arriscados e rentáveis - hoje em dia a renda fixa vem perdendo a atratividade com um ciclo de queda na taxa Selic nunca antes visto.
Até o Real estrear em 1994, a inflação brasileira costumava atingir os três ou quatro dígitos anualmente. Em 1993, o indicador quase bateu os 2.500%. Assim que recebiam o salário, os brasileiros corriam para os supermercados e compravam o máximo de alimentos que podiam ser estocados, uma vez que no dia seguinte tudo estaria bem mais caro.
A estabilização trazida pelo Plano Real, elaborado ainda em 1993, no Governo Itamar Franco, baseou-se, entre outras coisas, em controle de gastos públicos, na recuperação da receita tributária, na privatização de estatais e na criação da Unidade Real de Valor (URV), que posteriormente seria substituída por uma nova moeda - o Real. Estava prevista ainda uma continuação do plano de abertura da economia brasilieira.
A implantação do Real, em julho de 1994, foi apenas a última fase do Plano. Em 1996, a inflação brasileira finalmente atingiu apenas um dígito. Isto significou uma mudança radical na forma de investir.
"Você depositava o teu salário, tua renda naquilo que rendia mais e ponto final. Dali a uma semana, ou dali a um mês, você iria revisitar os seus investimentos. Hoje em dia você não pode fazer isso, porque muito da rentabilidade era na verdade uma reposição inflacionária", diz o consultor financeiro e gerente geral do Instituto Nacional dos Investidores (INI) Mauro Calil.
Mesmo com a estabilização da inflação, a renda fixa continuou a ser a aplicação mais rentável. O CDI, taxa de juros interbancária baseada na taxa Selic, foi o indicador que teve a maior alta nos últimos 18 anos, segundo estudo da Economatica. O CDI baliza aplicações de renda fixa privada como os CDBs e é numericamente quase igual à Selic, que rege títulos públicos chamados LFTs, nos quais se pode investir diretamente ou via fundos de renda fixa.
Porém, ao chegar aos 8,0%, a Selic atingiu seu mais baixo patamar de toda a história. Para que isso fosse possível, o governo teve que mexer na rentabilidade da poupança, que deixou de ser fixa. Ou seja, até a boa e velha caderneta de poupança está vendo uma rentabilidade mais baixa.
A inflação, por sua vez, embora esteja controlada e bem mais baixa do que antes do Plano Real, ainda pode ser considerada alta. Ou seja, o investidor precisa ficar alerta, pois a rentabilidade das aplicações mais conservadoras pode ter um ganho real muito aquém dos seus objetivos.
Veja no vídeo abaixo o que mudou na sua forma de investir e de lidar com juros e inflação desde a implantação do Plano Real:
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