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Aumento do preço de imóveis deve ter "freio" em 2023, dizem especialistas

Alta dos juros, com reflexos no financiamento imobiliário, e a inflação em geral foram considerados os principais vilões em 2022

Próximo ano deve haver aumento de preços, mas em escala menor (Leandro Fonseca/Exame)

Próximo ano deve haver aumento de preços, mas em escala menor (Leandro Fonseca/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de dezembro de 2022 às 09h25.

Última atualização em 25 de dezembro de 2022 às 09h26.

O preço dos imóveis residenciais deve evoluir de forma mais moderada em 2023 após a boa valorização registrada neste ano. A visão de analistas e empresários é de que os preços devem subir no ritmo da inflação. "Dificilmente os aumentos de preços de 2022 vão se repetir em 2023. Deve haver algum aumento, mas numa escala menor", disse o coordenador do curso de negócios imobiliários da Fundação Getulio Vargas (FGV), Alberto Ajzental.

Entre os vilões, segundo ele, estão a alta dos juros - que se reflete no financiamento imobiliário - e também a inflação em geral. "Vimos uma inflação alta no País, mas os salários não subiram da mesma forma. E a taxa de juros do financiamento não deve cair tão cedo. A saída para o consumidor vai ser escolher um imóvel menor ou em área mais distante", diz o especialista da FGV.

Há também o peso das incertezas sobre os rumos do País com a troca de governo. "O momento é de precaução", disse Alison Pablo Oliveira, coordenador da pesquisa de preços de imóveis da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). "No frigir dos ovos, a perspectiva é de alguma estabilidade nos preços, em linha com a inflação. Não esperamos um mercado muito pujante."

Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), baseados nos laudos de avaliação de imóveis novos e usados comercializados com financiamento bancário, mostram alta média de preços de 14,7% nos 12 meses encerrados em outubro, em dez capitais.

Outra pesquisa aponta um crescimento mais brando, de 6,34% no mesmo período, mas também superando a inflação de 5,9% medida pelo IPCA. Esse levantamento é da Fipe a partir dos anúncios de imóveis predominantemente usados. A base abrange 50 cidades. A pesquisa da Fipe costuma ter oscilação menor porque os imóveis usados são reajustados em ritmo mais lento. Já unidades na planta, em obras ou recém-construídas recebem repasse automático de custos das construtoras.

MARGENS

Apesar do desempenho de 2022, o mercado diz estar com margens espremidas. "O mercado não conseguiu repassar aos preços de forma tão abrupta o aumento do custo dos insumos nos últimos trimestres", disse o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Rodrigo Luna. "As empresas ainda têm necessidade de buscar a recomposição."

De toda forma, o desempenho do setor não pode ser considerado ruim. "Os preços das residências continuam a apresentar evolução positiva. Há pouco espaço para que a tendência se esgote no curto e médio prazo, já que os custos de reposição estão em alta mesmo com a desaceleração da inflação", disse o analista do Bradesco BBI, Bruno Mendonça. Só quando o limite de poder de compra do consumidor for atingido é que os preços devem começar a baixar, diz o analista.

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