As taxas dos contratos que vencem em janeiro de 2017 estavam hoje em 16,55% ao ano (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2015 às 18h30.
São Paulo - A disparada das taxas futuras de juros deve elevar as taxas dos empréstimos nos bancos e reduzir a oferta de crédito na economia, agravando ainda mais a recessão.
Hoje, os contratos futuros DI na BM&FBovespa com vencimentos entre 2016 e 2023 bateram seus limites de oscilação estabelecidos pela bolsa, com os juros mais longos próximos de 17% ao ano, cerca de 3 pontos acima das taxas de um mês atrás.
A expectativa é de diretores de bancos e executivos de mercado, impressionados com a forte e rápida deterioração dos fundamentos dos mercados.
“Os juros vão subir bastante, os bancos vão segurar o crédito e haverá altos índices de inadimplência, com muita gente quebrando”, diz um ex-diretor de banco, que pediu para não ter seu nome citado.
Juro de 17% até 2019
As taxas dos contratos que vencem em janeiro de 2017 estavam hoje em 16,55% ao ano. Até 2018, o juro era de 16,92% e, até janeiro de 2019, em 17,02% ao ano.
Há um mês, essas mesmas taxas estavam em 13,86%, 13,67% e 13,75% ao ano, respectivamente, em 21 de agosto.
Essa diferença de 3 pontos percentuais será repassada para os empréstimos e acrescida de outros custos, como um adicional por um provável aumento da inadimplência.
Para 2023, a taxa futura atingiu 16,92% ao ano, ante 13,85% em agosto.
O aumento dos juros levará ainda os bancos a evitar a concessão de empréstimos no curto prazo, uma vez que, com juros maiores e a incerteza na economia, o risco de levar um calote será muito maior.
Empresas menores e pessoas físicas serão as mais prejudicadas, pois são também os maiores riscos.
Empréstimos sem garantia também vão ser mais difíceis de se obter e, quando saírem, terão custo bem mais elevado para compensar o risco de inadimplência.
“Todo mundo está sendo mais conservador, com pouca coragem para emprestar e assumir riscos”, diz o diretor de um banco de médio porte, que diz que essa alta dos juros “vai direto para o crédito”.
“Há poucas empresas com baixo risco de crédito e todo mundo só quer emprestar para elas, então a oferta de crédito fica muito restrita”, explica.
A retração do crédito, alerta, terá impacto no crescimento econômico não só deste ano, como do ano que vem também. ”O momento para os bancos é de proteger o capital, não tentar ganhar mais”, conclui.
O ideal é que empresas e pessoas físicas evitem ao máximo ter de recorrer a crédito nos próximos meses, pelo risco de pagar muito mais caro pelo dinheiro e comprometer o orçamento.
Compras financiadas também devem ser evitadas, assim como a rolagem de cartões de crédito, que têm os juros mais altos do mercado, e o uso do cheque especial, o segundo mais caro.